Embora Deus tenha nos feito seres essencialmente relacionais, parece que o pecado nos vacinou contra qualquer possibilidade de uma relação de amizade ultrapassar limites politicamente corretos. Sabe aquele amigo que em uma briga de bar vai pra porrada com outras vinte pessoas só pra salvar seu pescoço? Isso só acontece se vocês fizerem parte de algum grupo de pitboys retardados. Pessoas normais preferem não se envolver demais.
O ensino de que a vida com Deus foi feita pra ser vivida juntos é absolutamente correto. Mas o quão juntos iremos viver é um mistério desconhecido nesse oceano chamado amizade. Todo novo convertido precisa encontrar um grupo. Um lugar para se sentir parte, amigos para chamar de seus. Não é incomum transitar ao longo da jornada em diferentes grupos. E assim nosso caráter cristão vai sendo moldado pelas pessoas que estão sendo usadas por Deus ao nosso redor.
Teologicamente a situação é muito semelhante. Nascemos meio que pentecostais, com a fé nas infinitas possibilidades daquilo que Deus pode e quer fazer em nossa vida. Mas à medida que nos aprofundamos no conhecimento das Escrituras, nossa fé torna-se mais racional e reformada. E isto é muito bom, pois a fé torna-se inabalável. O problema é quando surgem as crises. Ou seja, quando descobrimos que o grupo em que estamos é composto por completos idiotas que, na verdade, são tão estúpidos, ignorantes e interesseiros quanto os do grupo anterior a que você pertenceu.
O problema está no ser humano e não na sua teologia.
Já pertenci a muitos “movimentos”, mas hoje me sinto só. Não é bem uma questão de escolha, mas de consciência. Estou do lado de Deus, mas não estou do lado de homens. É triste pensar assim, mas Deus é o único que ainda nos defende nas brigas de bar.
Se você ainda não viveu esta crise cíclica, então ainda é apenas um bebê na fé.
Se já aprendeu que tudo isso faz parte da jornada, então seja bem vindo ao mundo real.