É inacreditável que depois de tantos avanços e desavanços na cultura do politicamente correto, estejamos testemunhando dias de regressão quase medieval. E não, não estou falando sobre a defesa dos direitos dos LGBT, não estou falando sobre políticas de protecionismo econômico e nem ao menos sobre o fechamento de fronteiras americanas para “certos” países árabes (em “prol” da guerra Anti-Terrori$mo).
Não estou me posicionando contra e nem a favor de nada, pelo menos por enquanto. Tenho minhas próprias convicções e opiniões. Mas, ao contrário dos muitos fanáticos seguidores de Trump, não vejo Cristo em muitos discursos e ações do homem que hoje ocupa a cadeira mais poderosa do planeta.
Alguns vão discordar e dizer que nunca tivemos um presidente tão cristão e evangélico quanto Donald, afinal, está correndo para cumprir muitas de suas promessas de campanhas, especialmente as que parecem tratar da agenda dos conservadores.
A beira da guerra civil?
Nos últimos dias observamos (alguns de queixo caído) juízes federias atuando em defesa de centenas de cidadãos americanos (de origem árabe), imigrantes possuidores de Green Card, turistas, estudantes, empresários, refugiados… não importa. Todos foram detidos, presos e interrogados. Eram imigrantes.
Milhares perderam compromissos, dinheiro, médico… Centenas foram separadas de suas famílias, numa situação para dizer o mínimo, constrangedora. No entanto, sem compreender totalmente como aplicar as novas regras, a polícia esforçou-se para cumprir o decreto do presidente.
Em instantes, protestos democráticos começaram a aparecer. A multidão dos descontentes se multiplicou em diferentes estados da nação. “Pelo menos por enquanto, não estamos vendo loucos fanáticos atirando em opositores” – pensei. Mas isso, porém, pode acontecer se a tensão continuar se elevando. Afinal, a América é famosa por coisas do tipo. O pior, contudo, é que o que Trump tanto teme, é o que provavelmente pode lhe acontecer. Um presidente que não goze (e busque) da aprovação do seu povo, terá um caminho muito difícil pela frente. Mas ao contrário de provocar aprovação, o que suas declarações e sarcasmo estão provocando é ódio e divisão.
Pelo que parece, Trump não ouve conselheiros, demite quem não concorda e trata a imprensa como seu staff pessoal (ou como os pobres candidatos do seu antigo reality show). Se não escrevem o que ele quer, vão sofrer conseqüências.
Obama deixou saudades?
Barack Obama foi o presidente que mais deportou imigrantes ilegais da história americana (um total de 3 milhões de pessoas), no entanto não foi à televisão se gabar do acontecido. Seu envolvimento na guerra da Síria foi desastroso e custoso, no entanto, pregava a reconciliação e igualdade social. Sim, são coisas difíceis de compreender, mas enquanto homem público soube ocupar sua cadeira com responsabilidade e pensar muito bem antes de abrir a boca. Não o defendo, mas o respeito pelo menos por isso.
Toda espécie de animais, aves, répteis e criaturas do mar doma-se e tem sido domada pela espécie humana; a língua, porém, ninguém consegue domar. É um mal incontrolável, cheio de veneno mortífero. Tiago 3:7-8
Feliz é a nação cujo Rei é justo, é sábio e compassivo. Tamanha é a benção de um “rei” assim que as escrituras nos aconselham a orar o tempo todo pelos líderes. Mas para um rei tolo, que não considera conselheiros e não age com sabedoria, é só uma questão de tempo até que ele caia no veneno de sua própria língua.
Trump não precisa da perseguição pela mídia. Trump dispensa vídeos fabricados. Ele próprio é seu próprio desastre. Sua arrogância e insensatez envergonham os céus. Mas enquanto não apoiar as causas “imorais” terá pelo menos o apoio de grande parte do Reino Evangélico.
Infelizmente possuir algumas políticas (até interessantes) para restauração da economia, não serão suficientes para resgatar a Nação. Se Trump não conseguir controlar sua língua (bom lembrar que ele é quem escreve as pérolas do seu twiter), não vai demorar muito para que caia. Nem precisa de Fora Trump. Vai cair sozinho e o pior… pode levar o mundo ao caos. Mas quem sabe ele muda.