O programa Pânico, da Rádio Jovem Pan recebeu nesta quarta dia 11 de Novembro, o Pastor Caio Fábio, psicanalista, ex presidente da Associação Evangélica Brasileira e escritor com mais de 6 milhões de livros vendidos. A “trupe” do pânico é conhecida pelo humor inteligente, críticas ao sistema e muita “baixaria”, especialmente nas pegadinhas da versão da TV.
Após a introdução, Emílio Surita, o apresentador principal do programa, perguntou:
– Você está vendo “Os dez mandamentos, essa novela que está fazendo sucesso”?
Ao que Caio retrucou:
– Rapaz, eu não estou podendo poluir a minha mente deste modo. É insuportável… Eu não agüento. Depois que eu vi que tinha até extintor de incêndio…
Depois de muitas risadas, Emílio pediu então, que Caio explicasse como se deu a divisão entre as igrejas evangélicas:
– É uma distinção importante que se faça porque a maioria das pessoas, nem mesmo as que se dizem do chamado meio evangélico entendem a história. Os protestantes não são os evangélicos. Os protestantes são aqueles do movimento de Lutero, Calvino… tem a ver com a Alemanha, Suiça… Século XVI… a ruptura com a igreja católica surgiu o protestantismo. O protestantismo deu origem a um movimento que se transformou praticamente na cultura prevalente do ocidente planetário produtivo funcional industrioso representado já pela revolução industrial na Inglaterra… E com a imigração destes imigrantes nos Estados Unidos fazendo surgir a sociedade capitalista protestante… Esses mesmos protestantes que vieram para a Europa para a fundação dos EUA…usavam de um puritanismo nunca visto até então… Logo depois surgiram os chamados avivalistas protestantes que chamavam as pessoas à conversão. Na América Finney foi a principal voz chamando as pessoas para a experiência do coração quente, quando a fé começa a se transformar em emoção. A partir daí começam a surgir os movimentos chamados pentecostais que são movimentos de emoção baseados na idéia de que o aconteceu no livro de Atos dos Apóstolos no capitulo 2, quando de repente veio do céu um som como de um vento impetuoso e encheu toda a casa onde estavam assentados e apareceram distribuídas sobre eles línguas como de fogo e cada um deles começou a falar outras línguas segundo o Espírito Santo lhes concedia que falassem transformaram aquilo ali num modus operandi em série industrialmente produzido, ou seja, se você quer ter uma experiência com Jesus de fato, você tem que surtar, você tem que fazer uma catarse… como aquilo ali que aconteceu em Atos 2 foi um episodio, repetir isso é fajutice… Aquilo foi só um episodio que durou uma hora, logo depois todo mundo voltou a si falando sua própria língua. E o grande milagre descrito em Atos 2 é o que os que estavam presentes, gente de 17 etnias diferentes na terra estavam em Jerusalém, os ouviam falar em suas próprias línguas maternas as coisas impressionantes que diziam… Então pode até ter sido um milagre de auditabilidade. Eles estavam ouvindo não necessariamente cada um estava falando… a discussão sobre se era objetivamente algo que procedia da fala deles ou se era algo que procedia estranhamente da compreensão subjetiva de todos é algo que está aberta prá discussão até os dias de hoje…
Ao ser questionado sobre o que achava das “igrejas que tiram de pessoas pobres, casas, carros e objetos de valor para ganhar seu pedaço no céu”, Caio respondeu:
Eu acho que tinha que por a Lava-Jato prá cima desse pessoal todo, o juiz Moro nesse pessoal… É mais do que um absurdo, é patético… Sobretudo porque isso é feito em nome de Deus, em nome de Jesus. Agora, Deus não está pedindo o carro de ninguém, não ta precisando da grana de ninguém, Deus vai bem, obrigado!
Alguém perguntou:
– Você é contra o dízimo?
Caio respondeu:
– Eu não sou contra o dízimo. Eu sou contra qualquer que seja a expressão não espontânea, não voluntária, não lúcida, não consciente de qualquer forma de doação e de participação em qualquer nível da vida. Não apenas em relação a dinheiro. Acho que se tem a ver com Deus, tem que ser em Espírito e em Verdade. Se tem a ver com Deus, da espontaneidade é o teu contato. Se tem a ver com Deus, você quem que chegar nu e não pode propor barganhas porque Deus não tem barganha a fazer com ninguém…
Caio falou sobre o seu patrimônio e de como investiu tudo o que tinha no Evangelho. Dentre outros tópicos, falou também sobre o objetivo da Lei segundo Paulo e da dependência humana de Deus, usando o texto: “Todos pecaram e carecem da Glória de Deus”. Ao falar da barganha da Teologia da Prosperidade, Caio afirmou de que no Brasil a Igreja Evangélica tornou-se “um negócio lucrativo”.
A entrevista transcorreu de forma informal e simpática. Uma grande oportunidade de fazer a voz de o Evangelho ser ouvida num Brasil evangélico tão confuso…
Assista ao vídeo e tire suas próprias conclusões: