Sabendo que o Evangelho não é deste mundo, o que o faz portanto alienígena no meio de nossa cultura, como então faria sentido defender a manutenção de uma cultura cristã?
Os ensinamentos de Jesus possuem um caráter revolucionário na aplicação. Mais de 1000 anos em posse das Escrituras não permitiram que o povo escolhido percebesse que o propósito da lei mosaica era exatamente apontar para impossibilidade de salvação por meio de esforço. A graça é evidente na vida de todos os grandes homens de Deus do Antigo Testamento, os anti-heróis de um mundo real.
Curiosamente toda tentativa de se purificar a cultura humana para “agradar a Deus” tem um pé na antiga Lei. Tudo se trata da velha rotina de não ejacular ou menstruar produção intelectual, pois se não for feito da maneira correta, torna tudo IMPURO.
Porém este resgate da percepção da cultura a partir da Lei é a coisa mais estúpida que nossa religiosidade criou. Cristianismo não é cultura, mas contracultura. Ele rema contra a maré em qualquer rio ou oceano. Aponta para um caminho que é impossível de ser percorrido, a não ser que o homem perceba sua desgraça e de joelhos reconheça que o negócio chama “graça” porque é “de graça”.
A cultura é o meio de tradução do Evangelho alienígena ao ser humano.
Sim, toda cultura pode ser redimida através da ética cristã. Podemos frequentar os lugares mais “profanos” sem nos corrompermos com eles, assim como Cristo o fez. Podemos transformar os bares em redutos da boa teologia, assim como fizeram nossos irmãos reformadores.
Assim sendo, nada que for chamado de “gospel”, tem serventia. Paulo insistiu que, não havendo quem traduzisse essas línguas desconhecidas da cultura, melhor que o emissor de tais conceitos permaneça calado.
Explicar o Reino através de jargões incompreensíveis é moleza. Quero ver falar na língua do povo, do morador de rua, dos loucos e das putas.
Ariovaldo Jr
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