“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens”. João 1:1-4
Apesar da clássica revelação que se tem deste texto, que aponta automaticamente pra Jesus, existe nele muito mais sentido e profundidade do que os nossos ouvidos costumeiramente ouvem. Falo isto baseado na premissa tradicional de que o Verbo é Jesus, a qual, ainda que profeticamente correta, esconde outros sentidos que são capazes de amplificar o entendimento do cristão.
Talvez a maioria não saiba que Verbo, neste texto, é traduzido da palavra grega Logos. Por sua vez, Logos significa, de forma estendida, “pensamento ou conceito” ou ainda, “a expressão ou declaração de um pensamento”.
Olhando pra texto sob essa perspectiva, pode-se dizer então, parafraseando, que Deus possuía um conceito, uma idéia que O acompanhava desde o princípio.
Imagino que Ele tinha um projeto muito bem fundamentado em seu coração e essa idéia se tornaria a Obra prima de sua Criação.
Não quero cogitar tocar na Santíssima Trindade com minha rasa teologia, só quero divagar nas possibilidades de que Deus – ao invés de ter Jesus (pessoa) ali do lado dEle desde o princípio – tenha tido uma idéia, um projeto com o qual vinha sonhando desde o princípio.
Com muita imaginação acho que conseguiremos ver Deus pensando, conceituando, elaborando e arquitetando algo com todo carinho, depositando nisso suas virtudes, de sabedoria, amor, compaixão…
Como sonhador que sou, consigo visualizar Deus sonhando com a realização de seu projeto, vislumbrando o dia em que a expressão de seu pensamento tomasse forma e vida, sendo plantada dentro deste sistema de coisas corrompido.
É o que podemos observar um pouco mais adiante no Evangelho de João, quando vemos que esse conceito divino passa a tomar forma humana, fazendo-se carne, materializando entre os homens o projeto de Deus.
“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”. João 1:14
No princípio, Deus teve uma grande idéia e há cerca de dois mil anos, Ele conseguiu plantá-la no solo do Universo material, fazendo com que a humanidade alheia a essa revelação pudesse ter acesso a todo seu pensamento numa linguagem acessível, revelada, materializada, Jesus, o Filho.
Jesus é a interface ideal, o projeto perfeito de Deus que traz em si toda revelação do pensamento e das virtudes do Deus Pai, pois nele habita corporalmente toda essa expressão.
Em sua vida, essência e Obra, Jesus deixa um legado para a Igreja, o legado de um conceito com o qual o Pai Celeste planejou para ser vivido por cada filho desde os primórdios da eternidade (seja lá onde e quando fica isso).
Como isso pode ser experimentado? O verso 14 responde que a vivência desse conceito se dá em estar no mundo, entre os homens, não sendo como os homens, mas, influenciados, nutridos com o ideal de Deus revelado em Cristo, vivendo cheios de graça e de verdade e, como resultado, manifestando a Glória do Pai, ou seja, sendo testemunhas dessa obra.
Parece que compliquei o que parecia muito simples, mas é assim que minha mente funciona. Preciso entender, ir além, abstrair, ir mais fundo e espero que cada um daqueles que ler esse texto sejam igualmente abençoados por essa palavra que me move a caminhar neste mundo como parte do edifício, vivenciando integralmente essa experiência fantástica e carinhosamente projetada por Deus, para que possamos revelar ao mundo em nosso derredor a Luz que ilumina as gerações em trevas.