Nesse artigo, faço uma simples análise, a partir de algumas considerações de um texto do reverendo Hernandes dias Lopes intitulado Como lidar com o drama da depressão.
A finalidade é esclarecer alguns abusos cometidos por ”líderes blogueiros” – sem igreja e sem pastor – que usam a Bíblia de forma fanática, equivocada, para oprimir e desconstruir profissionais de psicologia (no caso, eu) e muitos outros psicólogos e psicanalistas sérios, muitos destes cristãos verdadeiros, que lutam para colaborar com líderes que se importam, no tratamento, controle e cura de transtornos mentais. Sim, existem psicólogos cristãos, que são dedicados à Igreja, e eu faço parte desse grupo e luto pelo reconhecimento da psicologia cristã que oferece conhecimento técnico e teórico para a Igreja, respeitando a Bíblia, e nossa fé. No meu caso, sou teóloga, larguei por 2 anos da psicologia, fui fazer teologia, e retornei após concluir.
Para entendimento, vou usar algumas falas de um pastor renomado, e analisar de forma clara e objetiva a verdade sobre a depressão, esperando contribuir, e libertar você, que sofre para ter o tratamento correto, e repudiar a ignorância de fanáticos malcriados de plantão (fanatismo é doença, os fanáticos não se reconhecem, mas seus comportamentos, sempre mal humorados, persecutórios, difamatórios e vitimistas, os denunciam).
A depressão (CID 10 – F33) em síntese, é um distúrbio que gera uma tristeza profunda, perda de interesse generalizado, falta de ânimo, de apetite, ausência de prazer e oscilações de humor que podem acabar em pensamentos suicidas.
A depressão é uma doença, não uma frescura, atinge todas as faixas etárias, todas as classes sociais, ambos os sexos, embora as mulheres sejam 30% mais atingidas do que os homens, a depressão não discrimina, afeta todas as pessoas em todos os segmentos, inclusive religiosos. A depressão é uma doença grave que desencadeia 40% de todas as doenças existentes e pode ser um dos sintomas de outros transtornos psicológicos graves.
A depressão atinge mais de 300 milhões de pessoas de todas as idades no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, a estimativa é que 5,8% da população seja afetada pela doença. O mais grave, 20 milhões de pessoas no mundo tentaram tirar sua vida por conta da depressão.
A depressão é uma doença multicausal e bastante complexa. Vários são os fatores que podem agravá-la a ponto de levar uma pessoa a tirar a própria vida, não é apenas uma busca no Google ou um cursinho que te habilita a ter poder para falar da depressão com propriedade.
“A depressão é uma doença ainda cercada de tabus e mistérios. Há aqueles que atribuem toda doença da mente aos demônios e os que julgam que a depressão é conseqüência direta de algum pecado não confessado. Reafirmamos que a depressão pode estar ligada a envolvimento com ocultismo e com pecados inconfessos. Mas, nem toda pessoa que passa por uma depressão está necessariamente vivendo na prática de pecado” -Hernandes Dias Lopes
Em concordância com a fala do reverendo Lopes, digo além: a depressão persegue pessoas boas, e não somente as más; pessoas más quase nunca têm remorso ou culpa, e esses são ingredientes fortes causadores e estão sempre presentes em processos depressivos ou na depressão enquanto doença. Uma pessoa piedosa, bondosa pode enfrentar uma dolorosa depressão, pois esse “mal” pode ser decorrente de ”humana história dolorosa” de angústias, traumas, frustrações que toda pessoa pode estar sujeita, algumas pessoas desenvolvem depressão, como decorrência de desequilíbrio químico no cérebro e ainda ter como uma das causas a genética. Por isso, a depressão é multicausal.
Sim, pessoas boas podem sofrer depressão e inclusive serem vitimas de uma variedade de transtornos psicológicos e psiquiátricos, e nós que temos esse conhecimento técnico, como profissionais experientes de saúde mental, temos que unir forças, para eliminar os tabus ensinando-os a entender seu processo depressivo, ajudando melhorar sua a qualidade de vida. Essa é sem dúvida uma grande libertação psicológica que passa em conjunto pelo entendimento das forças espirituais negativas e positivas que podem estar presente no processo da doença e na cura.
Temos que ensinar de forma clara, respeitosa e amorosa, nossos líderes sobre a importância desse conhecimento, para serem multiplicados nas igrejas e para que possam abrir portas, pois existem muitos bons profissionais cristãos que podem falar sobre transtornos mentais, de forma científica, psicológica, sem ferir princípios bíblicos, conforme alegam os ignorantes fanáticos.
Tenho corrido o Brasil e a América, levando essa verdade, mesmo sob o risco de ser perseguida e desconstruída por fanáticos e psicopatas da fé. Deus nos deu essa missão, Ele nos justifica e nos protege.
Não podemos mais cometer esses erros desumanos. Temos que estudar, reciclar, ouvir o conselho de Oséias 6 (o povo sofre por falta de conhecimento ) e parar de adoecer ainda mais pessoas que já sofrem com o peso das acusações de serem “maus cristãos”, pois não é verdade. Um processo depressivo pode vitimar qualquer pessoa, inclusive um bom cristão, dedicado. John Piper, em seu livro O Sorriso Escondido de Deus, fala sobre três homens piedosos: David Brainerd, John Bunyan e William Cowper que sofreram amargamente com a depressão. Muitos crentes fiéis passaram e ainda passam pelo vale dessa doença dolorosa. É preciso reconhecer que Deus cura, sara e liberta, e usa a ciência, da medicina e da psicologia, em mãos corretas para curar.
“O profeta Elias foi um homem levantado por Deus em tempo de crise política e apostasia religiosa em Israel. Ele, ousadamente, confrontou os pecados do rei Acabe, chamou a nação indecisa a colocar sua confiança em Deus e triunfou valentemente sobre os profetas de Baal. Elias foi um homem que viveu de forma maiúscula e superlativa. Aprendeu a depender de Deus e a realizar grandes obras em nome do Altíssimo. Mas Elias também tinha os pés de barro. Ele era homem semelhante a nós. Ele não era um super-homem nem um super-crente. Depois de retumbantes vitórias, Elias ficou deprimido e pediu para si a morte. Vamos considerar as causas e a cura da depressão de Elias” -Hernandes dias Lopes
Vamos analisar baseado nas consideração do reverendo Hernandes Dias Lopes a depressão do profeta Elias, um dos homens mais poderosos que a Bíblia relata ter existido antes do nosso Salvador Jesus Cristo.
Causas da depressão de Elias:
Para avaliarmos se uma pessoa possa está com depressão é necessário um diagnóstico diferencial. Digo isso como especialista clínica com experiencia de 22 anos. De acordo com a ciência, recomendamos que sejam analisados a combinação dos sintomas (psicológicos, físicos e comportamentais) e sua duração, que deve ser de pelo menos 15 dias, com essa combinação de sintomas, com a duração e persistência dos mesmos, devemos ficar alertas, procurando cuidados profissionais, como médicos, psicológicos, sociais e espirituais, para uma avaliação dos processos espirituais que possam estar envolvidos. Mesmo o psicólogo deve se ater à parte psicológica, mas deve respeitar esses processos.
A depressão afeta o ser humano em quatro dimensões (bio, psico, social e espiritual) devendo ser tratado em todas as dimensões do problema. De acordo com especialistas na área médica, os preconceitos e estigmas enraizados aos transtornos psicológicos colaboram para a evolução da doença, já que muitas vezes o problema é mal interpretado, encarado como uma simples tristeza ou preocupação momentânea, e/ou ainda um pecado.
O assunto é tão sério que muitas vezes o tratamento requer o uso de medicamentos prescritos por um psiquiatra. Por isso, especialistas alertam que a depressão, e demais transtornos afetivos, precisam ser encarados de forma mais séria pelas pessoas, lembrando que é uma doença e exige um acompanhamento profissional, e não cabe fanatismos por ignorância e falta de conhecimento.
O papel do psicólogo neste tipo de tratamento é encontrar meios de ajudar o paciente a se sentir melhor, orientado-o a buscar alternativas para amenizar o sentimento de dor, tristeza, pessimismo, desânimo e muitas outras caraterísticas que permeiam a doença. A igreja, a comunhão com sua religião ajuda, e muito. Na maioria dos casos, o acompanhamento por meio de consultas resolve o problema, mas requer paciência e determinação para atingir o sucesso.
O tratamento espiritual é fundamental, pois fará a pessoa se sentir acolhida por um Deus amoroso, que ensina, sara, cura e liberta, este tratamento espiritual deve ser determinado pelo líder espiritual, não pelo psicólogo, a não ser que este seja também um líder religioso, com entendimento na área espiritual e acumule e seja um especialista de saúde mental, mas de forma separada em ambientes distintos.
Depressão, pode ser espiritual? Pode, mas não é somente espiritual, ela pode ser decorrente de vários fatores, é uma doença, afirmam vários estudos. Cito um deles:
Um novo estudo com base em exames de imagem do cérebro conduzido por pesquisadores do Centro para Adicção e Saúde Mental do Canadá, indica que a depressão persistente, ou crônica, provoca alterações no órgão ao longo dos anos, alterando significativamente o cérebro. A depressão não tratada como se deve, e que persiste por muito tempo sem tratamento, tende a envelhecer o cérebro, ou seja ocorre uma degeneração cerebral.
O estudo, liderado por Jeff Meyer foi publicado no periódico científico The Lancet Psychiatry.
Em minhas palestras, ao contrário do que alguns tentam inventar, não incentivo o uso indiscriminado de medicamentos, mas reconheço o seu poder em casos graves. Alerto que se necessário, sob cuidados médicos, deve sim, se livrar do preconceito. Ninguém que precisa está pecando por tomar medicamento. O tratamento deve ser multidisciplinar. É criminoso incentivar estas mentiras.
A única pessoa que pode dizer sim ou não ao medicamento é o médico, psiquiatra, ou neuropediatra no caso de infante, não os fanáticos. Mas como psicóloga, sou a favor de tentarmos resolver com terapias, com espiritualidade, mudanças de hábito, de comportamento, com oração, desabafo, enfim, mas não sou irresponsável, se precisa deve tomar medicamento, sim, com todos os cuidados que um médico saberá pontuar.
Parte 1
Vamos às causas da depressão de Elias
“Ele tirou os olhos de Deus e colocou-os nas circunstâncias. Num dado momento, Elias pensou que sua vida dependia da ímpia Jezabel e não de Deus. Por isso, ele temeu e fugiu. Sempre que tiramos nossos olhos de Deus para colocá-los nas circunstâncias adversas afundamos num pântano de desespero” -Hernandes Dias Lopes
Realmente, para a ciência, colocar os olhos nas circunstâncias nos impede de enxergarmos saídas para nossos problemas, causando maiores danos emocionais, enfraquecendo-nos como pessoas. O medo nos paralisa; medo constante causa estresse, ansiedade e, como consequência, a depressão. Minha função é ajudar o paciente enxergar o problema e encontrar saídas para minimizar impactos. Sim, é possível.
Embora alguns críticos não aceitem que um homem de Deus possa ter depressão, tentando manipular de forma fanática as pessoas com menos conhecimento, não temos mais como negar: a depressão existe, não é frescura, e nem sempre é decorrente de pecado. E mesmo sendo, essa pessoa tem que ser entendida, perdoada, acolhida e não julgada, pois o estado emocional já prova que ela é vitima de suas ações. Em caso de remorso, muitas vezes a pessoa não se perdoa e precisa de apoio e não de “acusadores, julgadores”. Precisa de um recomeço, e nós somos essa fonte, Deus nos usa.
O fanatismo tira a esperança daqueles que têm uma depressão maior, ou seja uma doença química, cerebral. São essas pessoas que tiram sua vida por não encontrarem uma palavra que as livre dessa tristeza profunda. Muitas vezes , essa depressão é causada por acusações religiosas feitas por fanáticos religiosos, que estão perto de nós, muitas vezes no nosso púlpito, sendo confundido com uma angustia, um trauma, ou uma tristeza. Não, depressão não é tristeza, é muito pior, é uma doença.
Elias tinha depressão?
Sem medo de errar, em análise um pouco mais técnica, podemos reconhecer -baseados nos relatos bíblicos sobre Elias – que há provas incontestáveis de que, sim, Elias estava passando por um estado depressivo grave pois desejou e pediu para si a morte.
Somente uma pessoa acometida por uma depressão grave e/ou transtornos ainda piores pede para si a morte. Somente uma pessoas desesperançada, pede para si a morte, e esses são sintomas, aliados a outros que iremos mostrar, que provam que Elias tinha, sim, depressão. Talvez não por fraqueza, mas, por permanecer forte por muito tempo diante de tantas adversidades.
Uma pessoa que sofre mas não tem depressão luta pela vida, não entra em colapso psíquico como entrou Elias, e tantos outros homens de Deus, ontem e hoje. Já imaginou se todas as pessoas que sofrerem uma perda, ou um drama, escolhesse pedir a morte? Nem todo depressivo quer morrer, pelo contrário, muitos sofrem porque querem viver, ter alegria, e não conseguem pois o seu cérebro está em processo de degeneração.
O agravante, segundo a OMS, é que cerca de 38% das pessoas que têm depressão com ideação suicida tentam o suicídio. Isso é grave. Não podemos por egos inflamados, inveja de concorrentes, ou obsessão por perseguir profissionais de psicologia que atuam com destaque na Igreja, negar essa máxima.
Psicólogos, profissionais sérios de saúde mental, cristãos, têm lutado contra difamações para continuarem a serem respeitados e com isso poderem ajudar diminuir esta triste estatística. É nossa missão. Existem muitos pastores psicólogos, psicanalistas, médicos, para contradizer esses pensamentos arcaicos.
Queixas de Elias
Os comportamentos e queixas de Elias, suas ações, frente às suas dificuldades, decorrentes de uma grande perseguição, mostram que ele não deu conta psicologicamente. Elias não suportou, teve um colapso psicológico, deprimiu e pediu pra si a morte. Elias era depressivo, ou estava com frescura?
Sua depressão era consequência de pecado? Ainda que digam que ele teve um episódio depressivo, não é verdade, seus sintomas relatados na história bíblica sobre Elias são de uma pessoa que estava vivendo um grande estresse emocional decorrente de cansaço, medo e fadiga por tempo prolongado e o resultado foi depressão grave. Se foi genética, psicológica, situacional, só Deus, que ouviu Elias e o conhecia, pode afirmar com certeza. Apenas podemos analisar os sintomas que se mostram, o resto é especulação religiosa de quem não aceita fatos.
Fanatismo, volto a afirmar, adoece e mata pessoas.
“Elias se assentou debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte e disse ‘basta […] não aguento mais!’. E eis que lhe veio a palavra do Senhor e lhe disse. Que fazes aqui, Elias?” I Reis 19.4,9
Há esperança, graças a Deus! A maioria dos líderes religiosos hoje (com igreja, pastor, cobertura espiritual que esses blogueiros terroristas cristão não têm) estão unindo esforços pois entenderam que o fator psicológico e físico são fatores que devem ser tratados em conjunto com o espiritual.
Tentar me ofender, desconstruindo minha história, por trazer essa máxima para a Igreja, não é papel de cristão, e sim de anticristo, pois quanto mais ignorância, mais mortes. Vou além: estas pessoas, estão se escondendo atrás de seu próprio transtorno, e usando a palavra de Deus como arma, prestando um desserviço ao Evangelho.
Parte 2
A caverna
“Ele entrou na caverna da solidão quando ele mais precisava de pessoas à sua volta. A depressão nos prega essa peça: quando mais precisamos de companhia queremos nos trancar nos quartos escuros. Elias dispensou o seu moço, quando mais precisava dele” -Hernandes Dias Lopes
Deus fez da caverna de Elias um hospital para sua cura. Caverna da solidão, um internamento, que pode ser seu quarto, sua casa, ou mesmo um hospital. É nesta “caverna” que muitas vezes encontramos a cura, um lugar desagradável opressor, mas que aos poucos nos trás a verdade sobre nós e nos ensina a resiliência. E foi o que aconteceu com Elias. Mas ele teve ajuda, e precisamos ajudar o depressivo e não mais acusa-lo de ser um mal cristão.
Sintoma grave: o isolamento
Um dos sintomas para se reconhecer como uma pessoa depressiva que inspira cuidados responsáveis é o isolamento, o internamento dentro de si mesmo (a). O recolhimento nem sempre é saudável, e com Elias veio de forma a causar punição, a se esconder. O medo e a angústia tomaram conta dele de uma forma gravíssima, o que nos atesta que não era um problema passageiro. Já havia dentro dele esses sentimentos, que apenas foram potencializados com o medo da perseguição de Jezabel. Nem o fato de saber e crer no poder do seu Deus impediu que ele se deprimisse. Sabe porque? Ele era doente.
O depressivo pode ter este sintoma. Isola-se do mundo, transforma seu mundo em uma caverna, um quarto escuro, e como a caverna úmida de Elias, um lugar horrível. É assim que o depressivo sente, e é este lugar que busca, porém, este lugar ruim, se usado como um hospital, pode tratar a pessoa em questão e não leva-la ao fundo do poço.
A caverna de Elias foi sim um hospital para ele e pode ser para qualquer um. Nosso inconsciente nos guia para um lugar muitas vezes onde somente lá podemos pensar e alcançar a cura, nem sempre uma caverna representa a morte. Do fundo do poço pode sair a força que necessitamos.
Podemos analogamente dizer que a caverna era um hospital? Claro que sim!
Infelizmente o fanatismo e a falta de conhecimento de alguns impede o tratamento do depressivo por considera-lo uma pessoa pecadora. Erro fatal. Creio que o diabo queira que você acredite e passe essa mentira adiante para ferir ainda mais as pessoas que estão em sofrimento, a ponto dela perder a esperança de vida. Por isso, temos tantas pessoas que sofrem, desviando os ouvidos da verdade, dando mais atenção a factoides gerados por suas mentes obsessivas e reativas.
O fato é que milhares de adolescentes e crianças têm se mutilado por acreditarem em mentiras, como o pensamento de que “são as piores pessoas do mundo, ingratas por não sentirem a dor emocional da depressão”. A dor da culpa as torna presas fáceis da depressão, a culpa gera depressão, o sentimento de menor valia gera depressão, e a palavra mal dita por fanáticos religiosos pode gerar um pensamento suicida em pessoas que já estão em sofrimento.
“O coração ansioso deprime o homem, mas uma palavra bondosa o anima” –Provérbios 12:25
O que precisamos entender é que a depressão tem muitas facetas, é multifatorial, difícil entender sua instalação dentro da mente. É infantilidade, no entanto, de qualquer líder religioso ou estudioso da Bíblia, cometer o erro grave de acusar pessoas que se dedicam a ajudar e animar pessoas com depressão, e pior: usar a doença para ferir quem com ela sofre, atribuindo a estes um peso bíblico que não existe, pois a graça bíblica é libertadora, e não o algoz. Ela nos inspira a viver felizes; não a carregar fardos pesados e sim, leves.
Depressão pode ser decorrente de um pecado? Pode, afinal quem reconhece o pecado senão o cristão, aquele que acredita e ama a Deus? E acaso o psicopata sente culpa? Reconhece o erro ou o pecado?
Parte 3
“Ele fez uma leitura assaz pessimista da situação à sua volta. Ele pensou que somente ele havia permanecido fiel a Deus naquela avalanche de apostasia, mas Deus lhe afirmou que havia mais sete mil que tinham permanecido firmes na fé” -Hernandes Dias Lopes
Sintomas identificados: 1- pessimismo; 2- solidão; 3- apatia; 4- falta de confiança; 5- desesperanças; 6- ansiedade; 7- angústia; 8- desânimo; 9-cansaço; 10- diminuição ou incapacidade de sentir alegria e prazer em atividades anteriormente consideradas agradáveis; 11- desinteresse, falta de motivação e apatia.
Vamos analisar os sintomas depressivos
Pessimismo de Elias: Realmente, pessoas depressivas são pessimistas, não conseguem ver o lado bom das coisas. Faz parte do processo depressivo, é uma das características, e consequentemente – como nosso cérebro precisa de otimismo para produzir hormônios ligados à felicidade, bem-estar (noradrenalina, adrenalina, cortisol, gaba, oxitocina, entre outros) – o desânimo afeta o sistema cerebral de recompensa limitando essa produção, e quanto mais pessimismo menos prazer e menos senso de realidade. Elias sentia-se só. Natural, é mais um sintoma científico de que ele estava depressivo.
Sentimento de solidão: Pessoas depressivas sentem solidão, mesmo que não estejam sós, pois estão sozinhas em sua dor. Pode a família estar perto, ter filhos, cônjuges, pai, mãe, no estado depressivo, as pessoas se sentem sós. Elias relata esse sofrimento. Mesmo Deus afirmando que havia mais sete mil que tinham permanecido firmes na fé.
Parte 4
“Ele perdeu completamente a perspectiva do futuro. Elias pediu para si a morte. Ele julgou que o melhor tempo da sua vida havia ficado no passado e que o futuro só lhe reservava um espectro de desespero” -Hernandes Dias Lopes
Ainda analisando os sintomas depressivos de Elias vemos perda da perspectiva. Não por maldade, e sim por sofrimento, a pessoas depressiva, que está passando por um estágio depressivo, perde sim a perspectiva do futuro, não consegue projetar, imaginar mais sua vida futura, desiste de viver literalmente. Falta de Deus? Não, apenas sua doença a impede de enxergar seu futuro, perde seus sonhos, procrastina, desiste, pois se vê sem forças para efetuar mudanças significativas em sua vida.
Sintomas que identifiquei, fazendo um simples diagnóstico apenas nas considerações do reverendo Hernandes Dias Lopes sobre a depressão de Elias: medo; comportamento de fuga; isolamento; pessimismo; ansiedade; estresse; foco no problema; descrédito em si; sentimento de solidão; humor depressivo; irritabilidade; ansiedade de angústia; desânimo; cansaço; necessidade de maior esforço para fazer as coisas; diminuição ou incapacidade de sentir alegria e prazer em atividades anteriormente consideradas agradáveis; desinteresse; falta de motivação e apatia.
Os três mais graves vêm agora: ideação suicida (sim, Elias pediu para si a morte); apego ao passado (Elias julgou que o melhor tempo da sua vida havia ficado no passado); e perda da esperança (Elias acreditou que seu futuro só lhe reservava um espectro de desespero).
Com todos estes sintomas psicológicos e comportamentais, com certeza Elias, se passasse por um médico e ou psicólogo, sairia com um encaminhamento para internamento, e seria considerado como um paciente grave com risco de cometer suicídio.
Elias sentiu-se fracassado. “Basta; toma agora, ó Senhor, a minha alma, pois não sou melhor do que meus pais” (I Reis 19:4). Apesar da vitória contra os falsos profetas, apesar da exclamação do povo – “O Senhor é Deus! O Senhor é Deus” (I Reis 18:39) – Acabe e Jezabel continuaram como antes – não houve nenhuma mudança de coração. Elias sentiu um grande fracasso.
Elias sentiu solidão. “Eu fiquei só” (I Reis 19:10,14). Duas vezes ouvimos Elias expressando a sua solidão. Quantas vezes na obra do Senhor a gente se sente sozinho?
Elias sentiu cansaço. I Reis 18:46. Elias enfrentou luta, exaustão, tensão no monte Carmelo; depois, no fim do dia, correu 25 km adiante Acabe (I Reis 18:46). Podemos imaginar como ele chegou completamente exausto! Muitas vezes, apesar de ter experimentado vitória em nosso serviço para o Senhor, quando estamos exaustos fisicamente, satanás aproveita para nos derrubar. Ou seja, há inúmeras brechas que damos em nossa vida, querendo fazer o bem, mas negligenciamos o corpo e essa dimensão pode ser afetada espiritualmente, além do psicológico e esgotamento físico.
Elias enfrentou perigo físico. (I Reis 19:2). “E procuram tirar-me a vida” (I Reis 19:14). Jezabel ameaçou matá-lo, mesmo sendo Elias, ele duvidou que seria protegido por Deus, fugiu, e se enfiou em uma caverna.
“Deus o tratou por meio da sonoterapia. A depressão deixa a mente agitada. Uma pessoa deprimida fica com o corpo cansado, mas a mente não desliga. Elias precisou dormir e descansar para sair do buraco da depressão” -Hernandes Dias Lopes
A cura para a depressão de Elias surgiu através de vários recursos.
Sonoterapia é um recurso utilizado para o tratamento da depressão, e sim, analogamente falando, podemos dizer que Deus usou desse recurso usando o internamento na caverna. Nos dias atuais, sonoterapia se faz apenas em hospital.
Outro recurso: Deus o tratou por meio da alimentação adequada. Ele preparou uma refeição para Elias no deserto. Deu-lhe pão e água e ele recobrou suas forças. Uma pessoa deprimida, muitas vezes, sente náuseas do alimento. É preciso fortalecer o corpo no tratamento dessa doença.
A boa alimentação pode interferir no processo hormonal e liberar substâncias que produzem hormônios do bem-estar ou podem induzir depressão. Analogamente, também digo que essa alimentação pode significar o medicamento, que de certa forma equilibra o cérebro quando este está degenerado, ou quando está quimicamente afetado.
Em minhas palestras digo que após as pessoas se despirem do preconceito contra o tratamento psiquiátrico e utilizarem o medicamento adequado para equilibrar as funções neuronais, juntamente com o tratamento psicológico e espiritual – inclusive recomendado por mim e por tantos médicos conscientes – é metade do caminho para a cura e controle dessa doença.
O desabafo
“Deus o tratou dando-lhe a oportunidade do desabafo. Elias estava dentro de uma caverna, quando Deus lhe perguntou: “O que fazes aí, Elias?”. Deus, assim, o ordena a sair da caverna para destampar a câmara de horror da alma e espremer o pus da ferida. O desabafo é uma necessidade vital para a assepsia da alma” -Hernandes Dias Lopes
Precisamos ouvir mais, aprender a ouvir de forma terapêutica, sem julgamentos, e parar de falar bobagens sobre os sentimentos e a espiritualidade de quem tem depressão e luta para se livrar dela. Respeito é bom, mas infelizmente os algozes crentes, metidos a profetas, não se importam, pois seu fanatismo os cega.
Resiliência
“Deus o tratou revelando-lhe que o melhor da sua vida estava pela frente. Elias pensou que o seu ministério havia chegado ao fim. Mas, ele ainda haveria de ungir um profeta em seu lugar, um rei na Síria e outro em Israel. Elias pensou que a vida não fazia mais sentido e por isso, queria morrer, mas Deus o levou para o céu sem que ele passasse pela morte. Deus o arrebatou ao céu num redemoinho e Elias deixou os trapos da depressão para vestir-se com as roupagens alvas da felicidade eterna” -Hernandes Dias Lopes
A pessoa que está depressiva, ou com depressão maior, seja por quais motivos, tem que ser acolhida e lutar por sua recuperação. Entretanto, isso só será possível com ajuda. Deus nos mostra como devemos e podemos ajudar as pessoas. Deus poderia criticar Elias dizendo que ele era um pecador, um inerte. Agir como um acusador, dizer que ele não o amava mais, que não dava valor para nada além do seu umbigo, coisas que pessoas desumanas fazem. Mas não: o altíssimo teve o cuidado de ouvir, deu o direito ao desabafo, cuidou, alimentou, teve paciência, deu o tempo que Elias precisava, o ajudou com amor a enxergar sua importância e o motivou a caminhar. Além disso, renovou seu ministério. Deus deu, com palavras motivadoras, um novo sentido para a vida de Elias.
“Por isso não desanimamos. Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia” II Coríntios 4:16
Deus não o abandonou. Veja como o Senhor tratou com Elias: muito amor e compreensão. “Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece dos que o temem. Pois Ele conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó” (Salmos 103:13-14).
Elias superou seu estado depressivo porque Deus o mandou para o lugar de revelação no monte Horebe – “o monte de Deus” (v.8). A revelação esta vez não foi do tipo normal do seu ministério (terremoto e fogo), mas “num cicio tranquilo e suave”. Apesar de tudo, Deus não o abandonou. Ainda há muito serviço para fazer para o Senhor.
Não lucrem com a dor das pessoas fazendo terrorismo espiritual. Tem gente que sente prazer na maldade, se divertem oprimindo. São os psicopatas da fé, estão em todos os lugares, são extremistas, não se contentam em perseguir pessoas fora da igreja. Sua obsessão é tanta que perseguem os irmãos dentro da igreja.
Não posso me omitir diante desse fanatismo para destruir a classe de psicólogos. Muitos de nós, e os psicanalistas e terapeutas, usam sim a ciência para curar depressão, ansiedade, e tantos transtornos psicológicos, aliados e respeitando a palavra de Deus. Não é justo sermos difamados por pessoas más intencionadas. que na verdade, só querem audiência para fortalecer seu fanatismo e adoecer a Igreja.
Eu, Marisa Lobo, sou sim uma psicóloga, cristã, tenho igreja (Igreja Batista do Bacacheri, em Curitiba, dirigida pelo pastor Luiz Roberto Silvado) e me dedico ao ministério para combater o fanatismo.
Aproveito para lembrar de uma declaração do grande pioneiro missionário para a Índia no século 19, Henry Martyn: “Enquanto Deus tem uma obra para eu fazer, não posso morrer”. Dificuldades vão nos cercar – muitas vezes vamos nos achar como Elias, debaixo de um zimbro – mas Deus está no controle.