Gostaria de considerar de como é que os homens de Deus escreveram os Cânones da Bíblia e também chamar a atenção para o facto de que nem todas as traduções da Bíblia correspondem à veracidade dos textos originais o que tem contribuido para erros de exegese.
Destacarei que os primeiros cinco livros da Bíblia, Torá ou Pentateuco, são os mais importantes de toda a Antiga Aliança. Também os quatro Evangelhos são a revelação de todo o cristianismo.
A Torá foi comunicada oralmente de geração após geração e foi escrita, provavelmente durante o exílio na Babilónia.
Dos quatro Evangelhos que constam da Nova Aliança, os primeiros três chamados de sinópticos, têm divergências consideráveis e o de João não discorre os factos e apresenta algumas inserções como é o caso dos capítulos 15, 16 e 17.
Sabemos que os evangelistas a quem são atribuídos os Evangelhos, narraram os acontecimentos das palavras e dos atos do Cristo, segundo o que ouviram e viram. Seria um erro grosseiro admitir que Mateus, Marcos e João iam tirando apontamentos como qualquer um escritor ou jornalista prepara as suas reportagens.
Consideremos o que no Evangelho de Lucas está escrito: “Tendo pois muitos empreendido pôr em ordem a narração dos factos que entre nós se cumpriram, segundo nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde o princípio, e foram ministros da palavra, pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelente Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o princípio; para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado, Lc 1:1-4“.
A cristandade atribui a toda a Palavra escrita na Bíblia uma verdade absoluta e isto por obra do Espírito Santo.
Este é um grande tabú e para que não haja a possibilidade de uma crítica aos textos sagrados, é atribuído o dogma da fé.
Antes pelo contrário, é preciso admitir divergências dos factos pois são o resultado de provas orais que foram testemunhadas e como é o caso da aparição do Cristo após a Sua ressurreição.
O leitor encontrará fácilmente nos Evangelhos que as aparições do Cristo divergem de evangelista para evangelista. Paulo procuro resolver esta situação afirmando que foi Pedro o primeiro a presenciar o Cristo ressurrecto, Carta aos Coríntios.
As provas orais correm sempre o risco das discrepâncias e até mesmo as Escrituras só admitem quando houver mais que uma testemunha a confirmar os factos.
Encontramos, nas Escrituras, porém que a revelação foi mandada escrever como é, por exemplo, o Livro do Apocalipse e do profeta Daniel, Dn 12:4.
A Bíblia não é um livro histórico e nem científico. É a palavra da fé que se revela inequívocamente a todo aquele que busca o Senhor de todo o coração, porque só a este Deus se mostra, Mt 5:8.
Poderá parecer ao leitor que estou a desacreditar a Bíblia, mas, pelo contrário, ela é um livro selado e que só o autor, o Leão da Tribo de Judá é digno de revelar, Ap 5:5.
Nos púlpitos de muitas igrejas é costume ouvirem-se pregações e estudos baseados em resultados de pesquisa. Por exemplo: Uma pessoa quer pregar sobre amor e então começa a agrupar certos textos da Bíblia que falam de amor e acaba por fazer uma composição sobre o amor. Poderá parecer que falou o que está escrito na Bíblia mas talvez nunca tenha tido a experiência do amor. Este problema foi uma das maiores preocupações no início da cristandade e que se chamou de gnose. O conhecimento da Palavra escrita não passa de letra que mata pois só o Espírito é que vivifica e disto depende ouvir um teórico a um homem comprometido com Deus.
Finalmente é de lamentar subtítulos que as sociedades bíblicas têm por hábito escrever para despertar a atenção. Nelas encontramos erros grosseiros como é por exemplo chamar os magos de reis magos e também Estêvão de diácono.
Muitas traduções da Bíblia têm textos mutilados como é o caso de Romanos 8:1, por exemplo. Outros versos foram inventados como é o caso de I João 5:7.
Graças a Deus que o Espírito Santo nos foi enviado para nos ensinar todas as coisas e firmar-nos em toda a verdade, Jo 14.
Amilcar