O ministro Celso de Mello usurpou sua competência citando Simone de Beauvoir sem entender o real sentido da frase. “Ninguém nasce mulher torna-se”. Fiquei confusa com o que estava sendo julgado: era “mulherfobia” ou homofobia? Se, o ministro não sabe a diferença como pode querer julgar algo que não compreende? Ou foi proposital a confusão para gerar uma alienação em torno do tema, ou será desconhecimento mesmo?
Quando a feminista Simone de Beauvoir disse essa frase em seu livro O Segundo Sexo, que inclusive completa 60 anos, foi exclusivamente para inspirar mulheres a lutar pelo seu direito de ser respeitada na sociedade e na cultura. Há 60 anos atrás realmente a mulher tinha muito a conquistar.
Embora a feminista não fosse um exemplo de moralidade para nós conservadores, ela lutou pelo direito da mulher biológica. O que ela discutia era liberdade sexual, papeis sociais e culturais que na sua opinião eram opressores; ela discutia o fato do homem socialmente ser aceito como um “ser superior” (à época), sendo a mulher o “segundo sexo”, nome que Beauvoir deu ao seu livro nos anos 1940 e que foi reeditado nos anos 1970.
O que o senhor Celso de Mello talvez desconheça e o ativismo atual tente, erroneamente, manipular, esconder, é que esse pensamento, essa frase, em nenhum momento negava o sexo e a biologia da mulher: ela não dissociava um do outro, falava em GÊNERO BINÁRIO, e não em GÊNERO NÃO BINÁRIO, pois esse termo é posterior a ela.
A discussão era essencialmente sobre a mulher, sua feminilidade, papéis, respeito, equidade, empoderamento.
Discutia-se os direitos das mulheres e como a cultura construia papéis que muitas vezes oprimiam a mulher. Ela dizia que ser mulher era uma construção social e cultural, mas não a dissociou da sua biologia do seu sexo.
Quando dizia que mulher não era só uma biologia era no sentido figurado. Simone era ativista, participava de movimentos em prol dos direitos da mulher BIOLÓGICA independente de sua orientação sexual, lutava pela liberdade sexual e de atuação, pregando que mulheres podiam realizar as mesmas coisas que os homens com igualdade de direitos.
Tenho muitas diferenças e muitas críticas a fazer sobre esta mulher, mas tenho que desmascarar essas mentiras contadas em seu nome. Ela jamais citou gênero não binário, mesmo porque este rótulo foi e é muito utilizado posteriormente por Judith Butler (como já falamos neste artigo), e não por Beauvoir.
Os movimentos LGBTTS se apropriaram indevidamente da frase para construir a sua ideologia de gênero (diversidade de gênero), atribuindo um outro significado, tirando a luta da mulher e transformando-a em apenas um gênero independente do sexo de nascimento, sua biologia, genética e sua mais de 1500 diferenças catalogadas em artigos científicos são ignorados.
Muito irresponsável ministros discursarem sobre algo de forma rasa com discursos decorados que mais parecem da militância. Um fator importante desconsiderado é a ciência.
A promoção desse pensamento, da ideologia do gênero não binário (diversidade de gênero) está causando DISFORIA DE GÊNERO, um transtorno de identidade de gênero que por mais que ativistas das áreas sociais por militância tentem defender sua naturalidade usando discursos vitimistas, a medicina – que é a verdadeira ciência neste caso – questiona.
A pediatria americana, o Conselho de Medicina de São Paulo, e vários especialistas no mundo, bem como institutos que trabalham com comitês de gênero, tem feito alertas constantes para o perigo de tratar a puberdade como uma doença nesta promoção da transgenia.
Com essa ADO 26 eventualmente aprovada, vamos viver, além da mordaça, da perda da liberdade religiosa e de expressão, uma era de grandes conflitos psicológicos, uma confusão científica e social, condenando crianças com disforia de gênero, a negação do tratamento ou a uma confusão de gênero sem chance de receber ajuda.
A aprovação dessa lei da mordaça vai promover perseguição religiosa, profissional e limitar pesquisa e a ciência, além de diminuir a mulher a um gênero equiparando ela a um homem biológico, tirando dela todos os direitos conquistados. O STF não tem esse direito.
Temos que aprender e ensinar o respeito ao diferente, mas sem invencionices, sem ativismo ideológico de gênero e é isso que o STF está fazendo.