É com pesar e ao mesmo tempo, com confiança na soberana Palavra de Deus que escrevo esse texto. Não posso nem mesmo conter as lágrimas. Hoje, enquanto muitos ao redor do mundo inteiro ainda estão de luto por causa do grande líder sul-africano Nelson Mandela, meu coração chora a morte de um outro grande homem, do qual, embora muitos não o conheçam – nem mesmo eu o conhecia até hoje – o mundo não era digno. Um dentre os muitos que não tem amado suas vidas e tem morrido junto com seus nomes. Mais um dos que clamam por justiça diante do Cordeiro imolado.
Refiro-me ao terrível assassinato de Ronald Thomas Smith II, terça-feira em Benghazi, na Líbia. O que se deu cinco dias após o porta-voz americano da al-Qaida conclamar os líbios a atacar os interesses americanos onde quer que eles estivessem. Esse entretanto, não foi mais uma das expressões, do que Samuel Huntington chama de “Choque de Civilizações”. Smith II era um jovem americano professor de Química que morava na Líbia junto com sua esposa e um filho pequeno e era um amigo da Líbia, segundo seus amigos e estudantes. Ele não representava os interesses norte-americano. Ele era sim um embaixador, mas de um Reino que não é visível e que não passará. Foi por isso que ele foi morto, assim como Seu Rei um dia foi.
Smith era um cristão que entendia a frase clássica do John Piper de “missões existem onde não há adoração” e foi isso que decidiu abrir mão de tudo para viver na prática essa afirmativa. O seu desejo de ver Cristo tendo supremacia acima de todas as coisas e entre todas as nações era maior do que o amor à sua própria vida. Sim, ele é mais um dentre os mais de 100 mártires cristãos na nossa geração. Um homem comum, desconhecido na terra. Porém amado no céu e temido no inferno.
Mesmo tendo conhecido a sua história apenas hoje, posso dizer que o Smith é um exemplo que quero seguir. Ele fez exatamente o que anseio fazer. Ele sabia que Cristo precisava ser pregado na Líbia é era preciso fazê-lo através de sua própria vida. Ele não era um pastor, porque se o fosse talvez nem tivesse chegado lá. Ao contrário, ele era um homem comum; um profissional como outro qualquer; um professor de Química que trocou o sucesso de uma carreira acadêmica pela “Grande Comissão”.
Ao escrever sobre esse homem, não posso deixar de olhar para a minha própria vida e para a de diversos jovens rapazes como eu. Tenho 18 anos e faço faculdade de Relações Internacionais. Daqui a mais ou menos dois anos eu me formo e sinceramente não sei o que vou fazer. Entretanto, o meu maior objetivo de vida é completar os sofrimentos de Cristo, a fim de que o Cordeiro receba a recompensa dos Seus sofrimentos. Possa ser que eu trabalhe em alguma ONG na África, em um banco em Dubai, sendo professor de inglês no Marrocos, ou até mesmo sendo professor de Teoria das Relações Internacionais em alguma universidade de Israel. Não sei. Só sei que estou disposto a ir e é essa disposição que sinto falta entre os jovens rapazes da minha geração.
Vejo tantos jovens estudantes universitários que sabem tanto de Teologia, que teriam tantas oportunidades boas de emprego em tantos lugares do mundo, mas que são paralisados pelo medo da morte. Às vezes fico a pensar o impacto que ocorreria na Península Arábica se tantos jovens cristãos estudantes de engenharia como os que eu conheço decidissem trabalhar para a glória de Deus e não amassem suas vidas. E quanto ao programa “Ciência Sem Fronteiras” do governo brasileiro? Sinto muito em ser da área de Humanas e perder essas oportunidades formidáveis de pregar o Evangelho na China, na Índia, nos países do Leste Europeu… Quantas oportunidades nossas jovens tem perdido de terem uma vida sofrimento, mas ao mesmo tempo cheia de alegria e significado!
É por isso, que termino esse texto com as palavras do Paul Washer: “Jovem rapaz, pregue o Evangelho e morra!”. Eu sei que pode não fazer sentido eu dizer isso, uma vez que sou tão jovem quanto os jovens a quem direciono esse texto e nunca sequer saí de casa. Mas é por isso que acho que posso falar. Exatamente porque apesar de todo conforto e estabilidade que hoje tenho, posso visualizar o quanto isso é nada se comparado à vida que um dia posso ter ao pregar o Evangelho entre as nações.
Eu escrevo nessa coluna não porque eu queira ser um grande teólogo ou pensador cristão. Eu também não procurei esse espaço. Inúmeras vezes eu relutei em escrever um blog. Mas se hoje eu tenho feito isso é porque tenho sido despertado a sair da minha zona de conforto e ter uma vida com muito mais significado. Isso é algo que tem me consumido e gostaria muito que outros jovens da minha geração também experimentassem o que tenho sentido. Como diz a música “Tears of the saints” do Leeland, “Preciso ver essa geração prostrada, desesperada por Tua Glória…”
Bom, é isso. Segue abaixo um vídeo do Paul Washer que tem me inspirado e desafiado diariamente.