No meio cristão existe uma dicotomia muito grande no que diz respeito à música e pregação que é a diferença entre ministério e profissão. Estas duas coisas podem até andar juntas, mas não são a mesma coisa.
É muito importante definir antes o que é um ministério e o que é uma profissão.
Ministério é quando eu coloco meu dom (que recebi de graça pois não pode ser adquirido, mas sim, é recebido de Deus) em prática visando a edificação do corpo de Cristo para sustento de Sua obra. É quando me disponho como instrumento nas mãos de Deus, que me usa por sua graça e misericórdia. Ao exercer um ministério, é impossível que se estabeleça um PREÇO, pois ao exercer tal ministério o objetivo nunca será o lucro, mas sim a glória de Deus. Obviamente, o ministro pode ser de tempo integral tendo que se sustentar para se manter na obra, e pode sim pedir OFERTAS para seu sustento. O chefe do ministro é Deus, ele não tem chefe humano e nem contratantes, antes ele obedece ao que Deus manda. Ele não tem que falar o que querem ouvir, antes o que Deus mandar.
Ao contrário de muitos, não negociamos a palavra de Deus visando lucro; antes, em Cristo falamos diante de Deus com sinceridade, como homens enviados por Deus. II Co 2:17
Profissão é algo que é adquirido por estudo, esmero, conhecimento, vocação. Não é algo recebido de graça, mas sim adquirido. Seja médico, músico, professor, mecânico, advogado. É necessário um dispêndio de tempo, estudo. E é para o sustento da pessoa. Um bom profissional ganhará cada vez mais no mercado. Um mal profissional ganhará menos ou ficará desempregado. Existe sim um PREÇO a ser pago para se ter um profissional trabalhando para você. O profissional tem um chefe ou um contratante e deve fazer exatamente o que for proposto em contrato e requerer aquilo que lhe é de direito em contrato.
Porém até que ponto o ministério anda junto com a profissão? Só porque alguém se considera cristão, isso necessariamente significa que Deus está abençoando tudo o que ele faz? Só porque se tem o título de pastor e se recebe um salário de pastor, tal pessoa terá unção? Ou mesmo um ministro de música?
Se um músico ou pregador está sendo pago para tocar ou pregar e está abençoando pessoas ou “ganhando almas”, isto não seria um ministério?
O que acontece hoje no meio gospel é uma confusão entre ministério e profissão. Muitos acham que o músico não pode nem pedir oferta porque: “de graça recebeste, de graça dai”. Mas os mesmos que falam não acham ruim de ter um salário, mas o músico pode morrer de fome? Em contrapartida outros acham que podem se enriquecer e ficar milionários às custas do ministério.
É extremamente importante saber diferenciar isto, pois o mercado gospel só se chama assim por ser um nicho, mas não tem NADA a ver com ministério. Até a Globo entrou neste mercado. Os valores são profissionais. E se um músico cristão ou não for estabelecer qualquer contrato neste MERCADO gospel, ele também deverá entender que é um PROFISSIONAL oferecendo seus serviços em troca de um PREÇO. Muitos criticam isto e de certa forma criticam corretamente pois muitos estabelecem preço pensando que estão em um ministério e isto não é verdade. O objetivo do MERCADO é o LUCRO. E isso não tem nada a ver com o Reino de Deus, mesmo que tenha roupagem de piedade e diga que está pregando o evangelho.
Existe algum problema no mercado gospel? Se for encarado como Reino de Deus, ou cristianismo, tem todos os problemas do mundo. Agora, se for encarado como algo meramente profissional, é algo secular, que tem o nome gospel apenas por ser um nicho. E hoje, o mercado gospel está mostrando ao país que a população evangélica também consome, tem gostos, preferências, etc. Antigamente, em pesquisas de mercado, eles excluíam as opiniões dos ditos evangélicos, sabiam disso? Hoje estão querendo entrar neste mercado.
Quando falo mercado, digo consumo. Todos nós consumimos. Gostamos de ir a shows (que tem altos custos), gostamos de ouvir músicas pra curtir às vezes, gostamos de viajar, temos uma série de desejos. Contudo, o mercado gospel não tem NADA, absolutamente NADA de espiritual. É tão secular quanto qualquer outro mercado. E às vezes é tão profano quanto outros mercados, pois é focado em lucro, pois se não há lucro, não há mercado.
Porém se um músico cristão ou pregador é dirigido por preço, ele não tem um ministério e sim uma profissão. Ele fará músicas ou pregações que são comerciais e o que o público quer ouvir a fim de ter mais sucesso, e não pensando em abençoar as pessoas oferecendo aquilo que elas de fato precisam.
Um ministério é o músico estar disposto a abençoar pessoas independentemente do que derem a ele. Isto é cristianismo. É saber que a recompensa vem de Deus. E sim, ele pode exercitar sua profissão em outros lugares a fim de conseguir o seu sustento ou complementar o seu sustento.
Muitos músicos cristãos criticam os “popstar” gospel por cobrarem preços absurdos, mas os mesmos músicos já tocaram em locais seculares. Sabe qual a diferença entre tocar em um barzinho e tocar no festival Promessas da Globo? Somente os números!!! Mas espiritualmente não há nenhuma diferença. Se o objetivo for evangelizar, você poderá fazer em qualquer um dos dois ambientes, se for ganhar dinheiro, ganhará em qualquer dos ambientes. Se há um contrato, e o contratante se propõe a pagar o valor devido, não estamos falando de OBRA DE DEUS, e sim de um SERVIÇO PROFISSIONAL. Infelizmente igrejas e ministros tem confundido isto e tem secularizado aquilo que é sagrado.
O paradigma a seguir é Jesus, no novo testamento, os apóstolos e todos os exemplos para nós pediram ofertas sim, mas todos eles se gastaram pelo Reino e não ganharam lucro algum em cima disto.
Infelizmente hoje no meio cristão temos muitos pastores “profissionais” em busca de dinheiro e não de glorificar a Deus. E muitos músicos profissionais que sequer dão atenção à convites daquelas igrejinhas que não tem condição de pagar para tê-los lá. Em contrapartida, existem homens e mulheres que são consagrados a Deus e também têm proeminência, tem um grande público, mas não se dobraram diante do deus mamom, antes seu chefe é Deus e não o dinheiro. Estes, você verá honrando a Deus seja diante de multidões seja tocando ou pregando em igrejinhas.
Obviamente que a questão não é o dinheiro em si, afinal o dinheiro não é o foco, e sim onde está o coração do músico ou pregador. Se uma igreja tem condições de honrá-lo e pagar uma boa oferta, ou se em um show pago, pode dar parte da arrecadação ao músico, isso é justo. Porém o coração do músico é de adorador e não de um profissional que faz apenas para ganhar dinheiro.
Saiba diferenciar o que é profissão e o que é ministério. Para que você não perca seu ministério em busca de enriquecimento profissional. Que Deus abençoe sua vida!