A repercussão que a Bíblia Freestyle provocou (não conhece ainda?) me fez observar uma coisa interessante. Depois de dar entrevistas e infinitas explicações sobre as reais motivações deste projeto, percebi que ninguém escuta o que outras pessoas falam.
Os repórteres da Globo, SBT e diversos jornais escreveram besteiras estapafúrdias. Uns disseram que eu sou o primeiro pastor NO MUNDO a pregar de bermuda e chinelo. Outros disseram que eu sou o fundador da minha própria Igreja (o que não é verdade). E houve até quem escreveu o meu nome errado uma meia dúzia de vezes na reportagem. Repórteres fingem que te ouvem, balançam a cabeça em sinal de aprovação, mas não te escutam. Escrevem e publicam o que querem.
Filhos também fazem o mesmo. Não ouvem seus pais. Se bem que em alguns casos os pais não estão falando nada. Estamos tão viciados a este ciclo de omissão, que já nem tentamos conversar com nossos filhos. Vejo mães brigando com crianças pequenas no supermercado, mas elas não percebem que a bagunça que seu filhos provocam é reflexo da educação (ou falta) que lhe deram. Continuamos cultivando doenças venéreas, filhos fora do casamento, enterrando dinheiro em futilidades… tudo porque não sabemos OUVIR os mais velhos.
Empregados não ouvem o patrão. Fazem sinal de positivo com a cabeça, usam frases de efeito para transmitir aquele sentimento positivo, mas a verdade é que fazem do jeito que querem e quando querem. Isso é tão realidade que hoje percebemos que não há um problema real de desemprego. O que há é falta de qualificação ou falta de gente que queira realmente trabalhar.
Cristãos não ouvem o que pastores ensinam nos cultos. A não ser que seja conveniente, claro. Se a mensagem é sobre cruz, sobre morrer para si, sobre repartir com os que possuem menos, aí apertamos o botão delete que fica localizado estrategicamente ao alcance da mão durante o culto. E voltamos a nossa hipocrisia fingindo que nunca sequer ouvimos falar destas verdades inconvenientes.
Pastores não ouvem a Deus, pois o negam com suas tradições diversas vezes. Da mesma maneira que se tornou um costume comum entre os judeus o tapear a lei dizendo que suas posses são “consagradas a Deus” (tudo isso com o propósito de abandonarem sua família), hoje vemos homens que estão defendendo coisas que possuem aparência de sabedoria e ancestralidade, mas que na verdade não possui sequer base bíblica.
Trocamos os ídolos de barro por nossa liturgia e teologia. Os adoramos em detrimento da verdade. Não estamos abertos ao novo, pois mexe com nosso conforto. Vivemos uma vidinha estúpida que tem apenas um propósito “ministerial”: garantir que o sistema permaneça funcionando.
Por não darmos ouvidos ao que Deus diz, nos tornamos agentes da Matrix. Administramos as contingências e lutamos ferozmente contra quem ousa questionar quaisquer coisas, mesmo que à luz da Palavra de Deus.
Pastores que não ouvem a Deus (e são muitos), são apenas pastores de si mesmos. Cuidam de seus próprios interesses e negam a Verdade de Deus em favor de seus salários e benefícios eclesiásticos.
Não precisamos de uma nova Reforma. Precisamos apenas OUVIR o que nossos antepassados reformadores disseram. Pois o que nossos costumes tem transformado a Igreja é tão sujo, que até a esposa do profeta Oséias (a puta) parece santa.
Que o Senhor abra nossos ouvidos!