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Os cristãos, o voto consciente e o perigo da alienação

Por Rubens Teixeira

Os cidadãos, de um modo geral, devem buscar informar-se, ler, desenvolver senso crítico para votar. Os cristãos, especialmente os mais fervorosos, não podem ser diferentes. Para criar um senso crítico, é importante ouvir diversas fontes e conhecer os temas do cotidiano.

Os discursos políticos centrados apenas na moral cristã, desprezando os demais temas relevantes para o país

Muitos cristãos só se informam com base no que se diz nas mídias ligadas à sua fé, deixando de lado muitos assuntos que afetam o seu dia-a-dia, da sua família e de toda a sociedade. Quando estamos atentos apenas a temas relacionados a nossa comunidade religiosa, ficamos desinformados sobre assuntos de alta relevância para o nosso país e que exigem das nossas autoridades posturas firmes e éticas na defesa de interesses dos cidadãos como um todo.

Alguns só se atentam a temas polêmicos relacionados à sua fé e põem de lado assuntos ligados à saúde, educação, segurança, transporte, economia, aos direitos trabalhistas, previdenciários, e tantos outros que podem deixá-los mais vulneráveis ao desemprego ou mesmo à falta de infraestrutura. O debate sobre esses e outros temas no meio cristão é praticamente inexistente, o que deixa a maioria dos cidadãos deste grupo desinformados e pouco preparados para debaterem, tornando-se vulneráveis a qualquer um que queira trazer-lhes uma ideia pronta.

Em épocas de debates eleitorais, os temas discutidos no ambiente cristão são sempre os mesmos e, normalmente, apenas os relacionados à sua fé. Embora os princípios cristãos devam ser defendidos por aqueles que são seguidores desta fé, os demais assuntos que causam maior impacto ao cotidiano de todos os cidadãos não podem ser desprezados da forma que vem acontecendo.

A implantação do pânico como estratégia

De propósito ou não, alguns veículos de comunicação trazem informações prontas, empacotadas, sem qualquer senso crítico e lançam sobre o público cristão. Em época de eleições, essa desinformação sistêmica, intencional ou não, torna as pessoas mais fervorosas reféns de oportunistas e mentirosos que levam pânico às igrejas, tentando fazer com que o voto cristão seja pautado apenas em dois ou três temas, e desprezam outros que representam a saúde, a segurança, o emprego e a dignidade de milhões de brasileiros, incluindo os cristãos.

Pior do que tudo isso, em épocas de eleição, cria-se o pânico de que o Congresso Nacional vai votar leis permissivas contra esse ou aquele assunto, mas que não reflete em ações tão firmes nas casas legislativas quanto a propaganda feita dentro dos templos. Enfim, um pânico orquestrado para tornar o povo, já desinformado, também desorientado e com menor capacidade de decisão.

Ser prudente como a serpente …

É dever dos eleitores cristãos, como cidadãos, ler todos os jornais, disponíveis na internet ou impressos, informando-se sobre temas relacionados aos assuntos do cotidiano. Se nós não cuidarmos da defesa dos nossos direitos e não soubermos opinar e nem cobrar sobre temas relacionados a educação, transporte, saúde, emprego, moradia, economia etc, continuaremos sendo reféns e manipulados por alguns que são “leões” em época de eleições e verdadeiros “gatinhos” quando estão no poder. Jesus nos ensinou a sermos suas ovelhas, não ovelhas de “lobos”. (João 10.12). Não se esqueça: Jesus também nos ensinou a sermos simples como a pomba, mas prudentes como as “serpentes”. (Mateus 10.16). Se fizermos o contrário, seremos cidadãos irresponsáveis e cristãos desobedientes aos ensinamentos do Mestre e, portanto, sofreremos as consequências.

O cristão consciente é exigente com seus parlamentares

Se formos sinceros conosco e com a sociedade que fazemos parte, devemos estar prontos para discutir temas que afetam a todos e, por fim, sabermos votar e também fiscalizar o mandato daqueles que votamos. Quem não sabe em quem votou, quem não sabe explicar porque votou, quem não cobra posturas dos seus representantes não contribui para o desenvolvimento do Brasil, mas colabora com os que querem um país desigual, desinformado para ser mais fácil manipular, mais fácil corromper, mais fácil dirigir a opinião pública fazendo-a insensível ao sofrimento dos que morrem nos corredores de hospitais se contorcendo de dor. Paralelamente a isto, crianças pobres não têm perspectivas de alcançarem melhores oportunidades no futuro, enquanto muitos enriquecem ilicitamente. Voto é livre arbítrio: um direito seu. Não delegue-o. Vote pensando em construir um Brasil melhor para você e para todos.

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