A curiosidade foi maior do que eu. Passando por São Paulo e já conhecendo a cidade, resolvi conferir de perto a magnífica obra do bilionário empresário da fé, Edir Macedo.
No coração de uma grande área comercial – o Brás, O Templo de Salomão ocupa praticamente um quarteirão inteiro. O prédio, que conta com 126 metros de comprimento, 104 metros de largura, 55 metros de altura com dois subsolos, corresponde a um edifício de 18 andares, quase duas vezes a altura da estátua do Cristo Redentor.
Considerado o maior espaço religioso do Brasil, o templo foi construído nas proporções bíblicas daquele edificado pelo Rei Salomão. Tamareiras, oliveiras de 300 anos e pedras trazidas de Israel fazem parte do conjunto total da obra que impressiona.
O santuário abriga mais de 9500 pessoas sentadas, em poltronas que foram trazidas da Espanha ao custo de 2 mil reais cada. No palco do imenso salão principal, uma réplica gigante em ouro da arca da aliança, estende-se por sobre um batistério de 100 metros. É impressionante! Tudo ali é de proporções gigantes.
Não é possível entrar com celulares e fotos são proibidas (menos para o Sílvio Santos…rs…). O lugar é totalmente vigiado por obreiros/seguranças e câmeras de vigilância 24 h/dia.
Chegamos ali na hora de mais uma das reuniões que aliás, acontecem o dia inteiro. No momento que entrei no salão, todas as luzes estavam apagadas e uma projeção sobre as cortinas do palco (de uma aliança de ouro circulando) era tudo o que se podia ver. Um dos obreiros me informou que aquele era o momento da “oração da aliança” e logo as luzes seriam acesas.
De acordo com o Pr. Carlos e sua esposa Rose Magalhães (da Igreja Batista Renovada em Diadema), essa projeção seria uma técnica neurolinguistica de lavagem cerebral. Realmente foi algo muito estranho. Aparentemente acontece da mesma forma em todas as reuniões.
O pastor que dirigia a reunião falava sobre a necessidade de entregarmos 10% de toda nossa renda para “Deus” para que nossos negócios prosperassem. Um minuto depois, ele desafiou os presentes (1000 pessoas) a trazerem mais 10% para que pudessem vencer em tempos de crise. Mais adiante ele pediu que todos tomassem dos envelopes e do saquitel (um saquinho de flanela com a fachada do templo em linhas douradas), e fossem juntando dinheiro durante todo o mês e trouxessem para a igreja. Enfim, o pouco tempo que fiquei ali, ele só pediu, pediu, pediu… fiquei tonta… O pior é que as pessoas que estavam ali, concordavam com ele. Não sei se era por desespero ou ganância. Mas foi triste de ver.
Macedo que numa das suas falas sobre o templo, “disse que tudo vai passar, mas esta obra irá permanecer”, reescreve o sentido da hermenêutica bíblica. Se ele soubesse que Jesus viria amanhã, com certeza ficaria muito decepcionado.
Nas ruas ao redor do templo, vemos a história do tempo de Jesus repetida nas lojinhas do comércio, nas miniaturas e nos restaurantes que fizeram desta obra, tema marqueteiro. Tudo ao redor do Brás (inclusive imóveis) encareceu.
O Templo de Salomão brasileiro, enfim, nos mostra que vivemos tempos proféticos onde ganância e a loucura dos homens floresce em corações cegos e perversos.
Muito mais poderia escrever sobre este lugar, mas paro por aqui, imaginando como Deus mesmo está vendo este lugar. Um edifício magnífico mas biblicamente abominável.
Que Ele mesmo traga discernimento ao coração do seu povo.