A razão é uma faculdade humana que permite resolver problemas, dá condições de identificar e compreender conceitos ou ainda formar novos pontos de vista sobre assuntos diversos. Por ela, somos levados a aprender, compreender, ponderar e julgar.
Para alguns, razão é o oposto da imaginação e enquanto esta abstrai e relativiza, a primeira está firmada sobre a rocha sólida do conhecimento.
Todos precisam de uma razão para viver e esta razão está baseada no conhecimento que cada pessoa tem sobre algo ou alguém, sobre uma causa, uma religião, uma carreira, um time de futebol ou qualquer outra coisa.
O Evangelho de Cristo, apesar de seu caráter espiritual e de depender fundamentalmente do poder da fé (um dom facilmente confundido com fanatismo e ignorância), também possui sua razão de ser e como tal, está fundamentado sobre conhecimento.
Pedro disse que devemos estar “sempre preparados para responder a qualquer um que nos pedir a razão da esperança que há em nós”. I Pedro 3:15
Todos possuem uma razão pela qual estão agregados à igreja e, seguindo a esta orientação apostólica, devem estar sempre prontos para defender suas convicções.
Como a razão está embasada sobre o pilar do conhecimento, o mesmo apóstolo escreveu, declarando à Igreja que “graça e paz vos sejam multiplicadas, pelo conhecimento de Deus, e de Jesus nosso Senhor”. II Pedro 1:2
Esse conhecimento que Pedro cita é baseado na palavra grega epignosis, que vem do verbo epiginosko. Uma junção de epi = sobre + ginosko = saber, ou seja, é uma forma reforçada ou intensificada de “gnosis”. Isto significa um tipo de conhecimento mais profundo, que alcança a esfera ou “atmosfera” de um saber baseado em experiências genuínas, neste caso, da Palavra da Verdade.
Portanto, Pedro conclamou a igreja a crescer em graça e paz, através de um supra conhecimento de Deus e de Jesus.
Esse supra conhecimento deve ser a base da razão que fundamenta nossa fé. Ora, pela fé, acessamos muitas coisas inexplicáveis, as quais afrontam o pensamento científico, no entanto, a teologia baseada num conhecimento mais aprofundado de Deus, através da pessoa de Jesus, vai muito além de uma simples ciência ou tradição.
Os discípulos diziam que “não poderiam deixar de falar do que tinham visto e ouvido” (Atos 4:20). João disse: “o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida (Porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai, e nos foi manifestada); o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos” (1 João 1:2-3)”.
Este é um resultado que vai além do que se pode obter em livros.
Um conhecimento cristão pleno, ou seja, um “supra conhecimento”, alia o saber científico, a teologia e o estudo da Palavra de Deus a uma experiência de vida com essa mesma Palavra, que é a jornada do discipulado de Cristo.
Razão e fé unidas dão uma nova forma ao ser humano, conforme afirma Romanos 12, que nos ensina a apresentar a Deus um culto racional, entregando nossas vidas a Ele. Como resultado, receberemos transformação em uma renovação completa de nossa mentalidade, o que culminará em epignosis, o “supra conhecimento”.
Estudar, buscar conhecimento, mas também conviver, se relacionar com Jesus, no Espírito.
É possível!