Nos bons tempos, o ateísmo era coisa de homens corajosos.
Corajosos o suficiente para enfrentar de forma estóica o vazio interior causado pela descrença, sem apelar para ideologias ou modas intelectuais.
Eram pensadores que levavam a descrença a sério e não faziam do ateísmo uma militância, mas preferiam enfrentar abertamente o filho amargo da descrença: o niilismo.
Frederich Nietszche, Arthur Schopenhauer, Albert Camus e Emil Cioran sabiam que a única opção existencial legitima para quem não acredita em Deus é o niilismo.
Estes verdadeiros titãs do pensamento jamais fizeram do ateísmo uma militância, um lobby ou um clube político. Eles não enfeitavam o vazio existencial.
Bons tempos. Velhos tempos.
Hoje o ateísmo é um hobby de adolescentes que “enfrentam Deus e o mundo” na internet e em almoços de família. São escoteiros patrulhando as crenças alheias.
Os ateus clássicos não fugiam do vazio existencial. Não tentavam preenchê-lo com besteirol ideológico. Sabiam que se Deus não existe, todas as causas são fugas.
Para ateus do calibre de Nietszche todas as ideologias, sistemas filosóficos, causas políticas e utopias revolucionárias são saídas para covardes.
O escoteiro ateu é uma alma vulgar que pratica a militância ruidosa para tentar calar a falta de sentido interior que é o resultado lógico da descrença em Deus.
A covardia é a principal característica do ateu militante. Ele não apenas foge do niilismo como também faz da hostilidade uma forma de afirmação da coragem que não tem.
Certa vez, flagrei um típico escoteiro ateu convocando seus coleguinhas para um protesto em um hospital público onde havia crucifixos nas paredes!
O mancebo não conseguiu reunir outros desocupados para o tal protesto. Mas a história serve para ilustrar a insensibilidade e mediocridade dos escoteiros ateus.
Os cristãos visitam hospitais para orar pelos doentes e consolar seus familiares. Os escoteiros do ateísmo planejam expedições aos hospitais para protestar contra crucifixos.
Os escoteiros ateus dizem combater preconceitos, mas fazem chacota de evangélicos e vilipendiam imagens de santos católicos. O ódio é maior do que a sua descrença?
Os ateus clássicos lidavam com questões profundas. Por exemplo: por que e como agir moralmente em um universo amoral e indiferente?
Para fugir dessas questões de gente grande, os escoteiros ateus abraçam causas como a libertação dos ratos de laboratório. Mas, claro, são todos favoráveis ao aborto de bebês humanos.
Os ateus clássicos se deparavam com a falta de sentido da vida e não fugiam. Eles dedicavam suas vidas para tentar responder o irrespondível, sem aborrecer o mundo com modas imbecis.
Por sua vez, os escoteiros ateus esperam o almoço dominical em família para falar da milésima edição da revista Superinteressante sobre a existência de Jesus.
Oh, céus, por que o ateísmo virou moda de gente tão infantil?