Depois que escrevi o artigo “Fúria contra cristãos da Comissão de Direitos Humanos: por um bebê triturado de sobremesa”, li muitos comentários feitos pelos leitores e resolvi escrever este segundo artigo. Alguns eram favoráveis, outros contrários e outros ofensivos, inclusive com xingamentos. Não respondi e não respondo comentários insultuosos e desrespeitosos, pois não dialogo neste nível que requer certa vocação para navegar por vocabulários chulos e de baixo calão, talvez frutos de falta de argumentos, “vestida de carapuça” ou mesmo de uma educação obtida na infância.
Percebi que os ataques ao deputado Marco Feliciano fundamentam-se basicamente em dois pilares: acusam-no de racista e homofóbico. Fui atrás das razões destas denúncias para saber se definitivamente são fundamentadas. A acusação de racista reside no fato de ele ter citado uma corrente de pensamento em que Cão, filho de Noé, teria sido amaldiçoado e foi para a África. Por conta disso, aquele continente é tão sofrido. Particularmente, discordo desta corrente e até acho que o deputado deve ter cometido um ato falho ao referir-se a ela.
Pelo que eu saiba, não conheço qualquer pessoa que tenha sido discriminada por racismo pelo parlamentar. Isso me leva a pensar que esta reprodução de uma linha de pensamento não tinha a intenção de atingir negros ou africanos. Até porque, as pessoas de bem querem ver o fim da miséria em todas as partes do mundo, mas às vezes questionam a razão de haver lugares em que predomina tanto esta mazela social. Quem nunca teve curiosidade de saber com exatidão o motivo de existirem diferenças nas características dos povos? Uma citação equivocada a respeito desta questão seria racismo? Acredito ser um exagero, até mesmo porque o deputado já foi chamado a dar as suas explicações. Em entrevista à revista Época, ele disse “que tudo não passou de uma ‘infelicidade’”.
Ninguém, em sã consciência, aguenta ver pessoas sofrendo, em qualquer parte do mundo, sem tentar entender as origens e sugerir soluções. O religioso, de uma maneira geral, vê o bem como bênção e o mal como maldição. Daí, uma desgraça, qualquer que seja, poderá sempre ser vista como maldição e isto não é um ataque às pessoas, mas às situações. Nestes casos, os cristãos oram para que a maldição vá embora. Portanto, não é uma sentença amaldiçoadora e nem discriminação aos eventualmente afetados pela desgraça, mas sim um ataque ao mal espiritual que afeta às pessoas. Um esforço para libertá-las. É esse o pensamento cristão sobre o tema: queremos ver as pessoas abençoadas e livres do sofrimento, livres de maldições.
A Constituição da República, no Art. 5˚, afirma que “XLII a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”. Ressalta-se que matar alguém, isto é, a prática de homicídio, prescreve, o racismo não. Além de não se poder pagar fiança para responder em liberdade. Como está acontecendo uma campanha na mídia contra o deputado, muitos, de boa fé, estão sendo insuflados a ficarem contra ele. Afinal, como apreciar um “racista e homofóbico”? Só que estão exagerando na dose. Embora a declaração tenha sido infeliz, segundo ele próprio admite, não foi condenado por qualquer crime.
Alegaram também uma declaração do parlamentar no Twitter como justificativa para as acusações. Contudo, não abordaram o que veio antes ou em que contexto estavam aquelas palavras. Muitas pessoas se dizem membros de religiões, ateias, ou de algumas etnias e postam desaforos, xingamentos, demonstrando ódio aos que discordam delas. Essas tais, a parte da mídia panfletária finge que não vê e dá imunidade. Quem recebe esses insultos e quer dar resposta a uma avalanche de ofensas, se não ficar atento, pode, sem ter a intenção, parecer que está generalizando, especialmente no caso do Twitter que admite apenas 140 caracteres. Certamente foi, infelizmente, o que aconteceu e não deveria ter acontecido, mas fingem não entender. Com isso, essa parte da mídia tendenciosa acaba desprezando a realidade dos fatos e explorando apenas uma versão. Não importa o que o deputado quis dizer, mas o que querem fazer parecer que ele tenha dito no intuito de condená-lo.
Com relação à homofobia, não consegui encontrar nada que justificasse esta declaração, aliás, alcunha dada a todos que dizem que a prática homossexual é pecado. A Bíblia diz que vários atos, ligados à área sexual, comumente praticados na sociedade, são pecados. Dentre eles o adultério, a fornicação (sexo antes do casamento), o homossexualismo, e até a cobiça sexual, mesmo sem a prática do ato. O fato de a Bíblia dizer que é pecado e as igrejas cristãs pregarem isso, não significa que pessoas que adulteram, que fornicam, que cobiçam, ou mesmo que praticam a homossexualidade sejam odiadas, desrespeitadas ou mal quistas.
Há pessoas que frequentam igrejas e ainda se mantém nestas práticas. Quando pedem auxílio, são ajudadas, orientadas e respeitadas. Aliás, elas ficam nas igrejas porque querem. Se não quiserem ouvir conselhos, basta saírem de lá. Se permanecem nas igrejas é porque estão se sentindo bem. Ademais, muitas testemunham ter mudado de comportamento, deixando o adultério, a homossexualidade, etc. Quem quiser se manter nestes hábitos, tem liberdade para tal. Os cristãos não fazem passeatas, abaixo-assinados e outras coisas que possam representar uma pressão para impedimento das liberdades sexuais de cada um. Todavia, os que querem mudar de comportamento, deixando a homossexualidade ou qualquer outra prática sexual ou não, não merecem ser apoiados e terem seus direitos humanos e liberdades individuais também respeitados?
Imagino, pelas estatísticas, que haja mais pessoas que tenham relações sexuais sem serem casadas do que pessoas que praticam a homossexualidade. Nem por isso os que mantém relações sexuais fora do casamento chamam aqueles que ensinam a prática do sexo apenas no casamento de adulterofóbicas ou fornicariofóbicas. As relações sexuais, em geral, são dos atos mais privados que se praticam. Neste aspecto, os indivíduos fazem de suas vidas o que quiserem e não precisam prestar contas publicamente de seus atos privados.
Por outro lado, não existe um rol exaustivo do que é pecado. Pecado é tudo o que contraria a lei e os princípios de Deus. Normalmente, as pessoas quando cometem um desses erros são avisadas pelas suas próprias consciências: umas as ouvem, outras não. Os resultados da rebeldia contra a própria consciência só cada um pode falar de si mesmo. As pessoas podem ter domínio sobre as suas próprias vontades e não submetê-las a outras, mas ninguém consegue mudar a “voz da consciência”, porque ela é independente e não se sujeita à vontade nem mesmo do seu “dono”: a consciência é nossa, mas o controle dela, não. Alguns se irritam quando ouvem algo que a sua consciência já havia falado antes. O conselho soa como acusação, pois coincide com a condenação da própria consciência e, por conta disso, às vezes reagem com violência.
Entretanto, a Bíblia ensina que uns têm a consciência cauterizada e escolhem desrespeitar a lei de Deus. A esses, o Apóstolo Paulo ensinou: “Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si”. Romanos 1:24. Por esta razão, ninguém pode impor regras morais. Se uma pessoa escolhe não segui-las, mesmo se dito a ela que são leis de Deus, não será por imposições de seres humanos que mudará o seu rumo. Em contrapartida, aqueles que as querem seguir, devem ser respeitados e não podem ser acusados de qualquercoisafóbico.
Fiquei assustado porque recebi um e-mail identificado como “Pedro Abramovay – Avaaz.org”. Só para lembrar, este site foi o mesmo que inscreveu um abaixo-assinado contra o pastor Silas Malafaia. Alguém entrou no citado site e inscreveu um segundo abaixo-assinado favorável ao pastor. Quando o segundo passou o primeiro, o Avaaz.org não se envergonhou e mostrou seu perfil antidemocrático e panfletário, em prol das causas que lhe interessam, e retirou do ar a petição vencedora favorável ao pastor Silas Malafaia. Portanto, cuidado com esse site. Parte do e-mail, o que não me surpreendeu, dizia: “É revoltante! O pastor Marco Feliciano, conhecido por comentários racistas e homofóbicos, foi eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara (CDHM), a portas fechadas. Eles acham que conseguem ignorar a opinião pública, mas se todos nós dissermos NÃO em uma única voz agora, vamos tirá-lo de lá!” A portas fechadas, depois das agressões do dia anterior, mas diante de todo o Brasil, diferente de se manipular a opinião pública com vetos de abaixo-assinados. Ademais, nem todos dirão o NÃO como o Avaaz pretende. Parece que querem unanimidade e não sabem lidar com divergências.
Há também o debate se o deputado tem uma história de envolvimento com o tema “direitos humanos”. Essa abordagem trata o assunto como se o tema fosse algo de alta complexidade, distante da realidade da vida diária, e não algo de elevada afinidade com todos os cidadãos por afetar diretamente a cada um, suas famílias e comunidades das quais fazem parte. Definitivamente há comissões, como a relacionada à ciência e tecnologia e outras, cujos temas são bem mais complexos do que este e que as pautas não são debatidas diariamente na sociedade com o mesmo impacto que os direitos humanos. Na verdade, a falta de afinidade que querem combater não é a do parlamentar com os tópicos da comissão, mas sim do pensamento do deputado com o pensamento destas pessoas. Por conta disso, estão fazendo um perverso policiamento de ideias com elevado grau de discriminação ideológica que fere de forma mortal os direitos humanos dos quais dizem defender. A violência física, psicológica e moral que estão impondo ao parlamentar e a todos que pensam como ele é algo que ataca violentamente aos direitos humanos.
Contudo, a escolha para exercerem os mandatos nas casas legislativas são políticas, são pelo voto, não pela via técnica, por concurso público ou por notório saber em alguma área. Deputado não faz prova para ter mandato, é eleito. O povo escolhe, em geral, não pela elevada capacidade de conhecimento de um tema, mas sim por outras razões relacionadas à capacidade que o parlamentar tem de entender a vontade do povo e buscar solução para os seus problemas. Intelectual ou não, o desempenho em benefício do povo está associado à sensibilidade que se tem aos seus anseios. Apesar disso, há grupos de perfis bem diferentes na sociedade. O deputado eleito por um grupo não pode ser “deseleito” por outro: não existe voto negativo que anula o positivo, como estão querendo impor, neste caso, alguns ativistas associados à mídia panfletária.
Como é da natureza da política, as escolhas nas casas de leis são naturalmente influenciadas por negociações políticas. Isso não é novidade. É um ônus da democracia. Quem “repudia” esses ônus não tem afinidade com ela, mas mostra simpatia por autoritarismo. Em todas as comissões há parlamentares que pensam igual ou diferente de alguém. Caso o deputado Marco Feliciano não tenha afinidade com o tema da comissão, como alegam, seria isso um caso isolado? Se não é, qual o motivo desta campanha toda contra o seu nome? Se o argumento usado não se sustenta, é porque a razão da campanha é outra, mas isso já parece bem evidente. Quem entrou nesta gritaria, ou afagou os protestos para tentar “expulsar” de forma antidemocrática o deputado de lá, pode estar com a mente impregnada com a ideia de que a pregação cristã é homofóbica e por isso cristãos não são pessoas adequadas a falarem sobre direitos humanos. O que é lamentável.
Definitivamente há uma inversão de valores. Quem é contra os princípios cristãos pode manipular, agredir, xingar, ofender, caluniar, difamar, porque parece contar com mãos ternas das instituições públicas que não responsabilizam os agressores. Estão isentos da legislação penal, dos seus efeitos e nada “pega” contra eles: zombam de símbolos religiosos, ofendem, manipulam informações, caluniam, difamam, agridem, mas o Estado é delicado nesses casos. É um comportamento nada equidistante de algumas instituições públicas com relação aos cidadãos. O Estado não pode preferir uns em detrimento de outros.
Esse indevido salvo conduto permite aos agressores revelar seus ódios e serem cristofóbicos à vontade. Para atacar evangélicos e católicos, têm carta branca. Os que querem preservar os valores cristãos, como a vida, ao serem contra o ritual maligno de trituração de crianças indefesas pelo aborto, os que buscam proteger a família tradicional, os que são contra descriminalização das drogas, da prostituição, que não concordam com experiências “inovadoras” do ensino de sexualidade alternativa na educação de crianças, que não são politicamente corretos com esta tentativa de ruptura de valores, e que para isso não xingam, não batem, não caluniam e não difamam, estes tais, são alcunhados de homofóbicos.
Entretanto, como em uma boa democracia, cada um faz o que quer com a sua própria vida, sem precisar comprometer o próximo com suas opiniões. O que um concorda, outro pode discordar e expressar seu pensamento. O que um faz, pode ser copiado, ou criticado por outro livremente. Não existe prática sexual ou moral inatacável, podendo cada um escolher o que é bom para si e para sua família. Contudo, há pontos inegociáveis: aborto é assassinato em que a pessoa que mais devia proteger a vítima, a mãe, entrega para o algoz que é um profissional que tem obrigação legal e moral, por juramento, de defender a vida: o médico. Não queremos legalização das drogas e da prostituição. Não queremos crianças sendo dadas a adoção como cobaias.
Há grupos que não querem o debate, querem o silêncio dos cristãos enquanto eles gritam. Entretanto, o Estado precisa ser igual para todos: não pode ser leniente quando se tratar de ataques a cristãos e solidário quando defender os princípios anticristãos. A maioria dos evangélicos estão entendendo o linchamento ao nome do pastor Marco Feliciano como um linchamento à comunidade cristã. Claro, nesta batalha não podemos desconsiderar a existência de trânsfugas: os que passam para o outro lado. Contudo, é bom que saibam que os verdadeiros cristãos, que amam a Deus sobre todas as coisas e ao próximo com a si mesmo, não mudarão seus princípios em prol de uma nova ordem “imposta” por uma minoria agressiva: novos valores não passarão, por nada, goela adentro.