Meu pensamento para este instante que vivo inserido na história da Igreja é que precisamos reformar sua estrutura. Sempre dissemos que para recebermos o Vinho Novo, necessitávamos de um Odre Novo, mas nunca tivemos disposição suficiente para abrir mão do Velho Odre que nos dava casa, comida e status social; o qual ainda nos colocou à frente de um segmento social que vem crescendo de forma extraordinária nesta nação.
Se não estivermos dispostos a nos livrar desse poder clerical que tomamos emprestado das religiões antigas que oprimiram povos leigos, nunca provaremos de um avivamento perene, de uma conquista sólida, pois tudo o que do Alto recebemos, perde-se com o tempo, visto não haver condições de se manter a preciosa riqueza celeste em nossos odres institucionais, ressecados pelo tempo e uso.
Há de se rever, no entanto, o motivo certo do coração e reencontrar a estrada que perdemos, saindo desta que entramos para seguir a multidão que tinha resultados, quando trocamos o simples “obedecer à visão celeste” – como disse Paulo ao rei Agripa – para andar pelo caminho do sucesso.
Enquanto andarmos por esta estrada pavimentada em argumentos e ingredientes manchados com a injustiça (sob a máxima comum de que ‘a meta santifica a jornada’), estaremos impossibilitados de reconhecer o Caminho Santo e, conseqüentemente, perdidos.
É hora de pagar o preço, abrir mão do sucesso e dos resultados, pois os mesmos nos cegaram e nos impedem de ver a Verdade. Verdade, aliás, que santifica de fato aos seguidores do Messias, conforme sua própria oração feita em nosso favor: “Santifica-nos na tua Verdade, Senhor, a tua palavra…”
Saiamos fora dos muros do império e vejamos a pobreza do mundo que padece ao nosso redor. Entendamos que a transcendência dos santos não é objeto de uma existência mística, mas de um brilho interior que excede as paredes de um prédio e iluminam uma geração perversa e corrupta, in loco.
Esta geração foi eleita, mas está desinformada da Graça, conhecedora de nossas mazelas institucionais, mas desinformada da Palavra Viva que nos salvou.
Quero brilhar com a luz da Verdade, pra esses, mesmo que pros “salvos”, seja eu um lixo, um franciscano pobre e burro, que não sabe aproveitar das bênçãos que o Cristo proporcionou em sua morte e sofrimento.
“Santifica-os na tua verdade“, eu quero esta santidade… santidade verdadeira, não aquela que fariseus hipócritas tinham, com suas vestes cultuais, orações públicas, cadeiras cativas nos púlpitos, rituais e liturgias cheias de solenidade morta.
Quero a Cruz, quero a morte, quero a vergonha, quero sofrer o que resta das aflições de Cristo, provar de seu poder nas minhas muitas fraquezas, conhecer que o Evangelho é o poder que me livra da condenação e entender que o cuidado de Deus me fornece as forças necessárias pra passar pelos vales e tormentos.
Isto é fé, isto é crer, o que me faz olhar e ver nos olhos do perdido, a carência do amor desinteressado, sentindo compaixão sincera, fazendo eu próprio o que deve ser feito.
Reforma em mim, em nós, reforma às estruturas do sentir, do pensar, do congregar, do amar.
Reforma já!