Graça e Paz
Estive a reflectir na forma como as orações são apresentadas pela maioria das pessoas do povo de Deus.
Nas grandes crises invocamos a Deus para solucionarmos os problemas que nos afligem. Está registado nas
Escrituras, o seguinte:
“E, entrando numa certa aldeia, saíram-lhe ao encontro dez homens leprosos, os quais pararam de longe; e levantaram a voz dizendo: Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós. E ele, vendo-os, disse-lhes: Ide e mostrai-vos aos sacerdotes. E aconteceu que, indo eles ficaram limpos. E um deles, vendo que estava são, voltou glorificando a Deus em alta voz. E caiu aos seus pés, com o rosto em terra, dando-lhe graças e este era samaritano. E respondendo Jesus, Jesus disse: Não foram dez os limpos? E onde estão os nove? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro? E disse-lhe: Levanta-te, e vai a tua fé te salvou, Lc 17:12-19“.
Dez por cento de gratidão, considerou Jesus uma ingratidão. Eram dez os leprosos e só um voltou para agradecer o que Jesus lhe tinha feito. Os nove restantes fazem parte daquele grupo que quer ser servido mas nunca ousam agradecer aquilo que lhe é feito por mera graça.
Quando eu era criança os meus pais me ensinaram que eu deveria sempre pedir por favor alguma coisa que eu precisasse e depois agradecer e isto com os empregados e empregadas domésticas. A repetição deste acto tornou-se um hábito na minha vida. Quando estava no Exército, aos meus subordinados sempre pedia por favor alguma coisa que pretendia que fosse feita ainda que não seja uma norma militar o uso de pedir por favor e agradecer a um subordinado.
Creio que a vida seria muito mais bela se estas expressões de pedir por favor e agradecer fossem uma norma de conduta. Quantas vezes eu não cedi o meu lugar no ónibus a uma senhora e ela simplesmente sentava-se e não agradecia a minha gentileza.
Estou a dizer-vos estas coisas porque acabamos na vida por endurecer o coração por causa do egoísmo com que lidamos com o nosso próximo.
Outrossim tem a ver com a correspondência que recebemos. As regras da boa educação convencionam que uma
carta, por exemplo deverá ser respondida até ao prazo máximo de cinco dias. Contudo muitos nem sequer respondem e não consideram que foi por amor que se lhes escreveu. A solidão em que muitas pessoas vivem é o resultado de não haver um telefonema, uma carta ou um e-mail de uma voz amiga. A pessoa sente-se separada hostilizada e em exclusão.
O texto acima referido do evangelista Lucas, Jesus disse que era um samaritano aquele que voltou para agradecer a graça recebida. Também tenho a mesma experiência de que são pessoas que não são cristãs de quem recebo atenções, salvo os 10% que sempre são os mesmos e curiosamente aqueles a quem eu sou devedor do amor e só com bem haja lhes posso agradecer porque não tenho possibilidades por obrigação de lhes mostrar gratidão, teologia de Leonardo Coimbra, Portugal.
O testemunho de um cristão é muito mais valioso pela amabilidade com que trata o seu próximo e até o seu inimigo.
Casal com uma missão,
Amilcar e Isabel Rodrigues