Gostaria, com relação ao artigo “Júlio Severo e temas relacionados”, ponderar alguns pontos necessários, de modo a dissipar qualquer dúvida.
1. Não defendo o uso da maconha, mas novas formas de combate ao entorpecente. Ao longo das décadas governos têm gasto milhões de dólares no combate ao tráfico e o resultado tem sido pífio, vazio. Acredito que a forma de combate tem de mudar. Não proponho a regulamentação, portanto, por acreditar no direito de qualquer cidadão consumir o entorpecente, mas para criar meios de combate que exija menos mortes, menos gasto público sem resultado. A juventude, hoje, não está envolvida com drogas? A repressão policial tem funcionado? Quais são os resultados obtidos pelos Estados Unidos?
2. Ao mesmo tempo em que defendo aspectos positivos de Cuba e Venezuela, faço reiteradas referências ao colapso da democracia nestes países, ao erro do populismo, do assistencialismo em seus governos, dizendo que são “elementos que enfraquecem uma sociedade, que a torna extremamente dependente do Estado”, e acrescento: “o ideal é o estado reduzido, que dê condições técnicas, logísticas, para que um país cresça, produza riquezas”. É uma defesa ao socialismo?
3. Ao mesmo tempo, com referência à Cuba, faço também outra ressalva: “São méritos, devemos reconhecer, mas o ideal mesmo é que a ilha se abra ao mundo, permita aos seus cidadãos que tenham acesso aos bens produzidos por outros países, pensem por si mesmos”. Veja, sou a favor da “abertura da ilha ao mercado mundial”, à “liberdade de expressão”. São princípios de um “esquerdista”? Ao me referir ao Estado de bem-estar social estou me rotulando de “esquerdista”? São princípios democráticos, inspirados nos países escandinavos. Será que os amigos leitores pelo menos pararam para pesquisar sobre o que é o Estado de bem-estar social? Sugiro uma leitura da definição oferecida pela Wikipedia – http://pt.wikipedia.org/wiki/Estado_de_bem-estar_social.
4. Declaro ser a favor de um novo sistema econômico com base em aspectos positivos do capitalismo e do socialismo. Quando falo por “justiça social”, “igualdade”, “proteção aos oprimidos” estou sendo o mais sincero possível. Nos baseamos na democracia escandinava. Afirmamos que exemplos de tecnologia, de mobilidade, de acesso à educação são modelos a serem seguidos. Ao mesmo tempo, ao propor a criação de um novo sistema, excluo o socialismo totalitário da Coreia do Norte, da ex-URSS, da China e também de Cuba, principalmente ao afirmar de que “sou a favor de que a ausência de democracia é o grande erro pós 1959” (falando com referência a Cuba).
5. Reitero os erros cometidos pelos EUA, desde quando das ogivas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki (1945), do massacre de civis em guerras recentes do Iraque e do Afeganistão. Quantas milhões de pessoas foram mortas pela política externa americana? Que dizer ainda do cerceamento à liberdade de mobilidade e de defesa imposta aos presos no campo de concentração da Baía de Guantánamo? Que diremos ainda dos pobres dos guetos de Nova Iorque, do Sul, de Nova Orleans, da periferia da São Francisco? Que dizer ainda do sistema de saúde? São o que chamo de “aspectos negativos das mãos de Washington”, mas novamente reitero os aspectos positivos dos EUA, como as claras contribuições acadêmicas, científicas, tecnológicos, que possibilitaram aos países subdesenvolvidos terem acesso a novas tecnologias. É preciso separar as coisas!
6. Quando nos referimos ao “estado reduzido” (em resposta aos erros cometidos na Venezuela) oferecemos uma análise marxista, esquerdista? Faço referência ao estado não centralizador, não interventor na regulação do mercado, ao peso tributário característico dos países latino-americanos. Estado reduzido e a não totalidade do Estado, e cito o exemplo americano como positivo: a baixa carga tributária, a federalização etc. A Unicamp nos oferece uma ótima definição de o Estado minimo – http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/glossario/verb_c_estado_minimo.htm
7. Com referência ao blogueiro Julio Severo afirmamos haver uma nítida contradição de alguém que postula defender a família e, ao mesmo tempo, dar apoio ao deputado Jair Bolsonaro, um claro defensor de práticas de tortura, do rebaixamento do papel da mulher na sociedade, à jornalista do SBT Rachel Sheherazade, que recentemente veio à público incitar à violência, ao linchamento. São exemplos de moralidade? De preservação dos Direitos Humanos, das Constituições? Como alguém como o Severo que, anteriormente condenava à Rússia, agora se põe contra à revolução desencadeada na Ucrânia, em uma clara defesa da nova “moralidade” russa? Entende? Estamos diante de uma situação de grave crise moral, ética, fundamentalista. A verdade logo virá à público.
8. A importância de o Estado de Direito, de a liberdade de expressão, é o poder opinar sobre diversos temas da sociedade. Meios de comunicação como a Folha de São Paulo são exemplos de democracia, por permitir que diversos pontos de vista sobre um mesmo assunto sejam impressos diariamente. Respeito a liberdade de expressão do Tiago, mas mantenho minha posição enquanto analista de fenômenos sociais, enquanto contribuinte de novas análises e textos com profundidade.