Para uma moderna hermenêutica bíblica é necessário estar ciente de dois princípios fundamentais, de que Deus não muda e que a Sua Palavra só pode ser interpretada por revelação.
Quando o Evangelho foi anunciado pelos lábios de Jesus, outra coisa não falou senão o Reino de Deus. Recordo-me que quando fui presente à Junta da “Apostolic Faith Mission”, para ser avaliado à cerca da minha fé uma única pergunta foi formulada:
– Que conselho daria a um jovem pastor?
Nesta breve e simples sentença, na presença de muitos pastores experimentados, entendi que a pergunta não era simplista e poderia naturalmente enredar-me com as minhas palavras e perante o olhar de quem procura saber o que me ia no íntimo, respondi:
Que o novo pastor deveria pregar e viver os ensinamentos do Reino de Deus. Afirmei que segundo o meu entendimento Deus e a Sua Palavra não mudam e no entanto, mudam os homens.
Um exemplo clássico é que quando Josué pediu a Deus que o sol parasse a fim de lhe permitir acabar a batalha, a Bíblia diz que o sol parou e todos sabemos que quem gira à volta do sol é a terra. O conhecimento de Josué sobre o sol e a terra é que estavam errados. Nesta breve, moderna hermenêutica bíblica compreendemos que Deus nos fala de acordo com o conhecimento que nós temos das coisas.
Os primeiros onze capítulos do Livro de Gênesis narram o princípio da criação de todas as coisas, da Torre de Babel e do Diluvio. Estes três acontecimentos foram interpretados, ao longo da história do homem das mais diversas maneiras. Consideremos, como exemplo, a Torre de Babel. Segundo as Escrituras o povo da terra era de uma só língua e todos estavam unânimes em construir uma torre que chegasse até aos céus e isto para tornar célebres os homens da terra. Deus quando ouviu à cerca deste desígnio ficou perturbado e decidiu descer à terra para impedir o desígnio dos homens e para isto confundiu-lhes a língua e os espalhou pela face da terra.
Ainda hoje nas escolas dominicais, seminários e institutos bíblicos são ensinados literalmente os factos de acordo com a descrição. Seria uma grande ingenuidade acreditar que os homens pudessem construir a Torre que tocasse nos céus e também que Deus se tivesse perturbado com a afronta dos homens.
Na verdade, estamos perante uma narrativa alegórica em que certos princípios nos são ensinados a fim de que nos seja revelado ao coração o Reino de Deus. Encontramos também nos Evangelhos certas curas que Jesus realizou, expulsando os espíritos da surdez, da mudez, lepra e da epilepsia. Temos alguma dificuldade em admitir no século XXI de que todas estas enfermidades são o resultado de demónios.
Não pretendo aqui discutir a virtude e o poder de Deus nas curas que o Senhor Jesus realizou e sim a compreensão que os homens tinham no primeiro século à cerca de que todos os males eram obra de demônios.
Um outro aspecto a considerar para uma moderna hermenêutica bíblica que muito tem dividido as igrejas tem a ver com a interpretação da Ceia do Senhor. Comer o Corpo e beber o Sangue de Jesus foi chamado um discurso duro e num só momento, da multidão que rodeava o Senhor Jesus só ficaram os que Ele quiz e destes é de admitir alguma perplexidade.
Creio ser urgente reevangelizar a Europa, os Estados Unidos com uma moderna hermenêutica bíblica, onde muitos naufragaram na fé, devido aos factos aqui apresentados. A minha oração é para que se levante, entre os leitores tementes a Deus, uma contribuição para um melhor esclarecimento de uma moderna hermenêutica bíblica.
Fraternalmente,
casal com uma missão
Amilcar e Isabel Rodrigues