Essa semana eu conheci o Seu Marcos, um senhor com quase 60 anos de idade. Havia sido despejado do quarto onde estava morando por falta de pagamento. Não consegue emprego por conta de uma úlcera em sua perna que o impossibilita de andar normalmente (estava de muletas).
Quando vi esse senhor pedindo ajuda, parei para ouvi-lo. Infelizmente, em São Paulo existem muitos profissionais da rua. São mentirosos e experts em inventar histórias a fim de ganhar um trocado a mais. Minha tendência é de sempre duvidar das histórias que ouço.
Ele queria apenas voltar para sua cidade para encontrar seu filho. Sua esposa havia falecido a pouco tempo e agora estava na rua. Me mostrou as feridas em sua perna, e pediu ajuda. Desde que fiz um desafio para mim mesmo a uns meses, de que ajudaria pessoas que não tivessem condições a mudar de vida, comecei a enxergá-las de forma bem diferente, o que me mostra quão indiferente sou em tantos momentos.
Olhei para ele, e fui tomado de compaixão. Meu coração doeu de ver aquela história. Respondi que o levaria na rodoviária e pagaria sua passagem. Seu semblante mudou. Ficou extremamente feliz, e mostrou seu braço arrepiado diante daquela frase que eu disse. Pra mim não era nada demais, pra ele, o tiraria das ruas.
Eu ainda estava ocupado e pedi que ele esperasse um pouco. E logo percebi o quão ruim eu sou. Me achei bom por estar ajudando aquele homem a voltar para casa, porém sequer me importei se ele estava com fome ou não. Ele tinha um pacotinho de bala nas mãos e comia aquelas balas como se fossem uma refeição. Tremi. Meu coração doeu novamente. Parei o que estava fazendo e o perguntei: o senhor já comeu alguma coisa? Ele olhou para mim, abaixou a cabeça e respondeu que não. Então o levei para comer.
Sentar com alguém para comer é dividir a intimidade com esta pessoa. Quantas vezes ajudei pessoas, mas não me importei com suas necessidades espirituais? Quantas vezes apenas dei dinheiro, mas o que tinha de mais importante não dividi?
Ali sentado na frente daquele senhor castigado pelo tempo, novamente meu coração doeu. Ele dizia que queria uma nova história. Queria fazer diferente. Isso eu não poderia dar para ele, e isto era o que ele mais precisava. Mas eu conhecia alguém que podia, Deus.
Ele me contou um pouco mais sobre sua história, e sobre seu filho ter o mesmo nome que eu, e novamente disse que queria começar de novo. Quando chegasse em sua cidade, tudo seria diferente.
Confidenciou que a mais de 3 anos atrás bebia mais de 2 litros de cachaça por dia e que um dia resolveu mudar. E depois disto nunca mais bebeu, mas que agora estava tentando se livrar do vício do cigarro.
Então o perguntei: tudo será diferente mesmo? Ele respondeu que sim. Então comecei a questioná-lo sobre sua fé:
– Senhor Marcos, o senhor conhece Jesus?
– Sim, claro. Frequentei a igreja já.
– Se o senhor morresse hoje iria para o céu?
– Acredito que sim. Eu não desejo o mal pra ninguém, sou um bom homem. Iria para o céu sim.
– Hum. Seu Marcos, o senhor já mentiu alguma vez?
– (?) já.
– Ok. O senhor já desonrou seu pai ou sua mãe? Já brigou com eles alguma vez? Desobedeceu?
– Sim.
– O senhor já desejou os bens de alguma pessoa?
– Já.
– O senhor já deixou Deus em segundo plano alguma vez, colocando alguma coisa acima dEle?
– Já.
– Seu Marcos, o senhor já traiu sua mulher quando ela era viva?
– Sim.
– O senhor, já matou alguém?
– Não!!! Nunca.
– Mas, Jesus disse no sermão do monte, que se apenas em pensamento, nos irarmos sem motivos contra um irmão, já pecou. O senhor já fez isto?
– Sim.
– Seu Marcos, posso te dizer com toda certeza, diante de suas palavras, que o senhor já transgrediu contra todos os 10 mandamentos. E olha que nem estou entrando em outros mandamentos que são 613 ao todo na lei. O senhor ainda acha que Deus vai permitir que você entre no céu?
– Olhando desse jeito não. Mas ele deixaria, porque a partir de hoje vou viver diferente.
– Mas e tudo que o senhor já fez de errado? Quase 60 anos de pecados? Seria Deus injusto em não punir isto?
– Mas então estou perdido.
– O senhor sabe por quê Jesus veio ao mundo??
– Por quê?
– Jesus veio para sofrer a punição pelos nossos pecados. Ele pagou o preço no nosso lugar. Todos nós merecemos ser condenados por Deus por causa de nossos pecados. Mas Deus nos amou tanto, mesmo sendo pecadores, que enviou Jesus, para sofrer a nossa punição naquela cruz, e então, a partir dEle podemos ser salvos. Você crê que Jesus morreu no seu lugar? Você se arrepende de seus pecados?
– SIM!! Quero mudar. Creio em Jesus.
– O senhor reconhece que o senhor não tem condições de guiar sua vida e nem de mudá-la, mas que Jesus pode ser o seu Senhor, e pode mudar sua história?
– Creio! Eu quero isto!
Aquele homem diante de mim orou a Deus pedindo que Jesus fosse o Senhor de sua vida. Eu então, com menos fé que ele, lhe disse: Senhor Marcos, se de fato você entregar sua vida a Jesus, Ele pode mudar a sua história.
E então, novamente aquele homem me deu uma lição: – Ele já mudou!! Ele acabou de mudar!!!
Aquele que estava aflito e angustiado, agora tinha brilho em seus olhos e fé em seu coração para iniciar uma nova jornada. E já no início de sua jornada, já estava me ensinando com sua fé.
Descobri que Deus havia mudado a vida daquele homem. Deus não mudaria a sua história, ela acabara de ser mudada. Era um novo começo, em Jesus, um recomeço. Isso é o cristianismo. Esse é o simbolo do batismo.
Como você tem vivido sua vida? Como tem sido seu cristianismo?