Há um bom tempo, falar de amor no meio evangélico tornou-se algo incômodo, “desnecessário”… Quase uma ideia “hippie” e “equivocada” no universo em que transitam; afinal, “Amor” é pura repreensão, correção… Por isso, assim o demonstram.
Boa parte (senão a maioria), acredita ter diariamente o exercício do amor; após os cultos de tomada e retomada de “propósitos proféticos”, de “cura da nação”(através da erradicação do “pecado”, que mais parece ser erradicação do pecador), do adquirir riquezas para possuir de vez, a tudo e a todos, dos shows gospels, onde o “pecador” está sendo “evangelizado” (não sei qual pecador, pois os denominados “pecadores”, tem se mantido a uma distancia considerável dos evangélicos).
Sem parar pra pensar (ou lerem a bíblia) e sob a “ótica” de seus líderes, seguem cumprindo este “amor”, condenando o pecador para que ele se “arrependa rápido” (e pra isso “vale tudo”), sob a pena de ir para o inferno e, por fim, “tomando” o reino deste mundo “à força” – liderados por estes mesmos lideres -, para “entrega-lo” a Deus, “curtirem” o reinado e, é claro, esfregarem na cara da sociedade que “há Deus em Israel”…
Falar de Amor virou incômodo.
Sua prática tornou-se algo que seja praticado dentro de um entendimento cultural, como fazemos à séculos, segundos princípios religiosos, mas que, “… por favor”, não venha retirar dela o “direito” que a igreja têm diante do mundo…” discurso sustentado e repetido pelos líderes que esbravejam e gritam nas TV, em comícios travestidos de marchas para Jesus e eventos diversos em que “o pecador” (aquele que era o fim a ser amado e trazido pelo anúncio do evangelho puro e simples), fica do lado de fora, contentando-se com sua vida onde é melhor não ter uma religião do que viver este fanatismo desenfreado… “Abobalhado”, com o que os evangélicos tem chamado de “Vida abundante”.
E este mesmo pecador é o mais “condenado” quando lembra a esta igreja sobre amor…
“Ora, nós sabemos o que é o amor”… Nós conhecemos a Deus… Não venha “ensinar o Pastor a fazer o culto!…” Repetindo muito e pensando pouco, afirmam e reafirmam os evangélicos.
Nesse “adorável” fanatismo, estes presunçosos crentelhos tem incluído em sua pesada lista de atos quase “obscenos” em “nome do senhor”, a maior acusação feita por Jesus aos líderes da época:
A HIPOCRISIA.
Sustentada pela falta de amor (aquele, quase “congelado” do qual falei no inicio), ela se solidifica em nome do “reino”.
Para o “avanço” dele, há que se encontrar o maior número possível de textos bíblicos e exemplos de pessoas no velho testamento, pra justificar este ou aquele ato… sem amor.
Seriam tão cegos, estes que lelê suas bíblias em interpretações aliadas à visão do líder, que vão mais, de encontro ao anseio do membro da igreja que se denomina “Servo”, do que com a propícia voz do Espirito de Deus??
Por tal cegueira, a hipocrisia delatada por Jesus parece não encontrar a consciência destes que, se se importam com o seu Senhor, terão dois trabalhos: um, de exercitá-la e outro de deixa-la… De vez.
Aí, pra você que viu o título do artigo, leu até aqui e ainda não entendeu, ou, procurando alguma fofoca gospel, percebeu que “errou o alvo”, eu explico:
Há um tempo atrás, após anos de ministério, vinha a público um homem chamado Davi Silva, falando de toda a sua trajetória e que nela, haviam mentiras sérias, ao povo da igreja; Uma conduta reprovável e vergonhosa para qualquer um com um mínimo de bom senso.
Arrependeu-se diante de seu público, dizendo serem “em beneficio do reino de Deus”, seus atos, ficou um tempo “recluso” e tempos depois, com o apoio da igreja, líderes, cantores e cantoras, voltou em “grande estilo”, gravando um DVD e com tudo o que tinha direito, numa CELEBRAÇÃO dentro do melhor estilo gospel.
Confesso que achei “duvidoso” este arrependimento público, no qual ele não se desvencilhou do sistema antigo; do sistema religioso que, sem dúvida, sustentou por anos suas mentiras. Apenas se afastou por um tempo. Se houve mudanças? Deus o sabe. Eu não posso me guiar por aparências; Devo me guiar pelos FRUTOS.
Daí, eu pulo para o Caio Fábio.
Ele, envolvido no caso do Dossiê Cayman, levado a público, foi condenado, apesar de ter sido inocentado nos depoimentos das vítimas do caso e pelo próprio Presidente da República em exercício, Fernando Henrique Cardoso.
Num caso de adultério contra sua esposa (e não contra a igreja), Divorciou-se, pediu perdão à igreja e afirmou:
“… Eu pequei contra a minha alma e não contra a coletividade”.
De fato; para Deus não há pecado grande ou pecado pequeno, mas há o pecado “estrutural” e o contra a própria alma.
E aí, me lembro do caso “Davi Silva”. Um erro “estrutural”, feio, deplorável… Um erro em que vidas espirituais foram “ceifadas”, questões psicólogicas foram desencadeadas e o povo mantido na cultura da mentira (pra encurtar o assunto).
A igreja, como eu disse acima, o perdoou. Que bom que o perdoou (apesar na maior parte das vezes este perdão ser condicionado à questões políticas); mas, mais que isso, a igreja celebrou!! Como se nada de muito ruim houvesse acontecido… “Errou, mas foi em nome do reino…” E como essa cultura gospel gosta de festejar muito e amar muito apenas aos que convém, infelizmente devem estar celebrando até agora…
Nada de pessoal contra ele. Mas contra a HIPOCRISIA da igreja, sim.
Daí, eu me pergunto o mesmo que você talvez, também esteja se perguntando:
“Por que, a igreja que perdoa a Davi Silva, ainda “Crucifica” a Caio Fábio?”
Por que, se o que na verdade interessa a cada um que decide seguir a Jesus, é a volta ao evangelho simples e à sua prática?
Eu sei a resposta. E talvez lá no fundo você também saiba…
Porém, como se eu não soubesse, vou deixar a pergunta “no ar”, para ver se o evangelho de Jesus já o encheu de coragem para responde-la.
Rogério Ribeiro.