Tomei conhecimento que no último dia 13 desse mês, em uma escola localizada no município de Ipojuca, no estado de Pernambuco, mais uma cena lamentável de violência contra um professor foi registrada em nosso país. O docente José Spínola Sabino foi agredido por três alunos durante uma confusão no colégio Domingos de Albuquerque.
Um vídeo com a gravação do momento da agressão circulou pelas redes sociais. Coincidentemente, poucos dias atrás estive no Rio Grande do Sul, ao lado do procurador de Justiça e pré-candidato ao Senado este ano, Sérgio Harfouche, entre outras coisas, para falar exatamente da lei que leva o seu nome, a “Lei Harfouche”, que visa atribuir aos pais e alunos a responsabilidade de reparar danos eventualmente causados na escola, inclusive por agressão contra professores.
Na ocasião, fomos entrevistados pela Rádio Transmundial, onde expliquei a relação da violência escolar com o ambiente familiar. Infelizmente o que estamos vendo hoje com o aumento da violência nas escolas é proporcional ao desprezo que a nossa cultura está tendo com a família e a responsabilidade dos pais sobre seus filhos.
O professor sente a repercussão disso na sala de aula por dois motivos principais:
01 – A escola é o lugar onde crianças e adolescentes passam a maior parte do seu tempo fora de casa. Consequentemente, é na escola que o aluno vai manifestar alguns dos sintomas adquiridos com os problemas que ele enfrenta no seu dia-a-dia com a família, incluindo a agressividade;
02 – O professor é a principal figura de autoridade no ambiente escolar, responsável por lidar diretamente com os alunos, cobrando, orientando, ensinando e muitas vezes tendo que fazer outros papéis por omissão da família.
Dito isto, endentemos que a maneira como os alunos reagem ao professor também é proporcional ao que esse aluno aprende dentro de casa. Em nossa geração a ausência da figura paterna e materna como referência na família é cada vez maior. Pais e filhos estão se comunicando cada vez menos, isolados muitas vezes pelo trabalho e relacionamentos amorosos, no caso dos adultos, ou pelo mundo virtual e a internet, no caso dos filhos.
Se os filhos não têm os pais como referências de autoridade dentro de casa, aprendendo com eles a respeitar limites, dificilmente esses filhos vão ter consideração suficiente pelos professores. Exploro mais essa questão em meu livro “Como Fazer do seu Filho uma Criança Feliz”.
Outro grande problema que contribui para a violência escolar é a falta de bons valores na família. Como cristãos, sabemos que a fé em Deus é o pilar do nosso lar. Ensinar isso para nossos filhos é dar a eles uma referência muito sólida, como diz a Bíblia em Provérbios 22:6: “Ensina a criança no Caminho em que deve andar, e mesmo quando for idoso não se desviará dele”.
Esse conceito não muda para quem não é cristão ou mesmo para quem diz não acreditar em Deus. Entenda a fé aqui como um componente da moralidade e capacidade inata de todo ser humano de agir com ética. Em outras palavras, o conceito sobre “certo” e o “errado” exigem padrões morais para o funcionamento de uma sociedade, e mesmo que você não tenha fé, eles continuarão existindo. Cabe aos pais a decisão de qual caminho desejam ensinar para seus filhos. Só não podem deixar de ensinar, porque é justamente essa falta de ensino que produz alunos propícios à violência.
Finalmente, os pais devem impor limites, servindo eles mesmos de modelos, tendo uma vida moralmente equilibrada para que os filhos tenham isso como referência. Sem dúvida alguma isso não apenas vai orientar o comportamento do aluno dentro do colégio, como vai contribuir para o seu interesse nos estudos.