Nos anos 90 as músicas tocadas nas igrejas tinham características marcantes. Longas composições, com harmonias ricas e intrincadas, longas letras e uma grande variedade de instrumentos eram a marca da maioria das músicas ouvidas no meio cristão. Vineyard, Ron Kenoly e Asaph Borba dominavam a preferência dos líderes de louvor, e ser um músico de igreja significava ser uma enciclopédia ambulante de acordes.
Então uma palavra apareceu e começou a mudar tudo: Avivamento. As pessoas proclamavam uma paixão desesperada por Cristo, e era necessário buscar mais e mais Dele. Como música sempre marca momentos e fases da sociedade, era necessária uma nova sonoridade que se encaixasse com tudo aquilo.
Já não existia mais a necessidade de estrofes gigantes com refrões marcantes. Letras simples e espontâneas eram o necessário. Na parte instrumental, a riqueza harmônica precisava dar um passo em direção a algo que combinasse com espontaneidade, e o improviso se encaixou perfeitamente nisso.
Som da Chuva simplesmente tinha todos esses elementos, e com alguns outros que se tornaram padrão para os que viriam depois. Gravações ao vivo, músicas cantadas em mais de uma língua e declarações apaixonadas e espontâneas são elementos que até hoje estão presentes nesse estilo.
Após uma breve introdução, Come and Fill Me Up abre o CD calmamente, ficando vigorosa e alegre conforme vai se desenrolando. Jesus, Free Us é a música que faz a transição perfeita para as músicas mais voltadas para o novo estilo. Spontaneous, como o próprio nome já diz, é um longo improviso, e a essa altura a voz de Jeremy Bowser misturada a de David Quinlan é uma formula simplesmente maravilhosa. You’re So Precious Lord, Something New e All I Want To Do é uma sequência embriagante. Lord, We’re So Hungry (particularmente a minha preferida) e His Banner Over Me até hoje ainda são tocadas em várias igrejas.
Eu vivi esse momento onde o Avivamento se tornou um meio de focar em Cristo. Ainda lembro como se fosse hoje da sensação de ouvir essas músicas pela primeira vez. Foi arrebatador. Era uma reunião na minha casa, e naquele dia não teve palavra ministrada ou qualquer outra coisa, só lágrimas. Era como se tudo aquilo que estávamos buscando fosse traduzido em palavras, em música. Estou certo de que não sou o único que sentiu isso ouvindo esse CD.
Um álbum que merece não apenas ser conhecido, mas ocupar o lugar de queridos e clássicos da sua prateleira.