Um dia desses, há poucos meses atrás, entendi em meu espírito que deveria mudar, sair, levantar, sacudir a poeira, encarar novas possibilidades. Sempre soube que a maioria vive de bravatas e que o ato dinâmico de seguir em frente e pagar o preço da mudança era pra poucos. Tive que renovar minha fé e acreditar que aquilo que eu sempre pregava, serviria também pra mim!
Aprendi na pele de reparador que repaginar, reinventar, refletir e ressurgir são coisas ligadas ao ato de reparar!
Percebi: é tempo de reconstruir, mas o que vou reconstruir?
Cheguei a Minas e os crentes me perguntaram: o que você está fazendo aqui?
Vai iniciar um movimento, vai abrir uma nova igreja, vai pregar nas esquinas, vai fazer um programa de rádio?
Pensei e respondi: já comecei minha revolução, em silêncio! Quando me sento à mesa das pessoas nos bares e converso com elas, quando me coloco à disposição do necessitado, buscando me tornar seu amigo (não um boneco travestido com panfletos na mão e versículos decorados, mas alguém que deseja compartilhar sinceramente o que de Deus recebeu), quando canto uma canção que toca um coração e o faz emocionar-se, quando a voz e o dom alcançam a intimidade do transeunte que passava desatento, tal como peixe atraído pela isca, fisgando pessoas… Me vejo vivendo a verdadeira promessa do Mestre: farei-te pescador de homens!
Não quero mais fazer festa pra crente apóstata, bater palma pra louco dançar, pois a igreja se perdeu e pior, se perdeu do seu Senhor.
“Onde está Jesus?” – Maria perguntou diante do túmulo vazio – e o anjo respondeu: “Por que vocês estão procurando entre os mortos aquele que vive?” (Lucas 24:5).
Que resposta é esta? Onde estava Jesus, afinal?
Ora, Ele esta vivo, simples assim. O fato do Senhor não estar morto já explica porque não se deve procurá-lo em uma sepultura, óbvio.
Crente, pare de procurar aquele que vive entre os mortos, pois Jesus ressuscitou e não está mais no sepulcro.
Se formos ao cemitério encontraremos túmulos ornamentados com cruzes, anjos e diversos outros símbolos cristãos, mas sabemos em nossa consciência que lá dentro não há nada além de ossos e restos mortais, pois a vida já se foi.
A igreja se transformou num sepulcro quando passou a se misturar com o sistema do mundo, quando enxergou as possibilidades de ganho na política dos homens, quando permitiu que a corrupção tomasse seu lugar nos bancos em cima dos púlpitos, quando passou a violentar e estuprar a Noiva de Cristo, sugando a vida e a esperança dos pequeninos, ferindo-lhes a consciência, golpeando seus corações sinceros e cheios de boa fé.
Jesus não está mais ali, tudo o que restou foi um véu cobrindo a ausência de uma glória antiga que já se foi, mas que continua a manipular os que, com preguiça de reinventar-se e agir, se acomodaram aos ritos mortos, trocando uma relação viva pela conformação com o sistema que opera a morte.
Onde está Jesus?
Eis a resposta: “No caminho, conversavam a respeito de tudo o que havia acontecido. Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles” Lucas 24:14-15
Jesus está no Caminho, andando com as pessoas, conversando com elas, fora do Arraial, fora da religião, fora dos sistemas pré estabelecidos que coordenam a fé alheia, Jesus está plantando a semente no coração dos ímpios, dos gentios, dos pagãos, dos pecadores.
Meu último apelo nesta última carta que vos escrevo é este: saiam das igrejas e voltem a andar com Ele; abandonem essa cripta, pois Jesus está no bar, na rua, na praça, tocando violão com os grupos de meninos e meninas, está em meio aos que bebem, que fumam, que se drogam por não ter outra perspectiva que lhes de satisfação, Jesus está pastoreando suas ovelhas e resgatando-as do mesmo lugar onde eu e você fomos resgatados.
Havia me esquecido onde era, mas agora lembro e voltei pra lá, vivo entre eles, mas não como um deles e sim como um de Deus.
Abraço a todos,
rafael