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6 Pontos sobre os evangélicos e um “messias” chamado Jair Bolsonaro.

Os cristãos brasileiros e o Bolsonaro.

Ai, ai! Eu sei que vou comprar briga, mas lá vai:

Crentes aficionados por Bolsonaro tem o mesmo discurso. Acentuam que ele, o Jair Messias:

1) Defende a família tradicional;
2) Tem ficha limpa;
3) Não dá moral pra bandido;
4) É a favor da legal posse de armas;
5) É a favor da redução da maioridade penal;
6) Ama a nação de Israel.

Em nosso país a campanha à presidência da república em 2018 ganha feições e apelos religiosos, principalmente no discurso do Bolsonaro e mais ainda na militância e voz de seus cabos eleitorais voluntários. Se você considerar o 1• e 6• ponto do que enumerei acima, e trata-se do que o Bolsonaro repete com frequência em suas entrevistas e visitas de campanha – vai notar que ambos os pontos apelam à crenças religiosas. Como brasileiros estaremos à cometer um grande erro se considerarmos apenas o peso religioso do discurso do referido candidato, e te apresentarei as razões desta minha afirmação.

Antes, porém, para que não fiquem dúvidas sobre minha posição pessoal; 1). Eu sou a favor da família tradicional (segundo as Escrituras). 2) Valorizo candidatos ficha limpa; 3) Acredito que o Estado precisa desenvolver melhor o conceito “direitos humanos”, pois o que temos em vigência de fato privilegia uma parte e se afasta da outra como indiferente. 4) Sou contra a qualquer incentivo do Estado de armar civis, tal inconsequência se praticada, cobrará muito caro de cidadãos incautos e seus familiares. 5) Não vejo a redução da maioridade penal como solução para o problema da criminalidade – o problema é a inexistência de uma política eficaz para tratar a questão em suas origens. 6) E finalmente, acredito que o Brasil precisa se reaproximar de Israel (são de fato o povo de Deus com grandes promessas que beneficiarão nações amigas); mas que também precisa ampliar suas relações internacionais com demais países que poderão agregar valor à nossa economia, desenvolvimento tecnológico e etc.

Mas, permita-me fazer abaixo observações aos pontos elencados acima e que são sempre os levantados pelos fãs do Jair Bolsonaro:

1) O Bolsonaro está em seu terceiro casamento (família tradicional se resume a união de héteros? E a monogamia bíblica, não é tradicional?). Acho que nossa compreensão de família tradicional – além de ao que parece estar distante da bíblia – foi corrompida por um discurso político “engana inocente” que ao confrontar-se com princípios bíblicos de fato, esfarela-se.

2) Com a devida vênia, ficha limpa não é virtude é obrigação de todo candidato. Mas a história da doação da JBS ao Bolsonaro, a explicação e os desfechos do fato – não se harmonizam. A ficha tá limpa, mas o processo da “doação” dos R$ 200 mil, recebida da Friboi, depositada na conta pessoal do Candidato e depois estornada por ele (o Jair), foi transferida ao partido (e não devolvido a JBS). Isso tá mal explicado! O “Bolsa” não recebe, mas o PP (partido dele na época) ficou com a grana? Inocenta ou levanta suspeição? Se a grana é imprópria ao “Bolsomito”, porque serve ou torna-se própria para o partido dele? Mas pra piorar, acredite: o mesmo valor voltou para a conta do Bolsonaro, através de um repasse do PP com o nome de distribuição do “fundo partidário’. Pois é, fica uma interrogação mesmo. As doações do Grupo JBS depois de investigações feitas pela Justiça, revelaram um grande esquema de subornos junto a políticos e partidos, inclusive à sigla partidária do Bolsonaro, no incidente em questão. Hoje ele é candidato pelo PSL.

3) Não dá moral pra bandido? E deveria dar? Direitos humanos são fundamentais. Cadê a política pra recuperar esses cidadãos de fato marginalizados? Não vi! Ah! Ele aposta no poder das mídias socias pra se eleger (e precisa apostar mesmo, já que não tem espaço suficiente na Tv, pelas alianças que não conseguiu fechar).

Se depender das redes sociais ai é fácil!
Seus fãs (eleitores) escrevem que ele “mitou” fulano, beltrano e sicrano. São criativos e dizem que ele é “Bolsomito” pelas falas diretas que solta (ele se arrepende depois e confessa isso), e aí a “galera”, o povo, pastores, padres, congregações e catedrais curtem, aplaudem e compartilham (não generalizo é claro). Mas, mesmo com todo o alvoroço continua aberta a questão fundamental: onde está o plano de governo do Bolsonaro, cadê as propostas claras e concretas para um Brasil melhor? Simplesmente não há.

Há um discurso que representa a opinião de muita gente, mas que sem plano e uma nova planta de governo, não se muda nada – e se quer se poderá governar. Porque um outro erro além do encanto alucinado do povo com um Bolsonoro sem cartilha pra governar – é o total desinteresse com os “novos” congressistas que o mesmo vai precisar. Considerando a hipótese de uma vitória do citado candidato, quem seus correligionários elegerão para constituir o congresso que vai transformar o País junto com o “Bolsomito”? Até agora os políticos que tem se mostrado junto ao “mito” é quase mais do mesmo (não é gente nova na política ou de total ficha limpa). E por isso, fica claro que com discurso religioso armamentista e de tolerância zero ao crime – só com isso – não se mudará absolutamente nada a partir desse incerto quadro político. Se o eleitor brasileiro não buscar informações sobre os candidatos às câmaras estaduais e federal e ao Senado, e ampliar com essa verificação sua visão e critérios de voto – abandonando “mitos” e encarando realidades inadiáveis – não haverá mudanças positivas para o Brasil, infelizmente.

4) Imagine um país com liberação do uso de armas de fogo. Estado omisso é também aquele que propaga o “defenda-se”; através da política do “olho por olho e do dente por dente”. Sinceramente, eu não ouvi proposta clara do Bolsonaro sobre isso – ele repete “jargões”, frases montadas que são típicas ao agrado das massas. E cá pra nós, crente nenhum deve ser a favor de posse de armas.

5) Redução de maioridade penal não é solução para o problema da criminalidade no Brasil. Nem atenuante é; pois a bandidagem que fez a cabeça da turma de 14 a 16 anos; será também convincente sobre os de 10 a 13 anos, isso é fato. Cadê a proposta de educação e de geração de emprego e renda para os contingentes diretamente cercados pelo crime? Cadê? Acreditem – o Jair não apresentou!

6) Nossa que lindo que o Bolsonaro ama a Israel! Além da consequente bênção de um presidente que ama o povo de Deus – isso é bom. Mas, o que o “Messias” tem para o Brasil? Porque antes do amor pela nação de Israel tem mais de 13 milhões de desempregados no Brasil. Gente que precisa desesperadamente de uma eficiente política de retomada econômica e consequente geração de oportunidades laborais. Qual é a proposta do “mito” pra sanar isso? Não apresentou!
Não precisamos de discursinho “enganha crente dispensacionalista”. Cadê a proposta de governo pra esse país sair de suas agruras sociais?

Eu gastei tempo ouvindo e assistindo entrevistas e sabatinas dos candidatos à presidência do Brasil. E pasmem: o Bolsonaro é infelizmente, o que menos tem propostas claras para o nosso país (eu ouvi 4 candidatos). Suas posições são esparsas – não focam objetivamente problemas econômicos, educacionais e até de segurança pública.

Se você vai votar no Bolsonaro por convicções religiosas é louvável e tenho que respeitar. Mas, não vamos às eleições por propostas políticas? Pois é, o Jair tá devendo. Mas talvez, você como seguidor e cabo eleitoral espontâneo do “messias” – o que acha de também cobrar do candidato em questão, tais proposições?

Eu refleti sobre uma “Coalização Católica-Protestante” nas eleições de 2018 (veja o artigo aqui) mas nunca imaginei que ela produziria um “MESSIAS” chamado Bolsonaro. Pois produziu, e ele (o Jair) é a síntese dos desejos e da exposição de fé e crença dessa aglomeração ecumênica. Os 6 pontos do “bolsonarismo” como apologética em concílio de igreja do IV século – serve quase como fala teológica; mas, como programa de governo para uma nação do tamanho do Brasil, país contido por tanta corrupção – o discurso é incapaz de na prática resolver as questões mais elementares de uma população que de fato sofre todo dia!

Enquanto o plano de governo de Bolsonaro não nos é apresentado, seguem as pérolas do candidato – propagando-se mais como publicitárias do que políticas – e apontam o caminho para os nossos problemas nacionais: “vamos todos passar no posto Ipiranga – pois lá, deve-se encontrar planos concretos de governo para o enfrentamento adequado dos dilemas do Brasil“.

Se o senhor Jair Messias Bolsonaro apresentar antes das eleições, boas propostas de governo para o meu Brasil, com planos e metas claras até eu votarei nele!

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