Então existem evangélicos favoráveis à violência?
Recentemente Maria do Rosário da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República mostrou-se bastante indignada com a morte de um ativista gay em Pernambuco. Até aí, nenhuma novidade. Quem de sã consciência vai regozijar-se do assassinato de uma pessoa?
Todavia a indignação da Ministra teve um ingrediente a mais: as autoridades de Pernambuco, após investigação, não relacionaram o assassinato ao tal crime de “homofobia”, mas a latrocínio (roubo seguido de morte). Aliás, dos 30 gays assassinados em Pernambuco, nenhuma morte teve motivação ‘homofóbica’ conforme informaram autoridades do estado.
Cá pra nós, a Ministra queria, porventura, que houvesse um arranjo no curso das investigações, a fim de caracterizar que a causa mortis do ativista foi motivada por ódio e não por latrocínio?
Poupe-nos, por favor, de tamanho insulto!
Se todas as mortes de gays, mesmo que sejam por crimes de ‘amor’ entre eles (crime passional) ou por envolvimento com drogas ou mesmo por brigas de trânsito devem ser caracterizadas por ‘homofobia’ porque alguns querem que assim seja, para que há investigação, se estão acima da lei?
Ademais, a dupla indignação pública da Ministra, o assassinato do ativista gay somado ao resultado das investigações, não ocorre em relação a centenas de mortes semanais de cidadãos heterossexuais, Brasil afora. Ou será que os heteros não são humanos, a ponto de não obterem especial atenção quando da ocorrência de homicídios. Hein, senhora Ministra dos Direitos Humanos!
A trágica ocorrência, aliada à revolta, em dose dupla, de Maria do Rosário (a primeira compreensível, mas a segunda repulsiva) fez com que a Ministra não perdesse tempo em levantar a bandeira do abominável PLC 122 – conhecido pelos defensores da agenda gay como “lei da homofobia” e pelos defensores das liberdades de expressão e de culto como “lei da mordaça”.
Daí surge então a frase, com teor subliminar, de Maria do Rosário:
“- Vou me empenhar pessoalmente para aprovar o projeto 122, dos crimes homofóbicos, seja aprovado. Vou fazer um acordo com os setores evangélicos que são contra a violência. Assim como enfrentamos os crimes raciais, os crimes contra a mulher, devemos ter uma lei que puna os crimes homofóbicos. Não se pode desconhecer como cidadãs brasileiras as pessoas que são homossexuais – disse a ministra”.
Por que subliminar?
Bem se existe, segundo a Ministra, setores evangélicos que são contra a violência, pela lógica da frase, há então setores evangélicos favoráveis à violência.
Com tais palavras estaria a Ministra sugerindo que aqueles que são contrários ao PLC 122, são defensores do assassinato de gays?
Em defesa obcecada do PLC 122, vai Maria do Rosário passar à opinião pública que devido a grupos evangélicos ‘defensores da morte de gays‘ o Projeto não consegue andar, e por conseguinte mais e mais gays vão continuar sendo assassinados?
Mais uma vez haverá uma campanha de ‘satanização’ dos cidadãos evangélicos simplesmente por serem contrários a um funesto Projeto de Lei?
Foi justamente essa senhora que de maneira ‘calma, serena e tranquila’ e aos gritos de ‘isso é um absurdo’ jogou um livro no chão durante um embate com o deputado federal Jair Bolsonaro. O deputado chamou-a de ‘vagabunda’, pois disse que foi chamado por ela de ‘estuprador’. É evidente que nós não vamos usar adjetivos similares direcionados à Ministra. Apenas exigimos total respeito.
Devemos estar com os olhos bem abertos e ouvidos bem atentos a cada atitude e palavra dessa senhora que certamente . Holofote nela!
Aproveitando que o assunto é PLC 122 …
É bom que se evidencie que esse famigerado e inconstitucional Projeto de Lei havia sido arquivado no fim de 2010.
No início de 2011, após ser eleita senadora, Marta Suplicy (PT/SP) recolheu entre os senadores 27 assinaturas para o desarquivamento do Projeto. Conseguiu desarquivá-lo.
Um dos senadores que assinou o requerimento foi Lindbergh Farias (PT/RJ).
Por que citar Lindbergh?
Lindbergh Farias é possível e forte candidato ao governo do estado do Rio em 2014. Já teria, inclusive, o aval de Lula (este manda e desmanda).
Mas não fica por aí.
O senador petista – que também já se mostrou favorável que o Brasil discuta o aborto – tem se aproximado de eminentes lideranças evangélicas do Rio de Janeiro.
Foi em abril de 2012 à tribuna do Senado defender o pr. Silas Malafaia devido as ações da ABGLT contra o pastor.
Dirigiu-se à IMPD prestar solidariedade ao Apóstolo Valdemiro Santiago, após denúncias contra ele veiculadas pela Rede Record em abril de 2012.
Participou da Marcha Para Jesus no Rio de Janeiro a convite do COMERJ.
Lindbergh também recebeu o apoio do missionário RR Soares, em 2010, quando foi candidato ao Senado Federal.
Segundo a colunista Mônica Bérgamo do Folha de São Paulo, Silas Malafaia vai apoiar o senador Lindbergh Farias ao governo do Rio em 2014.
Ou seja, em 2014 tudo indica que uma coalizão cristã irá se engajar para elevar o PT ao governo do estado do Rio, assim como fizeram em 2002, quando “tiraram o demônio” do PT e elevaram-no ao poder da Nação.
Pelo andar da carruagem, a partir de 2013 Lindbergh deverá aumentar sua presença em grandes eventos cristãos no Rio e quiçá “converter-se” como fez Gilberto Kassab, às vésperas das eleições de 2008 (depois seus assessores disseram que foi um ato simbólico. Faltaram completar a frase: “para enganar a crentaiada”).
Que Deus nos socorra e que sejamos sóbrios e sensatos em nossas opções políticas!