Atualmente vejo as agências missionárias fazendo seus trabalhos isoladamente umas das outras e das igrejas locais.
Vejo as igrejas que tem ação missionária com um olhar de indiferença e até certa desconfiança das intenções das agências e copiando-as na questão do isolamento.
Cada um cuidando do seu arraial!
1. A falta de ensino da responsabilidade da igreja quanto à ação missionária no mundo desde a sua nascente, levou a igreja brasileira a demorar a entender que deveria se tornar autóctone e também se responsabilizar pela ação missionária no mundo.
A igreja da recepção está demorando a tornar-se a igreja da doação.
2. O fato da igreja de então, não compreender seu trabalho além fronteira, fez com que as agências missionárias brasileiras se formassem através de um processo de abortamento e não por uma necessidade natural. Por um lado a igreja local enfatizando o trabalho interno e por outro os vocacionados para missões tentando sair das quatro paredes. Isso gerou um conflito e tais líderes saíram da igreja e foram fundar as agências.
A igreja começa missionária e estranhamente torna-se mercenária.
No inicio vive pro gasto depois quer viver do lucro.
3. A divisão destas duas forças gerou:
a. A falta de visão para a igreja, por estar longe do trabalho missionário, chegando até a indiferença, e falta de responsabilidade para com a obra missionária.
b. A impossibilidade para as agências criarem um relacionamento saudável com a igreja, já que dela surgiriam os recursos missionários (missionários, dinheiro, oração, etc).
A igreja tornou-se “a igreja do cantinho”, não a do caminho.
4. Hoje, as duas forças (igrejas e agências) estão acumuladas de preocupações com seus “próprios negócios” dificultando assim qualquer laço de parceria em prol da responsabilidade missionária.
5. O fato da demanda missionária ser maior que os recursos missionários provocou uma deslealdade entre qualquer iniciativa missionária, aumentando assim a rivalidade e divisão de forças.
6. O surgimento no Brasil da teologia da prosperidade tão disseminada pela igreja da mídia, vitaminou o egocentrismo já inerentes nas igrejas, aumentando a frustração das agências, inviabilizando ainda mais os recursos já tão escassos.
No entanto, acredito que só uma UNIDADE de VISÃO, PROPÓSITO E ESFORÇOS poderiam reverter este quadro, mesmo que aos olhos humanos isso seja quase uma impossibilidade.
Escrita pelo Pastor e Missionário Clói Marques em 2009
Clói foi casado com Raquel Rocha e tinham 3 filhos. Os dois eram missionários do Ministério Oásis, uma organização que se especializa, entre outras coisas, ao cuidado e restauração emocional de obreiros, pastores e missionários.
Ministério Oásis: http://oasis.maeb.org.br/site/