“Digo-vos que naquela noite estarão dois numa cama; um será tomado e o outro será deixado. Duas estarão juntas, moendo; uma será tomada, e a outra será deixada. Dois estarão no campo; um será tomado, e o outro será deixado”. Lucas 17: 34-36
Os versos que antecedem esta revelação de Jesus citam dois ‘tempos’ que já haviam sido experimentados pela humanidade. Neles, é citado um momento chamado de “dias de Noé” e um outro, denominado “tempos de Ló”. Naquele primeiro, ficou claro na pregação do Senhor que os que ouviram o chamado de Deus e entraram na Arca foram salvos; já no segundo, aqueles que saíram da cidade amaldiçoada e não olharam para trás, foram poupados da morte.
Não tenho a pretensão de criar nova teologia sistemática, ou decifrar algum estudo acerca de dispensações. Não! O que quero aqui é mostrar o que as palavras de Jesus revelaram a meu coração acerca da salvação.
Se naqueles dois momentos anteriores, as pessoas tiveram que fazer algo que as diferenciasse das demais (entrar na arca e fugir da cidade), qual será a atitude que fará a diferenciação dos escolhidos nos dias do Filho do Homem (nossos dias, creio)?
O texto diz que estarão dois deitados numa cama e somente um será salvo; dois estarão moendo e somente um será salvo; dois estarão no campo e um apenas será poupado.
Já ouvi pastores pregando que a Igreja, o templo, é a Arca de Noé de nossos dias, dando a entender que o fato de “congregar” numa denominação evangélica determina nossa salvação. Como me disse um importante bispo de uma grande denominação brasileira, certa vez: “Rafael, congregar é estar arrolado dentre os membros de uma igreja local”.
Da mesma forma, outros podem dizer que a atitude de “sair” do mundo pagão, separando-se fisicamente do secularismo, adotando um estilo de vida “monástico”, de aparência sacrossanta, tal como Ló, que saiu da cidade maldita, poderia garantir a salvação.
Grandes erros de interpretação, segundo estas palavras de Jesus, é o que vejo.
Neste tempo, o fator que determina a salvação de alguém está oculto em seu interior! O texto diz que, aparentemente, duas pessoas iguais, com funções e vidas sociais semelhantes, estarão andando juntas pela vida e naquele dia, serão separadas, pois uma será salva e outra condenada. Poderão estar realizando a mesma obra, dentro da mesma igreja, talvez cumprindo seu chamado no mesmo grupo de louvor ou no mesmo campo e agência missionária, sendo, contudo, uma salva e outra condenada.
Qual é a diferença? Será que tudo é mera questão percentual e que salvação e condenação se darão meio a meio?
A diferença é que em outros tempos bíblicos, tempos de Velha Aliança (os quais confundem até hoje a mente religiosa) a obediência ritual determinava a salvação das pessoas, mas, nos dias da manifestação de Jesus – que tem olhos como chama de fogo – todos serão julgados segundo coração e motivações, que podem estar escondidos bem além das aparências e das ações rituais.
Tempos em que era fundamental que a pessoa peregrinasse para um lugar sagrado, um templo bendito e ritualisticamente preparado, que se encontrasse com um profeta especialmente ungido, um juiz consagrado, um rei predestinado ou um monte tradicional.
Mas tudo isto foi quebrado em Jesus, no exato instante em que o véu do Templo Velho foi rasgado, abrindo a revelação da Verdade, espalhando-a a todos os cantos do mundo, em todos os tempos, desde então. Foi o que o Senhor disse a Mulher Samaritana e é o que vigora para estes dias.
Em contraste aos ritualistas cínicos e cênicos, os quais lançam mão ao sistema clerical para frisar sua obediência ritual estarão aqueles que vivem em harmonia com a vontade de Deus, inspirados sinceramente em sua Palavra revelada, andando em comunhão com Ele, podendo alcançar sua salvação, graciosamente.
Avaliemos bem as bases de nossa religião!