“Como crianças recém-nascidas, desejem de coração o leite espiritual puro, para que por meio dele cresçam para a salvação“. I Pedro 2:2
A alimentação é um processo fundamental e vital para todos os seres vivos. Se não nos alimentamos devidamente, adoecemos e podemos até chegar à morte, em casos mais graves.
Mecanicamente, o processo da alimentação de nosso corpo ocorre de uma maneira natural e involuntária, ou seja, o próprio corpo humano é capaz de realizar o processo todo sem que se tenha que pensar nele.
Acho que todos sabem, mais ou menos, como funciona esse processo. Tudo começa, obviamente, pela boca, a “natural” porta de entrada da comida. É nela onde os alimentos passam pela primeira parte do processo. Ali mastigamos os alimentos, triturando tudo até que vire um bolo que desce até o estômago. Nessa hora, uma série de enzimas ácidas dá início a um processo que visa dissolver o bolo, transformando tudo o que comemos em uma papa, a qual segue rumo ao intestino, onde uma parte será absorvida pelo organismo em forma de nutrientes e o resto é liberado pra ser jogado fora.
Na vida espiritual, somos nutridos em um processo semelhante. Recebemos o “alimento” por uma via sensorial, mastigamos, trituramos, ou seja, adequamos à nossa realidade, mensurando e comparando com o nosso banco de dados particular, formado por nossos princípios, tradições e idiossincrasias. Somente depois disto, ou seja, após transformarmos o alimento bruto em uma espécie de “papinha”, que Pedro chamou de leite espiritual, é que somos de fato alimentados.
No entanto, na vida espiritual, esse processo não se dá de forma involuntária. A metabolização de idéias, visões, profecias e revelações que adentram nosso interior passa racionalmente pelo entendimento e pela compreensão para que, enfim, sejamos nutridos em nossas vidas espirituais.
A esse processo digestivo do espírito, podemos chamar de discernimento. O discernimento é uma espécie de filtro que julga tudo o que ouvimos, aprendemos e recebemos. A Bíblia fala desse processo num versículo pequeno, simples, mas muito profundo, que diz: ”Examinai tudo. Retende o que é bom”. I Tessalonicenses 5:21
Conversamos com as pessoas, lemos livros, aprendemos com as situações da vida, percebendo a fé e a espiritualidade em tudo no mundo ao nosso redor, mas é o discernimento que traz condições de sabermos o que é bom ou ruim pra cada um de nós.
Para que possamos reter o que é bom, precisamos fazer uma separação racional do que é ruim. Isso é parte natural e vital na busca por uma boa saúde espiritual.
No corpo, quando não damos a devida atenção a esse processo, padecemos de doenças que podem até nos matar. No espírito, o apóstolo Paulo diz que acontece a mesma coisa.
“Aquele que come e bebe sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação. Esta é a razão por que entre vós há muitos adoentados e fracos, e muitos mortos”. I Coríntios 11:29-30
Ele está dizendo que precisamos “distinguir o corpo do Senhor” e a isto eu também denomino discernimento. O resultado do não discernimento é o versículo 30 acima que diz: “Esta é a razão por que entre vós há muitos adoentados e fracos, e muitos mortos”.
A bênção de Deus pode ser demonstrada pela saúde espiritual e essa saúde depende do que comemos e de como processamos os alimentos que recebemos. O discernimento é ferramenta fundamental no processo da metabolização, que separa o bem do mal, o útil e do inútil, que retém o nutriente e joga fora o que não presta.