Levamos muito tempo na formação e no reconhecimento de nossa própria identidade nacional, nossa brasilidade.
Somos coloniais nos mais importantes aspectos de nossa mente coletiva, em questões que vão desde a econômica até a cultural!
Além de sermos enganados acerca de nossa própria história pintada em quadros mentirosos e contada por livros que narram versões de uma elite mandante (vendida por interesses comerciais internacionais), tudo o que recebemos em nossa formação vem de fontes que nada têm a ver com nossa terra.
O que ouvimos nas rádios, o que vemos na TV, a música que nos martela a mente dia após dia e de ano a ano, seja ela do estilo que for, é toda importada de algum lugar.
Globalização? Seja por mar, por terra ou via satélite, ela sempre existiu. Globalização é o termo que se dá hoje ao fenômeno imperial de outrora na história da humanidade.
Quem lê o extraordinário e elucidativo Livro dos Macabeus, na Bíblia mais comumente utilizada pelos católicos, pode ver que o bojo da revolução ali narrada estava justamente nessa resistência à sede pela predominância econômica e cultural dos povos. Naquela ocasião, logo após a morte de Alexandre Magno, Antíoco Epífanes tentava introduzir à força os costumes gregos ao povo judeu.
Numa ação que demonstra o zelo religioso e o patriotismo de alguns judeus, que não se venderam aos interesses dos gregos – os quais almejavam construir um estádio olímpico em Jerusalém e chegaram ao cúmulo de oferecer um porco a Zeus dentro do Templo da cidade.
Descrevendo a revolta dos Macabeus como uma verdadeira guerra santa, o livro traz um estímulo a todos os povos que desejam encontrar, ou preservar sua identidade nacional e religiosa.
Penso (eu), que Deus nunca quis moldar culturas, aliás, o Livro em questão demonstra que esse é um papel comum de Impérios Globalizadores. Deus quer nascer no âmago das nações, no coração de seu povo, mudar sua essência, levar os corruptos ao arrependimento, produzir justiça através de mentes renovadas, à partir do processo espiritual inaugurado por Cristo: o Novo Nascimento!
Hoje, prestes a completar 40 anos da idade, tenho feito o caminho de volta, cultural e religiosamente. Estou em busca de minha brasilidade e de uma verdadeira cristandade. Tenho buscado conhecer melhor minhas raízes sul-americanas, estudado e meditado mais sobre uma religiosidade não meramente comportamental, exterior, mas uma que revele Cristo dentro de mim e através de mim.
Isto é mais que catequeses, que doutrinações, que domesticação religiosa e cultural. Sei que o Brasil é por natureza um blend cultural, uma miscigenação desde suas vísceras, mas acredito que ainda é tempo de buscarmos por nossa identidade, de soltarmos esses nós transmitidos por culturas que nada tem a ver com nossa história e nossa terra.
Sei que existe um Evangelho puro, genuíno que nasce no âmago do coração do brasileiro. Não é o evangelho católico, tampouco segundo o espiritismo, ou o evangelho evangélico. É a Boa Nova de Cristo, que vem junto com o novo nascimento, que é ensinada pelo próprio Deus, na relação de cada filho espiritual diretamente com Ele.
Se Deus é brasileiro, por que o adoramos como se fôssemos europeus e norte americanos?
p.s.: A ilustração acima é da extraordinária artista Anna Anjos