Entendemos que o estudo da Palavra, o Logos, tem a haver com o género literário. Um dos problemas correntes é pensar-se que tudo o que está Escrito quer dizer tal e qual sem atender ao estilo literário com que nos foi transmitido.
Um exemplo, que desejo compartilhar com o Leitor, é o caso do Pentateuco ou Torá. Durante muitos séculos, a autoria destes cinco livros eram atribuídos a Moisés. Posteriormente, a partir da renascença, considerou-se a autoria, por causa dos estilos literários, à Escola Javista, Eloísta, Sacerdotal e Deuteronomista. No princípio do século XX, entre 1920 e 1930, a Escola Americana desenvolveu uma grande atividade arqueológica no Oriente Médio, com vistas a confirmar a história do Estado de Israel. Também o Egito e a Península Arábica mereceram a atenção dos historiadores e o resultado de toda esta atividade foi negativa.
Perante os factos e a partir do final do século XX, começou a admitir-se que o “Gênero Literário” não podia ser considerado histórico e um teólogo alemão surpreendeu o mundo ao afirmar que a história de Israel era uma “Lenda”.
Não pense o Leitor que esta afirmação é uma negação à fé. Antes pelo contrário, procura-se entender, se uma serpente fala com a mulher e esta com a serpente, se a Torre de Babel ia chegar mesmo ao céu, se o dilúvio e a Arca de Noé podiam suportar toda a vida animal à face da terra, como é que Abraão vem da Caldeia à Terra Prometida pelo caminho do deserto e todas outras ideias transmitidas na Torá ou Pentateuco.
Há outros aspectos de grande relevância e especificidade da escrita e dos factos, que pela sua dimensão, não podem ser aqui mencionados. Uma lenda nem sempre é um texto inventado mas a memória que foi passando de boca em boca de coração para coração, a fé com que a transmitiram chegou-nos até ao dia de hoje em forma Escrita.
A revelação dos textos é obra do ensino do Espírito Santo e o tempo de mudança do fundamentalismo para o atendimento à Teologia do Género Literário é que me levou a tecer-vos estas linhas.
Amílcar