No artigo dessa semana não poderia deixar de falar do Natal, a data em que nós, cristãos, comemoramos o nascimento de Jesus Cristo. Teologicamente falando, sabemos das implicações que a encarnação do Messias prometido acarretaram ao mundo espiritual, pois Ele nos trouxe a salvação após a sua morte e ressurreição.
Porém, o Natal também nos traz implicações sociais, pois se trata de um marco histórico com amplo significado, também, na esfera cultural. Ainda que você não creia na pessoa de Jesus Cristo como o Verbo de Deus encarnado, o Salvador, poderá compreendê-lo como alguém que lutou e ressignificou os conceitos da humanidade para melhor.
O nascimento de Jesus Cristo nos permitiu olhar a humanidade a partir da sua essência. Por que estamos aqui? Qual é o sentido da vida? O que justifica às nossas relações sociais e vínculos familiares sob à perspectiva do que chamamos de “amor”? Por que lutamos pelo que lutamos, trabalhamos e buscamos atingir a determinados objetivos?
O Filho de Deus nos faz examinar cada uma dessas questões, a fim de que possamos enxergar o real valor da vida. Não foi por acaso que Ele, mesmo sendo Deus, nasceu num estábulo, ao lado de animais. O Senhor poderia ter providenciado para si uma maternidade luxuosa, onde Maria teria tido todo o conforto do mundo para dar à luz o Messias prometido.
No entanto, não foi o que aconteceu. Jesus nasceu numa condição de completa humildade, perseguição e ameaças, algo que marcou toda a sua trajetória. O Messias aguardado pelos judeus não foi reconhecido pelos “seus”, justamente porque ele não veio de um palácio, nem sob o poder da espada, mas pela maravilhosa Graça de Deus, através do Espírito Santo.
A promessa de libertação trazida por Jesus é muito mais profunda do que os ideais políticos que os judeus esperavam em sua época. Enquanto eles pensavam em um poder de governança temporal, superior ao de Roma e capaz de fazer ressurgir o império judaico, Cristo propunha a salvação para a vida eterna, com foco em um Israel celestial, mas vivenciado já aqui, na Terra, mediante a confissão e o arrependimento dos nossos pecados.
O que o Natal de Jesus também continua nos propondo, nos dias de hoje, é a busca por uma vida transformada pela libertação dos ideais de uma sociedade passageira, pecaminosa e cruel por estar distante de Deus. Isso deve nos trazer implicações práticas, o que significa não apenas proclamar os ensinos dos evangelhos, mas principalmente vivenciá-los.
Que em 2022, portanto, a nossa esperança de liberdade seja maior do que às expectativas terrenas nos campos da política e da cultura, mas que essa esperança também nos faça continuar lutando pelo que acreditamos, como os ideais de família, amor ao próximo e preservação da vida, fazendo todos a nossa parte como Igreja em busca de um Brasil melhor.
Com isso, desejo que este Natal não seja “mais um” na sua lista anual de festividades, mas sim a oportunidade de fazer jus ao real sentido do nascimento de Jesus Cristo, de modo que você e a sua família encontrem na pessoa do menino simples nascido numa estrebaria a verdadeira, única e eterna libertação oferecida por Deus à humanidade.