Pior do que uma tragédia é sua exploração para fins políticos.
O corpo do adolescente Kaique Augusto dos Santos, de 17 anos, foi encontrado embaixo de um viaduto em pleno centro de São Paulo, no sábado, dia 11. Kaique estava desfigurado, sem os dentes, com dedos quebrados. Confira a notícia completa aqui.
O corpo machucado de Kaique havia acabado de ser encontrado quando o deputado federal Jean Wyllys (PSOL), de forma oportunista e insensível, divulgou um texto acusatório e raivoso no qual explora a morte do jovem para justificar sua campanha de ódio contra os cristãos. Leia aqui.
Os familiares e amigos de Kaique acreditam que ele foi vítima de crime de ódio já que era homossexual e sumiu justamente quando saia de uma “balada gay”. A hipótese merece toda a atenção da Polícia, que acredita que Kaique cometeu suicídio.
Ainda não há conclusão possível. O bom senso não permite que se afirme que se trata de um “crime de homofobia”. O que se deve exigir da Polícia é a apuração séria e rápida da morte para que a família do jovem saiba o que realmente aconteceu.
Jean Wyllys, contudo, não quer apuração de nada. Porque ele já sabe o que houve: Kaique foi morto porque era homossexual. Simples assim. O deputado escreveu:
“Em outros países, o brutal assassinato de um adolescente homossexual seria uma notícia que comoveria a sociedade e nos chocaria a todos como poucas notícias nos chocam.”
Fica a pergunta: Jean Wyllys tem informações privilegiadas sobre o caso?
Caso o deputado tenha pistas sobre a morte de Kaique, antes de escrever um artigo para se autopromover, deveria procurar os investigadores responsáveis e compartilhar com eles tudo o que sabe.
Até mesmo a irmã de Kaique – que acredita em crime de homofobia – deu declarações levantando outras suspeitas e possibilidades:
Na manhã de terça-feira, Tayna combinou um encontro com os amigos de Kaique, que o acompanhavam no dia da festa, mas, segundo ela, nenhum compareceu. Após o ‘furo’ dos colegas, a jovem retornou ao DHPP para relatar o comportamento dos adolescentes, que ela considerou “estranho”. “O policial que me atendeu disse que os jovens não devem ter culpa de nada, mas eu falei que era preciso investigar. Não dá para saber, né?”, questionou.
Confira a entrevista completa aqui.
Além disso, a Polícia divulgou a existência de um diário de autoria de Kaique. Em sua última anotação, ele escreveu que tomaria “uma atitude, uma decisão”. A seguir, é possível ler a frase: “Adeus às pessoas que amo”. Veja aqui.
Fora da realidade
Em seu artigo belicoso, o deputado do PSOL comparou a morte de Kaique com o brutal assassinato do chileno Daniel Zamudio, em 2012. O jovem de 24 anos foi torturado por seis horas antes, de forma macabra, por quatro neonazistas.
A Polícia chilena rapidamente chegou aos assassinos de Daniel e à motivação do crime porque os assassinos, entre outras coisas, deixaram marcas nazistas no corpo da vítima. Neonazistas são passionais, covardes e irracionais.
Quando foi encontrado, Kaique tinha seu rosto desfigurado, não tinha dentes, e estava com os dedos quebrados. Podem ser sinais de tortura. Mas podem ser sinais de uma queda, hipótese que a Polícia reiterou nas últimas horas.
Até o momento não há nada que possa servir de ligação lógica entre a o assassinato cruel de Daniel, no Chile, e a morte obscura de Kaique, em São Paulo. Isso não impediu Jean Wyllys de tirar conclusões políticas profundas sobre o caso como se não houvesse mais dúvidas sobre o que ocorreu.
Será que o deputado trabalha como detetive independente nas horas vagas?
Ou talvez Jean Wyllys tenha acompanhado secretamente o trabalho da perícia criminal em São Paulo e, sem fazer alarde, trabalhou a última semana no IML paulista.
Histeria acusatória
Em sua verborragia de ódio, Jean Wyllys quer criar fatos noticiosos, polarizar com os cristãos e gerar tensões entre gays e héteros. Tudo isso para tentar apagar o seu erro de principiante que foi ter fugido da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM).
A sua saída tinha o objetivo de destruir a credibilidade da Comissão, mas acabou interpretada pelo como uma covardia. A decisão foi tão ruim que até mesmo alguns militantes LGBT também avaliaram que a saída em bloco da CDHM foi um “erro estratégico”.
Jean Wyllys e seus colegas fugiram do debate. Ao invés de confrontar o “fundamentalista” Marco Feliciano, o socialista Wyllys preferiu fundar uma “comissão alternativa” na Praça da República, em São Paulo, com travestis e prostitutas. De nada adiantou.
É por isso que o agora o porta-voz desacreditado da causa LGBT precisa subir o tom contra seus adversários. E ele fez isso com seu artigo feito de ódio e ressentimento:
Não é por acaso que o pastor Silas Malafaia, um dos líderes do Ku Klux Klan antigay brasileira, parabenizou os senadores e, em especial, o senador Lindberg Farias, um dos líderes da causa homofóbica no governista Partido dos Trabalhadores.
Dá pra imaginar Jean Wyllys babando de raiva enquanto escrevia, não é mesmo?
Não simpatizo com as posições teológicas de Silas Malafaia, mas sou obrigado a admitir que sua conduta na defesa das liberdades civis e religiosas tem sido exemplar até o momento.
Aliás, o apresentador Jô Soares também criticou publicamente o conteúdo da PLC 122 e se declarou contrário ao seu texto original. Será que Jean Wyllys vai incluí-lo na lista de honoráveis membros da “Ku Klux Klan Antigay Brasileira”?
Será que Wyllys vai considerar o entrevistador co-responsável pela morte obscura de Kaique?
Assista aqui a declaração de Jô Soares contra a PLC 122.
Bode expiatório
Depois de morto, Kaique sofreu uma segunda violência. O seu corpo machucado foi usado sem reservas por Jean Wyllys para fins políticos. É um sinal de desespero do parlamentar.
Além da saída desastrada da CDHM, o deputado socialista sofreu outra derrota política com o engavetamento da PLC 122. Ele precisa desesperadamente justificar o seu mandato.
Por isso ele chegou ao ápice da vigarice intelectual ao associar as igrejas e a Bancada Evangélica com seja lá o que tenha acontecido com Kaique. Sim, ele escreveu isso:
Como eu já escrevi tempo atrás, em ocasião de outros assassinatos como este, em cada caso aparece, como pano de fundo, o discurso de ódio alimentado por igrejas caça-níquel e pela bancada fundamentalista no Congresso federal, que em 2013 ganhou de cínico presente, com o apoio da bancada governista, a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.
Primeiro, Jean Wyllys não provou que Kaique foi vítima de crime de ódio. Se ele é detetive particular nas horas vagas, que compartilhe conosco os resultados de suas investigações.
Segundo, o deputado socialista jamais apresentou ao público qualquer vídeo, gravação ou texto de líder evangélico incentivando a violência contra homossexuais. Nunca.
Não tenho dúvidas de que nenhum líder evangélico aprovaria o assassinato de gays. Só uma alma tomada pela irracionalidade poderia acreditar em uma bobagem como essas.
O deputado do PSOL acredita. E usa um adolescente morto como bode expiatório de sua campanha de divisão, ressentimento e repleta de acusações tão pesadas quanto levianas.
Jean Wyllys vai explorar o cadáver de Kaique em um esforço para impedir que ele mesmo, porta-voz LGBT desacreditado, se torne um cadáver político depois de tantas derrotas no Congresso.
Atualização:
“Família admite que adolescente cometeu suicídio em São Paulo”
A família do adolescente Kaique Augusto Batista dos Santos, 16, afirmou na tarde desta terça-feira que a suspeita inicial da polícia estava correta e que o garoto cometeu suicídio.
A mãe do garoto, Isabel Cristina Batista, pediu desculpas se algo que ela disse pudesse prejudicar a imagem da polícia. “Eu só tenho a agradecer a todos que me ajudaram nesse momento tão difícil. Agora, vou apenas conviver com essa dor para o resto da minha vida”, disse.
Confira notícia completa: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/01/1400682-familia-admite-que-adolescente-cometeu-suicidio-em-sp.shtml