“Ninguém da tua descendência, nas suas gerações, em que houver algum defeito, se chegará a oferecer o pão do seu Deus”. Levítico 21:17.
Parece que o Deus dos antigos não estava preparado para os conceitos modernos de inclusão social. Para o Deus dos judeus não havia cotas visando equilibrar a desigualdade racial e, segundo a tradição, todos os que tivessem algum defeito, por mínimo que fosse, eram rejeitados para o ofício sacerdotal.
O texto que sucede o versículo 21:17 de Levítico, traz uma pequena lista de deformidades físicas que tornavam alguém inapto para o serviço sacerdotal na religião judaica.
Uma pessoa cega, ou que andava mancando, um anão, um corcunda, ou até alguém que tivesse um nariz feio demais, estava desqualificado.
Coisas simples e que soam até ridículas pra nós, hoje.
Todavia, me vejo diante de opiniões de gente que diz conhecer a Cristo e segui-lo, os quais vomitam esse tipo de conceito antiquado e completamente sem identificação com a atual era espiritual que vivemos. Os pensamentos de muitos cristãos nominais e desavisados demonstram uma completa incapacidade de aceitar as “imperfeições” dos outros.
Quando alguém diz: “Deus nos fez perfeitos, à sua imagem e semelhança, por isso, devemos ser perfeitos”, será que se lembra dos que nasceram sem um braço, olho ou com o pênis atrofiado? E o que dizer sobre os nascem com síndrome de down? Quem sofreu um acidente, perdendo parte de seus movimentos é maldito, inapto para Deus? Vamos estender a lista e incluir os ‘imperfeitos’ da modernidade, os tatuados, os afeminados, os fumantes, os divorciados…
Quando me vejo em Cristo, quando sinto sua aceitação, fecho meus olhos e vejo seus braços abertos diante de mim, então, entendo que aqueles que a religião judaica e os cristianismos excluíram, o meu Senhor Jesus incluiu, abraçando a todos os tipos de seres humanos, igualmente.
Na tradição que recebemos da Nova Aliança, vemos Pedro dizendo: “Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas”, Atos 10:34 e I Pedro 1:17. Paulo também disse: “Porque, para com Deus, não há acepção de pessoas”. Romanos 2:11 e Efésios 6:9 e Tiago vai além e adverte: “Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado”. Tiago 2:9.
A quem estamos representando, quando apontamos engatilhado o nosso dedo indicador, disparando nossos conceitos sobre a perfeição de Deus em contraste com a imperfeição humana: a velha lei que nos condena ou a Graça que nos salva?
É bom perceber ainda que os religiosos são (des) mascarados por sua maestria em infringir culpa sobre os outros e perdão sobre si, utilizando para isto a Bíblia.
Fariseus manipuladores! (Mateus 23:13)
O que Jesus falou sobre isto?
“Ao passar, Jesus viu um cego de nascença. Seus discípulos lhe perguntaram: ‘Mestre, quem pecou: este homem ou seus pais, para que ele nascesse cego?’ Disse Jesus: ‘Nem ele nem seus pais pecaram, mas isto aconteceu para que a obra de Deus se manifestasse na vida dele’”. João 9:1-3
Onde está o seu Deus, crente? Julgando as diferenças das pessoas ou de braços abertos para receber pecadores, aceitando-os com suas imperfeições, manifestando assim a Obra da Graça?
Conheçamos e prossigamos em conhecer o Evangelho, libertos da hipocrisia.