Kaique foi apenas mais uma vitima de suicídio, que mata 26 brasileiros por dia. E ninguém quer falar no assunto. Querem apenas gerar polêmica e achar culpados.
Casos de suicídio entre jovens cresceram 30% em 25 anos no Brasil, um dado alarmante que deveria ser o foco da preocupação política e social.
As pesquisas existentes e dados analisados no DATASUS (banco de dados do Sistema Único de Saúde) no CCC (Centro de Valorização à Vida), se quer apontam que os suicídios são decorrentes de preconceito por orientação sexual, e sim por causas diversas. Além de transtornos psiquiátricos graves, os afetivos, considerados sem importância, são apontados como as maiores causas de tentativas de suicídios na adolescência. O que é mais comum do que se discute e se imagina.
Honestidade
De forma geral, tanto no sexo (masculino e feminino) independente da orientação sexual, que se deixe claro, há riscos. Quando apontamos para uma direção, devemos nos ater em compilações de dados e estatísticas devidamente comprovadas, não em suposições mentirosas e desastrosas, como alguns militantes ideológicos tem feito e que só causam mais dor. Devemos nos unir para encontrar a raiz do problema, e não nos aproveitarmos de uma tragédia como bandeira ideológica. Isso sim é desumano, é um genocídio.
Caso Kaique
Kaique, um jovem homossexual, se suicida aos 17 anos. Segundo relato de sua mãe, um jovem aparentemente feliz. Para os amigos, um rapaz alegre. A mãe e amigos deixam claro o seu amor e amizade por Kaique, o que descarta preconceito familiar. Kaique deixa recados em diário sinalizando o desejo de deixar de existir. A polícia aponta para o suicídio, os LGBTT não aceitam e já acusam a sociedade de crime motivado pela homofobia. A mãe vem a público e confirma, após investigação, que se trata de suicídio; pelo que sinaliza os familiares, desilusão amorosa pode ser uma das causas.
Questão
Kaique queria mesmo morrer, ou estava apenas sinalizando que queria dar um tempo, fugindo temporariamente da dor emocional e da crise existencial que estava vivendo? As entrevistas falam em dor por um amor não correspondido… Acha pouco? Pois saiba que muitos adolescentes que tentam suicídio o fazem por este motivo. Paixão na adolescência é devastadora e pode, em muitos casos, gerar trauma e frustração; e o adolescente, por não ter repertório de vida, ou ter uma doença psiquiátrica associada, não tem suporte emocional para lidar com a situação.
Muitos fatores podem estar associados. Bullyng e preconceito podem agravar casos de baixa autoestima ou depressão? Pode! Mas não são fatores determinantes. Drogas podem desencadear um surto psicótico e levar ao suicídio? Também pode, mas podem não necessariamente ser a causa principal.
Jovens com transtorno bipolar, por exemplo, podem sim tentar tirar sua vida durante uma mudança de humor, sem ter apresentado qualquer sinal anterior.
Uma pessoa triste com uma decepção amorosa pode partir para este extremo apenas como fuga, como única maneira de mostrar que precisa de ajuda ou como a única maneira que ele encontra para “dar um tempo” na dor, e não necessariamente deseja de fato a morte.
Oportunismo Irresponsável
Militantes LGBTT e deputados como Jean Wyllys, e até a irresponsabilidade de Maria do Rosário, ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos, se precipitam e tentam computar a morte de um adolescente assumidamente gay para sua causa da propagação nacional da homofobia. Mas o que realmente aconteceu com esse jovem? Isso sim deve ser de interesse de todos nós.
Os irresponsáveis, no desespero de responsabilizar os cristãos pelas mazelas da sociedade, não se importaram em analisar os tantos casos de suicídio e de discutir algo crescente na sociedade, que está ceifando a vida de jovens que são o futuro de nossa nação.
Estatística que assusta
O jovem Kaique faz parte de uma estatística assustadora: o suicídio é uma das primeiras causas de morte entre homens jovens nos países desenvolvidos e emergentes. Mata 26 brasileiros por dia. E ninguém quer falar no assunto, apenas quando o jovem é homossexual. Parece que a mídia, e esses “políticos” defensores de direitos humanos se importam. Mas, ao que parece, apenas usam a dor de uma tragédia para gerar polêmica e computar votos.
Suicídio Mata Principalmente Jovens
Não precisa ser um grande mestre em saúde mental para supor que um jovem de 17 anos que se suicida tenha algum tipo de transtorno psicológico latente que passou despercebido pela família, bem como pelas pessoas que o cercam.
Esses possíveis transtornos emocionais na adolescência são muito perigosos e, associados à busca desenfreada pela tão cobrada da “felicidade” e até mesmo ao uso e abuso de drogas, podem sim levar um jovem a tentar o suicídio, independente – friso aqui – se homossexual ou heterossexual. A questão não é a sexualidade do jovem, embora haja em alguns setores uma necessidade de vinculação; mas o foco não é esse.
A questão do suicídio em jovens já se tornou um caso grave de saúde pública, mas poucos se importam.
Suicídio no Brasil
“No Brasil, a taxa de suicídio entre adolescentes e jovens aumentou pelo menos 30% nos últimos 25 anos. O crescimento é maior do que o da média da população, segundo o psiquiatra José Manoel Bertolote, autor de ‘O Suicídio e sua Prevenção’ (ed. UNESP, 142 págs., R$ 18).”
Tabu
Algo que poderia ser evitado, se ao menos a sociedade deixasse o tabu de lado e falasse no assunto.
O tema é tabu até para profissionais de saúde. Nos registros do DATASUS (banco de dados do Sistema Único de Saúde), aparece como “mortes por lesões autoprovocadas voluntariamente”. Um longo eufemismo, segundo Botega. Evita-se a palavra, mas o problema se perpetua.
Segundos estudos, os estados com maiores índices de suicídio, se comparado a outras capitais, são Rio Grande do Sul e Paraná.
Porque Jovens Estão se Suicidando?
A taxa cresce por uma conjugação de fatores. “A sociedade está cada vez menos solidária, o jovem não tem mais uma rede de apoio. Além disso, é desiludido em relação aos ideais que outras gerações tiveram”, diz Neury.
“Há ainda uma pressão social para ser feliz, principalmente nas redes sociais. ‘Todo mundo tem que se sentir ótimo. A obrigação de ser feliz gera tensão no jovem’, diz Robert Gellert Paris, diretor da Associação pela Saúde Emocional de Crianças e conselheiro do CVV (Centro de Valorização da Vida).”
“O aumento de casos de depressão em crianças e adolescentes é outro componente importante. ‘Mais de 95% das pessoas que se suicidam têm diagnóstico de doença psiquiátrica’, diz Bertolote.”
Junte-se tudo isso ao maior consumo de álcool e drogas e a bomba está armada.
Verdade Sobre Suicídio
A verdade dos casos de suicídio no mundo e no Brasil não é definitivamente homofobia e sim possíveis transtornos afetivos em adolescentes que, em decorrência da síndrome normal da adolescência, pode se agravar e levar a uma tentativa de suicídio.
Hoje pela manhã recebi um telefonema do Deputado Marco Feliciano, preocupado com os números alarmantes de suicídio entre jovens. O caso Kaique para alguns, por ser este um jovem homossexual, pode ser usado como bandeira de ódio contra a sociedade. Mas para homens de bem, leva a uma reflexão sobre um tema tabu crescente em nossa sociedade.
À noite o editor chefe do Gospel+, Renato Cavallera, me pediu para escrever sobre o assunto, pois, como jornalista, tem estado atendo ao numero crescente de casos entre jovens; o que para nós, que cremos na vida é muito triste e decepcionante.
Pensando somente nos jovens como Kaique, de apenas 17 anos, que perdem a vontade de viver, na fragilidade e no ímpeto da adolescência, independente da orientação de sexo e ou sexual, o deputado Marco Feliciano também me pediu orientação e para escrever este artigo, alertando a sociedade sobre este tema.
“Jovens estão deixando de crer na vida, e isso é muito nos causa muita dor… Quando ouvi a notícia de que mais um jovem cometeu suicídio, embora alguns estivessem tentando manipular a mídia para fazer a sociedade crer que se tratava de um crime de preconceito, fiquei muito triste; pois um ser humano, e ainda mais jovem, não deveria nunca pensar em tirar sua vida. Imagino a tristeza dessa mãe. Precisamos, cara psicóloga, discutir o assunto no plenário. Percebo que as pessoas, e mesmo profissionais das áreas de saúde mental, têm dificuldade de falar e de ouvir sobre o assunto. A sociedade brasileira tem que aprender a conversar sobre suicídio, porque o número de casos só aumenta.” Disse Marco Feliciano.
Não podemos mais esperar que os casos aumentem cada vez mais, e não podemos permitir que personalidades negativas tratem esses casos de forma irresponsável, como foram as falas precipitadas de Maria do Rosário e do deputado Jean Wyllys, que cometeram o crime de denunciação caluniosa, e induzem a população ao erro, desrespeitando a dor dos amigos e familiares e imputando um crime de preconceito a uma religião ou outros grupos, estigmatizando ainda mais a homossexualidade. Justamente aquilo que eles dizem defender de todo o estigma… Paradoxal.
A mídia tradicional faz seu papel, que é gerar polêmica. Quer vender jornal, e enquanto isso mascara as verdadeiras causas do suicídio entre jovens. O fato é que jovens de todas as idades, independente do sexo, condição social, cultura, orientação, opção ou condição sexual, cada vez mais têm atentado contra sua própria vida. Tentar achar um culpado e não querer saber a raiz do problema não vai trazer um alerta real, e sim causar perturbação social.
Temos que ser responsáveis e tratar o assunto com honestidade, e também adotar políticas publicas que lancem um olhar sobre esse tema; sem tabus. Não discutir o assunto não fará com que ele deixe de existir. Chega de omissão.
Prevenção
De acordo com a OMS, dá para prevenir 90% das mortes se houver condições para oferta de ajuda. A troca de informações sobre o suicídio pode evitar muitos casos.
O sofrimento psicológico existe e pode ser transitório, mas no momento desse conflito a pessoa não vê saída. Mas isso não significa que ela queira morrer, apenas pode estar querendo chamar atenção para suas dores e, num ato desesperado, pode ter êxito em sua tentativa de tirar a própria vida.
“O sentimento é ambivalente: a pessoa quer se livrar da dor, mas quer viver. O seu interior vive em um conflito, pronto para explodir. E, se associado a drogas, é bomba.
Ao falar e ser ouvida, além de diminuir a pressão interna, passa a se entender melhor. O jovem com depressão deve buscar ajuda, seja de uma psicóloga, de um grupo de apoio, de um líder religioso, igreja… Onde ele se sentir ouvido. Essas atitudes simples podem evitar que mais uma vida se perca.
O sentido de felicidade, do que se trata? Drogas? Baladas? Sexo? Liberdade? Talvez jovens tenham isso de sobra, mas falte o pertencimento, o amor verdadeiro de amigos, família, e a crença em Deus. O relativismo social e a obrigatoriedade de mostrar para sociedade essa tal felicidade estão matando nossos jovens, e vale ressaltar que são fatores emocionais os que mais podem levar um ser humano ao desespero. Por isso, a qualquer sinal de depressão, deve-se buscar ajuda imediata. Só me pergunto: onde? Se a sociedade faz questão de descartar a ajuda espiritual da fé e ridicularizar a fé de quem acredita.
Nem tudo é proselitismo, fanatismo religioso e preconceito; e não ajuda em nada piorar a situação com denúncias falsas e irresponsáveis. Kaique não cometeu suicídio por ser um homossexual que sobre preconceito, pois nenhuma indicativa há para explicar tal afirmação. Tudo indica que era um jovem alegre, bem resolvido com sua família, e pouco se importava com a sociedade; e mesmo que a sociedade não o aceitasse, ele tinha sua família. Não podemos sinalizar uma causa apenas por um fator, isso é coisa de amador.
A maioria desses jovens está em idade escolar. Logo, a escola tem um papel fundamental na discussão, trazendo a tona os casos e tentando, junto com jovens, discutir as saídas. Diálogo é a chave de todo o entendimento.
Outra questão que merece ser dita é que pesquisas já comprovaram que a fé cura muitos males. Já tive pacientes suicidas que só deixaram de desejar a morte, depois que fortaleceram sua fé em Deus, entendendo que um poder superior será capaz de lhe devolver a sanidade. A religião, a fé, ajuda muitas pessoas a saírem da depressão. Percebemos isso com relatos nas próprias igrejas, publicados em artigos que tentam descobrir maneiras populares e acessíveis para ajudar pessoas que sofrem; não posso deixar de citar essa realidade.
É importante observar que mesmo nas igrejas existem casos de jovens que tentam suicídio. Eu mesma, como profissional, já atendi quatro casos. Então, é equivocada a ideia de que quem está na igreja não é acometido deste mal, vale lembrar que a igreja deve entender que existem doenças psiquiátricas graves que podem levar ao suicídio, independente de a pessoa ser convertida ou não, e que esses transtornos devem ser discutidos, principalmente com a juventude, e sem tabus.
Testemunho
Quando eu era adolescente (15 anos) tentei suicídio, fiquei internada em coma por três dias. Não encontrava sentido na vida, tudo parecia ter um peso insuportável; tomei medicamento forte, ingeri bebida alcoólica na casa de uma amiga, e me despedi das pessoas. Se não tivessem me levado para o hospital imediatamente, não estaria hoje aqui para testemunhar. As minhas causas foram: tristeza, pais separados, brigas e falta de objetivo; coisas de adolescente, no meu caso, com uma família totalmente desestruturada. Mas, associada a essa tentativa, estava uma depressão diagnosticada posteriormente e uma decepção amorosa adolescente aliadas, principalmente, à falta de diálogo e a não ter com quem desabafar falar de as angústias.
A adolescência é uma fase de conquistas, de buscas e de muito aprendizado. Mas também de muita revolta, questionamentos e conflitos. Devemos estar atentos a essa fase tão importante e tão conflituosa que marca a passagem do adolescente para vida adulta.
O CVV oferece apoio 24 horas pelo telefone 141 e pelo site www.cvv.org.br.
Planejamento suicida entre adolescentes escolares: prevalência e fatores associados
Estudo transversal com objetivo de investigar a prevalência de planejamento suicida e fatores associados, em amostra representativa de adolescente em idade de um município da região sul do Brasil com idade de 12 a 18 anos, mostra a prevalência em mulheres, uso de drogas e sintomas de depressão, como principais fatores de planejamento suicida. Sugiro a leitura técnica deste artigo.