As imagens são chocantes. Estão por todos os lados: das redes sociais aos noticiários da TV. Corpos decapitados, crianças queimadas, pessoas crucificadas, jovens abusadas sexualmente – vendidas como escravas e o tráfico de órgãos são apenas algumas cenas da realidade mais chocante e cruel que o mundo experimenta desde a II Guerra Mundial: a guerra civil da Síria.
Isto é terrível mas parece não ser suficiente para provocar uma escala de reações capazes de fazer cessar o horror. Na verdade, parece que o mundo (e o Brasil) assiste de camarote. Falando em Brasil, é interessante lembrar que há um tempo atrás, nossa presidenta afirmou que se deveria buscar o diálogo com “terroristas”. Sendo assim, fica claro que nosso governo, como muitos outros, continuará apático ao que acontece do outro lado do mundo.
A História está sendo marcada por mais um capítulo hediondo, contudo, nada há de novo debaixo do sol, nem mesmo o que está acontecendo na Síria, Iraque e outros países do Oriente.
Flagelos como estes e crimes contra a humanidade eram bem conhecidos na época da Igreja Primitiva. Na verdade, a primeira igreja conheceu barbáries muito similares ao que hoje vemos no Oriente. Pelo simples fato de serem cristãos, homens e mulheres eram arrastados, dilacerados por feras e decapitados em praça pública. Alguns chegaram até mesmo a morrer crucificados como o Mestre. Por fim, a história nos conta que tais práticas continuaram com o tempo, tornando-se ainda mais cruéis, por exemplo, na época das Cruzadas.
Saulo, de perseguidor a perseguido.
Quem era Saulo?
Paulo ou Saulo de Tarso, assim chamado por ter nascido na cidade de Tarso, na Cilícia (Turquia) entre os anos 5 e 10 dC. era filho de judeus, da tribo de Benjamin. Foi circuncidado ao oitavo dia e cresceu seguindo a tradição judaica.
“Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; segundo a lei, fui fariseu” (Filipenses 3:5).
Nas suas Cartas podemos ver seu caráter. Às vezes um homem carinhoso (que ao escrever às comunidades comparava-se a uma mãe) e em outras situações, severo. Não abria mão das suas ideias e ameaçava com castigos.
Como judeu zeloso e seguidor da lei, era radical no seu desejo de combater as heresias. E assim, com a permissão das autoridades, Saulo tornou-se um grande perseguidor da Igreja de Cristo.
“E naquele dia levantou-se grande perseguição contra a Igreja em Jerusalém; e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria”. “E Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão”. (Atos 8.1,3)
No caminho de Damasco, numa estrada que levaria a capital da Síria, uma visão mudou sua vida totalmente. Saulo “viu” aquele a quem perseguia. E a partir daí tornou-se Paulo, o apóstolo de Cristo, o pensador, o teólogo e acima de tudo, o missionário que levou o Evangelho do Senhor a quase todo o mundo conhecido de então.
Sabemos que por amor ao Mestre, Paulo sofreu grandes dores (até a morte) sem nunca, contudo, deixar de amar e de pregar.
E é na vida do apóstolo que me inspiro para orar pelos soldados do Estado Islâmico e por todos os demais radicais que estão alimentando de sangue inocente as terras do Oriente.
Que o perseguidor se torne o perseguido.
No Oriente sabemos que o que tem causado a transformação no coração de muitos muçulmanos, é um encontro “sobrenatural” com o Senhor. Algo muito parecido com o que aconteceu com Paulo. Pessoalmente, ouvi muitas histórias semelhantes de refugiados tendo sonhos e visões e assim buscando conhecer mais daquele Homem que lhes falava com tanto amor. Na realidade, esta é quase a única esperança que tenho para este momento pelo qual passa o mundo e especialmente a Síria.
Que os perseguidores se tornem “perseguidos” é uma alusão a transformação pela qual passou o apóstolo. Se o Senhor transformou a vida de Saulo, aquele de coração tão duro, que tanto mal fazia aos cristãos de sua época, pode fazer o mesmo e até mais, pelos radicais, jihadistas, fanáticos e tantos outros que hoje tem se levantado para fazer tanto mal.
A verdade é que Deus ama todos os homens, até mesmo os soldados do Estado Islâmico, por mais incoerente que isto possa parecer.
Muitos estão se desiludindo com este sistema do mal, mas centenas de milhares ainda permanecem enganados. Por isso, precisamos continuar orando e orando de forma específica. Imagine o que pode acontecer se soldados cruéis se transformarem em agentes de amor. Deus já está fazendo isso. Ele é a nossa única esperança.
“Que o perseguidor se torne o perseguido” continuará sendo minha oração para o Oriente Médio. Ore comigo!