Recomendo a leitura para completar a reflexão: Lucas 15.11-24.
Saímos do pó, da terra e do chão, mas Deus através do Evangelho de Cristo Jesus nos propõe a glória das mansões celestiais. Infelizmente, alguns de nós perdemos essa revelação perfeita exatamente porque nossas escolhas e consequente posição de vida nos trouxeram ao chão, mais que isso, fizeram nos sentir pó e materializaram nossas esperanças no que é simplesmente terrenal. Antes, nosso coração pulsava pela presença de Deus, havia uma vontade em nosso ser por buscá-lo, de estar na presença Dele, a fim de reverenciá-lo. Hoje, o quadro é outro; como se uma imanência terrena ultrapassasse todo o sentido do Soberano Deus transcendente que mesmo sendo o Rei da Glória se importa conosco. Como foi bom nos sentirmos esclarecidos, superiores e trafegando sobre as vias do sucesso que este século prega. As vozes do humanismo nos abriram os olhos (como a proposta da serpente no Éden, para sermos donos de nosso destino) e a essa altura, restaram-nos poucas coisas absolutas; relativizamos tudo – até Deus.
As ruínas espirituais, morais e existenciais começaram quando deixamos de olhar para Deus e perdemos a comunhão com Ele. Dispensamos a sabedoria do Pai Onisciente para confiar em nossos conhecimentos e capacitações (como fomos tolos). Erramos o endereço da Nova Jerusalém quando abandonamos o mapa de Sua palavra. Relegamos a posição de filhos quando exigimos pela prematura partilha do que achávamos que era nosso, por simples ignorância e tenra vivência. O erro maior foi quando concluímos que a liberdade para ganhar o mundo seria mais promissora que nossa obediência à Sua voz paterna e segura. Como o filho pródigo, às vezes não percebemos a grandeza do Pai, sua generosidade e amor por nós. Ignoramos que a nossa posição junto à mesa farta e familiar é incomparavelmente melhor que a possibilidade de um futuro incerto e infeliz na companhia de porcos e seus cochos, numa desesperada tentativa de comer suas bolotas azedas e impróprias à nossa alimentação e sobrevivência.
Algumas pessoas estão numa semelhante situação desesperadora e se sentido literalmente no chão. E o pior; essa posição não é sinal de humilhação; são decepções e frustrações puras – se pudéssemos assimilar as experiências degustáveis (do pródigo com a nossa, às vezes), estes sentimentos comporiam o nauseante sabor daquelas bolotas. A situação parece a cada dia piorar, e não é o peso das mãos do Pai Eterno; são as conseqüências de nossas escolhas – a colheita do que plantamos. Não estamos apenas olhando para o chão, estamos com o rosto na lama. Não é como estar cabisbaixo (desanimado), é chegar ao ponto culminante da derrota; é não ter mais esperanças. Que contraste: há tempos passados, nos encontrávamos na mesa da bênção e não sabíamos. Agora, estamos quase a chafurdar sobre o resultado de nossa desobediência e altivez. A dramática melancolia e a conjunção metafórica impregnada neste texto estão longe de ser uma abordagem poética – tem aplicação literal para muitos que me leem – mas há esperança!
A reflexão de quem você é realmente sob a ótica de Deus, junto da decisão de mudar essa realidade momentânea são peças que se complementam em outra ação importante: atitude. Não existem fórmulas mágicas para viver a vontade de Deus, existe um caminho que é Cristo; o alimento para a caminhada que é a Palavra de Deus e coexistem consolo e esperança para a jornada de retorno concentradas no amor do Pai e em suas promessas. Há sem dúvida bênçãos para sua vida, reservadas para todas as vezes que você toma uma decisão de fazer o que é certo, conforme a vontade de Deus; há graças do Espírito Santo para todas as atitudes que você desenvolve para se aproximar do Pai, que está de braços abertos a te esperar. O milagre da transformação de sua vida só depende de você e Deus e ocorrerá quando você cair em si; quando romper com os encantos e afagos deste cosmos usurpador e galanteador; quando não se conformar em viver abastado das pobres riquezas deste mundo e em misérias existenciais. Deus tem coisas melhores pra você: levante-se, saia do chiqueiro e retorne para a casa paternal; pois lá ainda na chegada, os braços abertos do Pai lhe dispensarão perdão e acolhimento – Ele fará uma festa por e com você!