Muitos pais cobram de seus filhos, hoje, princípios e atitudes socialmente aceitas que não ofereceram no passado e tão pouco estão oferecendo hoje. Mesmo estando dentro das igrejas, muitas famílias estão desestruturadas, gerando angústias e comportamentos desajustados em seus filhos.
Como exceção dos casos em que a crianças já apresentam uma patologia mental de nascimento, um distúrbio genético de estrutura funcional, por exemplo, é a família a grande responsável pelas primeiras impressões que ela terá de mundo e por como se dará essa interação com o mundo no futuro.
Alerto, como psicóloga, que estas impressões que seu filho tem hoje sobre família podem definir a construção de seus afetos, caráter e personalidade no futuro. Outra preocupação é que tenho visto, por onde passo e em meu consultório, que pais quando se convertem viram “santos”, mas se esquecem de como foi sua vida no passado, e de quantas vezes, em meio a discussões e brigas, traumatizaram e geraram angústias em seus filhos. Essa situação, muitas vezes faz com que esses filhos desenvolvam comportamentos emocionalmente desajustados e, até mesmo, comportamentos de risco (sexual, drogas, violentos). E, diante disso, os seus pais não conseguem entender o porquê de, mesmo dentro da igreja, orando, jejuando, e sendo fiéis da Deus, seus filhos se desviam e não são os “santos” que desejam.
Os traumas gerados por brigas e famílias desestruturas oferecem ao jovem um modelo perdedor. E este, por não dar conta deste sofrimento, pode desenvolver muitos transtornos entre os quais se destacam o comportamento desajustado e a agressividade contra terceiros ou contra ele próprio na tentativa de aliviar as angústias, é o que nos revela o estudo realizado por Kelly Musick, da Universidade Cornell, em Nova York. O estudo mostrou que crianças criadas em lares violentos têm maiores riscos de terem problemas mentais, comportamentais e de relacionamento. O estudo utilizou dados de entrevistas feitas com quase duas mil famílias, e estudou crianças desde os quatro até 34 anos de idade.
Os resultados de várias pesquisas mostram claramente que, embora as crianças tendam a ter vidas melhores com os pais casados, as vantagens de viver com eles quando estes não se entendem não são adequadas a todas as crianças. Precisamos entender que as crianças sofrem ao ver seus pais em conflito e, pior, aprendem com seus comportamentos desajustados frente às inúmeras brigas.
Sabemos que crianças que vivem em casas onde o ambiente é hostil têm maiores chances de se envolverem com drogas e se tornarem sexualmente ativos ainda muito jovens. É como se a criança encontrasse nas drogas uma saída mágica para seus problemas; elas fogem para drogas e para o sexo precoce buscando afeto no outro, e podem se tornar dependentes. Segundo estudos, crianças vítimas de lares desajustados, onde brigas entre os pais é comum, têm um terço a mais de chances de se tornarem alcoólatras em comparação a crianças criadas por pais solteiros.
O estudo chegou à conclusão que crianças criadas em lares mais tranquilos, apenas com o pai ou a mãe, têm melhores chances de ir bem na escola em comparação com aquelas criadas em lares conflituosos, que são tão danosos para as crianças quanto lares de casais separados.
O estudo britânico conclui que a família (pai e mãe) é fundamental na construção do caráter e personalidade dessas crianças. Pais juntos e estruturados que oferecem tranquilidade familiar têm mais chances de ter filhos com comportamentos ajustados.
Uma em cada cinco crianças de famílias infelizes afirmaram ter feito sexo antes dos 16 aos, e a mesma porcentagem registrou morar com um companheiro aos 21 anos. Quase 10 por cento desse grupo teve filhos fora do casamento.
A situação é grave. Além dos divórcios, que são claramente responsáveis por muitos dos transtornos afetivos em crianças e adolescentes, viver com pais que brigam, se xingam e tem comportamentos violentos, também oferece risco.
Aconselho aos pais que querem viver juntos que levem em consideração este alerta, que entendam que estar juntos apenas como obrigação por causa da fé não vai fazer de seus filhos pessoas melhores e sim o fato de estarem juntos casados e oferecerem segurança emocional para seus filhos. A criança percebe a hipocrisia, e isto causa traumas maiores.
Outro conselho que dou como psicóloga e cristã é fazer uma análise crítica e honesta sobre seu passado e se lá atrás tinham este relacionamento. Concertem, promovendo perdão e reconciliação com seus filhos, para que hoje eles possam entender e resolver suas angústias. Este ato pode ser definitivo na cura emocional deles.
O livro de Provérbios nos alerta nesta área, dizendo: “Até a criança se dará a conhecer pelas suas ações, se a sua obra é pura e reta.” (Provérbios 20:11).
E ainda, em Provérbios 15:28 está escrito que “O coração do justo medita no que há de responder, mas da boca do ímpio jorra coisas más.”
Então, como pais que amam seus filhos, evitem contender na frente deles, e com eles seja paciente. Eduquem pelo exemplo e com equilíbrio a fim de que, quando crescerem, possam se tornar pessoas equilibradas e felizes.
Marisa Lobo
Psicóloga
Referência Bibliográfica:
Livro: Como fazer de seu filho uma criança feliz;
www.telegraph.co.uk;
Relatos de pacientes em consultório;
Bíblia Sagrada.