A tempos atrás escrevi um artigo sobre a incoerente vida cristã praticada por muitos evangélicos, e hoje na data em que comemoramos a reforma protestante, achei pertinente reapresentá-lo para nossa reflexão, enquanto integrantes da igreja evangélica brasileira.
Então, vamos lá.
Em um país em que ser evangélico tornou-se moda; onde ser protestante é não opor-se a quase nada e é ser igual a todo mundo; em que pregar o evangelho é difundir uma mensagem descaradamente tolerante ao pecado em nome de um amor mais libertino que cristão; onde as modernas serpentes de metal inspiram cultos de idolatria nos púlpitos e eventos das igrejas-show ou das igrejas-bençãos, onde tudo é regado a muitas ofertas e contribuições. Instituições cambaleantes em seu egoísmo eclesiástico escandalizam a fé cristã e prendem à descrença os de fora por conta de roubos, crimes e fraudes. O que nos resta frente a esse quadro aterrador e decepcionante do gospelismo brasileiro que mais escandaliza do que evangeliza?
E como se não bastasse, mesmo numa democracia como forma de governo político; ainda existem líderes religiosos que transformaram-se em imperadores, ao que parece de uma Roma eclesiástica (a igreja de Cristo não pode ser governada por políticas humanas). É fato que ocorrem assassinatos ministeriais, armações de uma política eclesiástica interesseira e corrupta, rolam subornos vexatórios, promovem perseguições por medo de não manterem-se no poder e movem muitas ações judiciais entre os próprios pastores. Para tristeza nossa, alguns desses líderes que assimilam pastorados, política e trapaças ao mesmo tempo estão confirmando as previsões de cientistas políticos que esperam que os evangélicos do Brasil sejam usados como massa de manobra e como palanque social para discursos conservadores apenas com intenções eleitoreiras. Frente a este triste panorama da igreja brasileira chegamos a real conclusão: Precisamos também de uma reforma no protestantismo e também na igreja evangélica brasileira!
A resposta é muito mais ampla e complexa do que eu gostaria que fosse. Pois se concordarmos que sim, seu detalhamento e prática exigirão a derrubada de regimes e estruturas políticas e comerciais dentro da própria igreja cristã brasileira; precisará aniquilar o poder camaleônico das mentiras que enfraqueceram o valor teológico e bíblico da verdade no seio da igreja nacional; sistemas arcaicos de gestão terão que ser implodidos, coronéis e latifúndios eclesiológicos deverão ser expulsos e desfeitos pela ação do bom senso cristão. As fortalezas da impiedade com suas vestimentas de piedade há muito tempo imperam neste cristianismo envenenado pela ganância e astúcia de homens amantes de si mesmos. Mas, tal resposta precisa de um milagre de Deus para se expressar e se consolidar de fato na vida deste vacilante perfil evangélico do século XXI.
Nossa cultura cristã ocidentalizada desenvolveu um comportamento cômodo que repele protestos; um doutrinamento de submissão inquestionável nos tornou vítimas, nos fez cegos e incapazes de pensar a que evangelho estamos seguindo. O mundo gospel absorve o mundano para a igreja sem nenhum problema e iludidos por pregações de renovação, nos entregamos a inovações que só atestam a ausência do Espírito Santo. Para a grande maioria está muito bom do modo que nos encontramos, e desviado está aquele que pensa o contrário. Crentes que são vítimas da própria letargia e falta de atitude de se posicionarem por meio da Palavra de Deus. A falta de oração e de reflexão bíblica desenvolveu crentes que ouvem todas as vozes menos a de Deus. Essa insensibilidade espiritual não permite sentir que já passamos da hora de uma transformação para este cristianismo reformado e nada mudado!
O grande problema para a chegada de um avivamento para a igreja evangélica brasileira – e só um reavivamento pode mudar os rumos que tomamos – são as denominações de protestantes, crentes e evangélicos deste país. Desculpem-me os irmãos, mas nenhuma denominação escapa dessa verdade – estão se omitindo da responsabilidade e ignorando a realidade escancarada da existência de uma pomposa igreja de Laodicéia com filiais e adeptos instalados em todos os nossos templos e reuniões. Falta-nos zelo pelas coisas de Deus, falta-nos prioridade para o Seu reino, falta-nos foco para o centro de sua vontade e isso cega e mata espiritualmente.
Combatamos a escarnecedora e licenciosa Laodicéia que extermina os bons costumes de crente salvo, que despreza a palavra e ojeriza santidade, que profana o sagrado, que constrói bases políticas entre pastores, que endeusa pregadores, que consagra a idolatria gospel, que glorifica cantores afortunados, que mercantiliza a fé, que converte o culto em modismos e as pregações em cismas de heresia. A reforma precisa começar com você, na sua família, na vizinhança, na igreja e em todos os seus relacionamentos. Seu protesto é contra um sistema de mentiras orquestrado pelo príncipe das trevas que muita das vezes tem seus ideais maléficos exemplificados dentro de nossas igrejas protestantes e evangélicas. Quero ver quem tem coragem para protestar!