Graça e Paz.
Convém escrever-vos hoje, por vontade imperiosa de Deus, sobre a liberdade, como está Escrito: “E apregoareis liberdade na terra a todos os seus moradores;” Lv. 25:10. A liberdade tem um significado para o homem natural diferente do espiritual. Fernando Pessoa escreveu um poema sobre a liberdade e, a maioria de nós, quando estudantes e adolescentes a interpretámos como uma virtude e desejamos vivê-la. Recordo-me que também eu, jovem ,era por natureza rebelde às obrigações e a tudo que me impedisse de fazer a minha vontade. E via neste poema a fuga da liberdade, a saber:
“Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler e não o fazer!
Ler é maçada
estudar é nada.
O sol doira sem literarura.
O rio corre bem ou mal
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo não tem pressa.
Livros são papeis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D.Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar e o sol que peca.
Só quando em vez de criar seca.
E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca…”
Os povos do mundo inteiro anseiam por liberdade e a razão é porque estão no cativeiro. As trevas aprisionam os corações e as mulheres e os homens sentem uma grande vontade de partir em busca da liberdade, dos sonhos, da alegria de viver e encerrados num labirinto anseiam encontrar uma saída.
Outrossim, Luís de Camões expressou o sentimento da falta de liberdade, no verso seguinte: “Aquela cativa que me tem cativo porque nela eu vivo”. Aqui o poeta confessa estar preso por uma paixão. Quantas vezes, ao envolvermo-nos em desejos acabamos por perder a nossa liberdade. Vivemos numa sociedade que encontrou a fuga nas drogas e tornou-se escrava das mesmas. Também o consumismo desenfreado e o desejo de ter tem prevalecido quanto ao ser e nesta vertigem desenfreada homens e países tornaram-se cativos porque toda a dívida tem um preço até ser paga.
Não pretendo neste breve texto, tecer-vos todas as causas que tiram a liberdade ao homem, mas o sintoma da falta da liberdade é a depressão cujas raízes são a culpa, perda e a vitimização. É por esta razão, que convém apregoar a todos os moradores da terra a liberdade que não aprisiona e esta é a liberdade que Cristo nos dá, pelo seu Sangue na cruz do Calvário e pela sua ressurreição para a vida eterna. Só pode haver liberdade onde há justiça esta é alcançada pelo arrependimento e pelo perdão. Muitos cristãos têm perdido a liberdade porque encerraram a seus irmãos em prisões e a falta de perdão tornou-os cativos. Só o perdão nos torna livres e quem não perdoa perde a liberdade.
Nos Evangelhos Jesus contou uma parábola àcêrca de um homem que tinha uma grande dívida e por não poder pagá-la êle e a família seriam condenados à escravidão. Então o homem pediu ao rei que lhe perdoasse e ele cheio de compaixão o fez. Liberto o homem, outrora prêso ,encontrou um companheiro que lhe devia uma pequena importância e do mesmo modo o devedor pediu compaixão para a sua dívida e este não lhe perdoou. Então os servos do rei foram-lhe contar sobre o procedimento do homem a quem o rei tinha perdoado e este mandou encerrar na prisão aquêle que não tinha usado de compaixão até que toda a dívida tivesse sido paga. Compreendemos que a falta de liberdade é porque não perdoamos o próximo. Não pode haver liberdade para quem não perdoa. O grande recado de Deus para os homens é o Evangelho da Liberdade, a saber: “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração, a apregoar liberdade aos cativos, a dar vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável ao Senhor.” Lc. 4:18-19.
“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” Jo 8:32.
fraternalmente,
casal com uma missão,
Amilcar e Isabel Rodrigue