Quando penso nos ministérios (apóstolos, profetas, evangelistas, pastores / mestres) os imagino a partir de uma perspectiva bíblica e originalmente cristã, que denota serviço abnegado, escravidão e uma doação da própria vida pelo rebanho de Cristo, por amor a Cristo.
Hoje, ministros vivem em busca de honra e de reconhecimento – honra que é, aliás, um tema amplamente abordado em várias conferências. Como se fossem uma raça especial diante de um povo que necessita de seus talentos, tais como mediadores de moveres, avivamentos e visões, esses se colocam como pais espirituais de movimentos e denominações, tornando-se irremediavelmente anticristos.
Antes de se chocar com minhas palavras, entenda que o verbete grego “anti” não apenas quer dizer “contra”, mas também “em lugar de” e se encaixa muito bem no caso de uma pessoa ou grupo abrir uma nova e diferente via de compreensão, achando-se revolucionários descobridores de uma revelação inovadora, no que tange o Evangelho do Senhor.
É aí que incorrem na arriscada desventura de se colocar “em lugar” do que já é e sempre foi, o Cristo. Traduzindo, anticristos!
Nisto, não diferenciam em nada de toda parafernália criada por Constantino em sua estatização do cristianismo. Juntando velhas tradições judaicas com rituais pagãos diversos e ainda novas e particulares impressões concebidas de um Evangelho contra o qual os romanos já estavam cansados de lutar, inaugurou uma nova religião cristã, denominada universal e que em nada lembra o Evangelho de Jesus.
Enfim, quando vemos alguém se sobrepondo, se auto-intitulando, estamos diante de uma pessoa que quer fazer diferenciação entre si mesmo e os outros, ou seja, impor-se como clero diante do laicato, como santo, perante os profanos, como sacerdote e cabeça espiritual para o povão, pastores, condutores de seu gado.
É diante disto que afirmo com veemência: é tempo de reforma! Enquanto pastores e demais ministros se auto posicionarem como profissionais da fé, sob alegação de terem chamados especiais, usando disso como direito de explorar e requerer dons materiais em troca de seus serviços espirituais, então nossa religião é pagã, está longe de ser cristã, pois não se baseia na piedade de Cristo. Nem mesmo no fundamento dos apóstolos originais, os quais deram suas vidas, custearam seus chamados, dando tudo o que tinham de material em troca do dom sobrenatural e do privilégio de padecerem nesta dimensão terrena pelo projeto celestial.
Enquanto não estivermos dispostos a trocar o campo terrenal pelo campo celeste que tem um tesouro escondido, nossa mentalidade será sempre carnal, movida por interesses e não seremos ministros de ninguém mais, nem menos do que de nós mesmos.