“Desejou ardentemente os seus amantes, cujos membros eram como os de jumentos e cuja ejaculação era como a de cavalos”. Ezequiel 23:20
Dia desses, estava conversando com um irmão sobre pecado e mundanismo e num dado momento do papo, disse-lhe que o Espírito Santo tinha ciúmes de nós. Diante dessa afirmação, fui severamente combatido, pois para aquele rapaz o Espírito de Deus não poderia desenvolver um sentimento tão baixo e humanizado. Mostrei-lhe os textos bíblicos correspondentes e passei a explicar o que pensava sobre o tal ciúmes de Deus, tentando convencê-lo do caráter de exclusividade que envolve o conceito de Igreja. De nada adiantou, no entanto e acabei perdendo o amigo de conversa, pois minha compreensão não se encaixava em sua formatação particular da divindade.
O fato é que existe um sem número de evangélicos que vivem em situação de adultério espiritual. Eles vão às igrejas, comungam, participam dos cultos e todos seus rituais, recebem batismos, treinamentos, cursos, promovem eventos de avivamento, de evangelismo, ganham almas, enfim, completam todo o percurso religioso de um crente normal, mas ainda assim parecem não compreender o status de exclusividade exigido pelo Deus cujo coração sente ciúmes.
Não pense que desejo ir longe para definir mundanismo e pecado, pois acho que tais conceitos estão tão arraigados dentro de nossa religião, que nem ao menos necessitamos sair das imediações dos ritos evangélicos para que percebamos nosso adultério.
Ora, pecado e mundanismo são idéias, mais que isso, são status espirituais que conduzem nosso modus operandi diante da vida integral. Não existem mais lugares, rituais ou práticas profanas, mas sim mentalidade e espiritualidade profanas.
Posso destacar apenas um exemplo que me salta aos olhos e vêm à mente com relação a esse adultério, citando o versículo obsceno lá do topo do texto, que diz “desejou ardentemente os seus amantes, cujos membros eram como os de jumentos e cuja ejaculação era como a de cavalos”.
Oh my God! Talvez pensemos que Ezequiel poderia estar bêbado quando escreveu isso ou, no mínimo, tinha assistido a uma maratona de filmes pornográficos, que fizeram com que sua mente fosse tomada de pensamentos impuros. Mas não, ele estava dominado por um zelo profético e tinha coração e mente tomados pela revelação do estado adúltero que se encontrava Israel.
Este é um texto desconfortável! Podemos achar graça e rir diante dele, ou ainda ficar confusos, tentando imaginar o que se passava pela cabeça do profeta maior, mas hoje, quero compartilhar uma revelação que lançou luz aos meus pensamentos, fazendo com que o texto passasse a ter sentido prático e profético pra mim também.
O Israel eleito, nação escolhida e esposa de Deus, assim como a Noiva de Cristo, a Igreja, ambos, de tanto se relacionar com o mundo ao seu redor, terminam por levar suas práticas bizarras para dentro de seus muros.
Quando o profeta fala que a nação desejou seus amantes por causa do tamanho dos seus membros e sua ejaculação espetacular, ele está dizendo que a esposa de Deus o traiu com alguém muito bem dotado.
Esta é uma situação inaceitável para o coração de um marido que retirou a esposa da rua da amargura, tratando dela com carinho, curando suas feridas, além de ter-lhe perdoando de suas inúmeras falhas.
Vejo na igreja da atualidade que muitos desenvolveram relacionamentos adúlteros, colocando pessoas “bem dotadas” no lugar que só deveria pertencer a Deus. Assim, permitiram que líderes e ministros cheios de sedução, exibindo seus “grandes talentos” sejam conduzidos para dentro dos recônditos mais íntimos, penetrando e inseminando suas mentiras dentro de seu interior.
Muitos vêm mantendo relações com esses falsos apóstolos e profetas, pois os mesmos sabem como poucos conduzir seus públicos ao êxtase e ao prazer de uma relação espiritualmente imoral.
A alegoria “sexualizada” deve nos levar a refletir nas muitas vezes que alguns de nós participamos de grandes movimentos emocionais, que nos conduziram a momentos de nirvana e êxtase espiritual. Momentos esses, que nos levaram a abraçar doutrinas de homens super ungidos, com grande talento para persuadir e conduzir mentes enfraquecidas pelo ardor sensual de paixões humanas, em sensações que não passaram de um simples momento.
Essas relações inseminaram dentro de muitos visões espetaculares que nunca chegaram a gerar frutos perenes, senão, pequenos instantes de prazer espiritual impuro. Desculpe, mas isso não vem de Deus, pois Deus é eterno e suas obras, glória e frutos, também são.
Como adúlteros, lá no fundo do coração sabe-se que por mais prazerosos que sejam esses instantes junto aos amantes, algo está errado.
Reflita por si mesmo, pois eu já refleti por mim, me arrependi e pedi pra voltar à Casa do Eterno.
Que Ele tenha misericórdia da igreja!