Recentemente o Joe Jonas, um dos ex-integrantes da banda Jonas Brothers concedeu uma entrevista em que falou sobre sua fé e sexualidade. Na entrevista, o jovem de 24 anos revela porque deixou de frequentar a igreja dos pais e perdeu a virgindade. Suas palavras me fizeram refletir muito acerca do impacto da nossa atual cultura gospel na vida de milhares de jovens evangélicos.
Lembro-me de ter ouvido falar dos Jonas Brothers quando ainda estava no Ensino Fundamental. A primeira coisa que me disseram é que eles eram evangélicos, eram da Disney e usavam anéis de pureza, pois queriam se casar virgens. Naquela época a cultura gospel ainda não era muito forte e movimentos como o “Eu Escolhi Esperar” e outros ainda não eram comuns. Assim, os Jonas passaram a ser meio que um referencial e passei a admirá-los por isso, embora não curtisse muito suas músicas. Achei muito legal a postura deles porque isso era algo que eu sempre defendia, mas parecia ser anormal por isso. Daí, de repente, os popstars do momento aparecem defendendo as mesmas coisas e influenciando milhares de meninas no mundo inteiro.
Até então, eu não conseguia perceber o que estava por trás disso tudo e o quão enganadora e frustrante era essa atitude. O que foi expresso claramente pelo Joe Jonas em sua entrevista. Eu o achei bastante sincero e confesso que tive compaixão dele, ao mesmo tempo em que me entristeci ao ver os rumos que a minha geração evangélica tem seguido.
O Joe falou que por ser filho de um pastor sempre sofreu uma série de pressões sobre como deveria agir e se vestir e foi em parte por isso que decidiu usar o anel de castidade e se manter virgem até o casamento. Logo após o sucesso as pressões aumentaram por ele ser um cantor da Disney. Era necessário que ele mantesse sempre uma imagem de bom rapaz e isso o frustrava muito. Por fim, chegou um momento em que tudo isso perdeu o sentido para ele, inclusive a religião e a castidade. Por isso, deixou de ser religioso – embora afirme crer em Deus e ter uma certa forma de espiritualidade – e perdeu a virgindade aos 20 anos.
O que mais me chamou a atenção nisso tudo, foi perceber o quanto o legalismo e a religiosidade conseguiu quase destruir a vida de um jovem rapaz, frustrando-o e pressionando-o a ser alguém que ele não era apenas para agradar as pessoas. Exatamente o mesmo que tem acontecido com milhares de jovens evangélicos em nossas Igrejas hoje em dia. O Evangelho hoje no Brasil tem sido reduzido pela cultura gospel simplesmente a uma série de regras, entre as quais, a principal é não fazer sexo antes do casamento. É como se o sexo fosse a coisa mais importante do mundo e toda a Bíblia e a obra de Cristo na cruz se resumisse a isso, a não fazer sexo antes do casamento.
É claro que a pureza sexual é algo importante, mas não é um fim em si mesmo. É uma consequência de algo muito maior. A castidade que agrada a Deus vai muito além da ausência de atividade sexual e tem muito mais a ver com motivações e satisfação. O que deve motivar um jovem a se manter casto não deve ser agradar seus pais ou a sociedade, tampouco a garantia de uma vida sexual após o casamento. O desejo por se manter puro sexualmente, deve ser nada mais do que uma consequência de um coração regenerado e totalmente satisfeito em Deus. Quando o Evangelho realmente faz sentido para um jovem e a obra da salvação é entendida, seu maior desejo é ter uma vida de santidade, honrando a Deus de todas as formas, inclusive sexualmente.
Como cristãos, não somos chamados a pregar moralidade ou bons costumes simplesmente. Somos chamados a pregar a salvação pela fé somente em Cristo. O resto é apenas consequência disso. Porém, se insistimos em pregar apenas padrões morais como a Sarah Sheeva tem feito, por exemplo, tudo o que geraremos na vida de nossos jovens será decepção. Isso não passa de legalismo, farisaísmo. Exatamente o que Jesus condenou veementemente diversas vezes nos líderes religiosos de sua época.
Outro ponto que achei interessante na entrevista do Joe Jonas é a parte em que ele fala de seus relacionamentos, revelando uma outra triste característica desses movimentos modernos de pureza sexual: o desconhecimento acerca do que é ser um homem de verdade e como tratar uma mulher da forma correta. É a ideia do namoro recreativo. O Joe disse que mesmo tendo permanecido virgem até os 20 anos, namorou diversas garotas e deu a entender que ultrapassou alguns limites.
É triste perceber o quanto os rapazes cristãos desconhecem suas obrigações como homens. Eles não sabem que é seu dever se relacionar com uma mulher apenas quando tiverem condições de se casarem e sustentar um lar, tanto financeiramente quanto espiritualmente. É por desconhecerem isso que tantos rapazes namoram só por namorar; o que muitas vezes só leva à defraudação física e espiritual, principalmente das moças. Desse modo, não há como se manter puro só por moralismo. É preciso uma motivação bem maior.
Infelizmente essa é a situação de muitos jovens que hoje ocupam os bancos de nossas igrejas. Para eles o Evangelho se resume a uma série de regras e jargões difíceis demais de serem postos em prática. Daí a razão para tantos se “desviarem” da fé ao se tornarem mais velhos ou lidar com determinadas situações da vida, como ao entrar na universidade e ter sua fé testada. A verdade é que esses jovens desconhecem o Evangelho verdadeiro e simplesmente não compreendem a fé que dizem professar. O que não vai mudar com grandes congressos de auto-ajuda ou shows gospel focados no indivíduo. Apenas o Evangelho pode satisfazê-los totalmente e os motivarem a serem puros sexualmente.
É por isso que me sensibilizo com o Joe Jonas e com todos os jovens evangélicos da minha geração que por conhecerem apenas um moralismo legalista tem vivido vidas medíocres e sem significado. É por isso que está na hora de voltarmos ao Evangelho. É por isso que devemos pregar Cristo crucificado e a satisfação da santidade. Só assim a pureza sexual fará sentido e valerá a pena esperar.