Alguns cristãos, quando ouvem falar sobre o mundo político torcem o nariz, rejeitando prontamente qualquer discussão sobre o tema. Infelizmente, esse tipo de reação é comum, pois vem de uma cultura antiga onde a ideia difundida nas congregações era a de que religião, ou a Igreja, e política não se misturam.
Devo ressaltar que, de fato, religião e política não se misturam do ponto de vista governamental, se tratando de um Estado laico, como é o Brasil. Ou seja, o governo não possui uma crença oficial, devendo governar para todos, igualmente, incluindo os que dizem não ter fé em nada.
Contudo, política e religião se misturam enquanto discussão pública, o que diz respeito à população. Em outras palavras, é o que tratamos na conversa com os amigos, na universidade, com os parentes e também no templo, quando determinada pauta é de amplo interesse e envolve valores que afetam a nossa fé.
Por muitos anos, no entanto, a Igreja no Brasil foi levada a acreditar que não deve se interessar por política. Vimos o resultado desastroso disso, com leis que contrariam princípios cristãos sendo aprovadas pelo país.
Felizmente, esse desinteresse começou a mudar em nível nacional a partir de 2010, ganhando força nas eleições seguintes, resultando na eleição do atual presidente da República, em 2018, após uma grande mobilização das igrejas junto à população.
Muitos cristãos acordaram e passaram a entender que a conscientização política é um dever de todos, inclusive da liderança religiosa, o que é bem diferente de colocar a política acima do Evangelho.
O nosso maior compromisso é com a Palavra de Deus e seus valores. Isso está acima de tudo! Mas, para que esse compromisso seja garantido em termos de liberdade religiosa, culto e pregação, precisamos entender o que acontece no mundo político, porque é nele onde as leis são criadas, aprovadas ou revogadas.
Consciência de todos
Se hoje vivemos em um país onde ainda podemos pregar em praça pública, isso é graças à atuação dos políticos cristãos que um dia atuaram, décadas trás, para tornar essa liberdade em uma garantia constitucional.
O mesmo podemos dizer sobre pautas como aborto, drogas, legítima defesa, sexualidade e outras que envolvem costumes, direitos e moralidade. Sem a participação da igreja como agente influente na política, os desdobramentos em relação a esses temas já poderiam ter sido desastrosos.
Portanto, por mais que a política seja secundária ao Evangelho, claro, ela é necessária para que possamos continuar garantindo os nossos direitos como cidadãos passageiros nesta Terra, mas de vínculo perpétuo com a futura Pátria Celestial.
Assim, concluo que a Igreja não apenas deve se interessar pelo que acontece no mundo político, como também atuar para que ele reflita os princípios e valores da nossa fé, o que é feito através dos representantes democraticamente eleitos. Façamos a nossa parte!