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Verdadeiros resultados das Eleições da CGADB: quem realmente perdeu ou ganhou?

Para muitos já era esperada a vitória do pastor José Wellington, da chapa Amigos do Presidente, nas eleições da CGADB em 2013, mas o pastor Samuel Câmara, da chapa CGADB para Todos, candidato único da oposição, ganhou destaque por conseguir 46% dos votos válidos, como revelou o Gospel+ em primeira mão. Alguns estão apontando essa pouca diferença entre os votos dos candidatos como uma prova de que há um movimento crescente de pastores filiados ao conselho que estão pensando em mudanças na presidência, mas as coisas não são tão simples assim.

Nas eleições da 41ª AGO José Wellington obteve 9003 votos vencendo os 7407 de Samuel Câmara, uma diferença de 1596 votos, que realmente pode ser apontada como pequena. Porém nas eleições da 39ª AGO, que aconteceu em 2009, a diferença entre os candidatos foi menos da metade disso: apenas 756 votos. Isso mostra que diferente do que a votação um pouco apertada deste ano aparenta, o nome do pastor Samuel como presidente da CGADB perdeu força entre os pastores nos últimos quatro anos, já que a margem de votos entre os dois mais do que dobrou em 2013.

Além disso é importante observar que houve um crescimento substancial de votos válidos nesta eleição – 12682 para presidente em 2009 contra 16410 em 2013 – ou seja, 3728 pastores a mais votaram. Da 39ª AGO para a 41ª o presidente pulou de 6719 votos para 9003, enquanto o pastor Samuel teve um tímido crescimento de 5963 para 7407, ou seja, assim pode-se dizer que dos 3728 novos pastores aptos ou interessados a votar, 61% deles (2284) teriam apoiado José Wellington. Assim podemos supor que a maioria dos novos votos e eleitores que estão surgindo nos últimos anos são ou querem se tornar “amigos do presidente”, tirando assim uma força importante de Samuel Câmara nesse cabo de guerra eleitoral.

Nem tudo é um mar de rosas

Os candidatos da chapa Amigos do Presidente para os cargos de diretoria ganharam em sua maioria, como já esperado, porém apenas nos principais cargos mais próximos do presidente dentro da CGADB. Nesse lado a tática da chapa de Samuel Câmara se manteve bem parecida com a da última eleição: ganhou em pontos-chave politicamente como todos os postos do Conselho Fiscal – sul, sudeste, centro-oeste, nordeste e norte.

A surpresa da chapa CGADB para Todos ficou para a eleição do pastor Jonas de Paula como 5º secretário (região sudeste) e a eleição dos dois tesoureiros, vitória esta que só havia conseguido pela metade em 2009 quando elegeu apenas o segundo tesoureiro da CGADB, mas a mudança de foco dos eleitores nesta sensível área já era esperada após as graves acusações que o pastor Silas Malafaia fez contra as finanças da entidade assembleiana. Alias, o conhecido televangelista do programa Vitória em Cristo havia sido o grande trunfo de Samuel Câmara em 2009 quando, filiado a sua chapa, foi eleito para a alta e importante posição de 1º vice-presidente da CGADB com 5843 votos, embora tenha renunciado ao cargo e a sua filiação à entidade um ano depois.

Outra fato a se atentar é que nas eleições de 2013 a chapa CGADB para Todos ficou com uma diferença menor que ralos 600 votos em 3 das 5 disputas para vice-presidente, sendo uma – a terceira (região norte) – em que a diferença foi de apenas 135 votos. Cenário parecido também aconteceu em três das cinco vagas para secretários da CGADB onde uma foi decidia por 301 votos e outras duas por menos de 200 de diferença entre os candidatos. Somando esses números ao fato da eleição dos tesoureiros e de um secretário, é claramente perceptível que a chapa de Samuel Câmara está cada vez mais crescendo e beliscando cargos importantes e estratégicos politicamente.

O futuro da CGADB

Um dos principais problemas que essa análise apresenta é que enquanto a CGADB para Todos parece crescer em competitividade, o cabeça da chapa ao invés de também se aproximar do concorrente viu seu nome mais distante em relação a ele na corrida presidencial. Para Câmara não vai adiantar muito a chapa ter vários pastores seus nas diretorias se o pastor José Wellington ainda estiver presidindo eles.

Já a chapa “Amigos do Presidente” se vê em uma posição totalmente contrária a da oposição, já que embora o nome “José Wellington” remeta imediatamente ao termo “presidente da CGADB”, os nomes nas chapas não possuem essa afinidade e publicidade. A chapa de Samuel Câmara investiu muito e bem na divulgação, já a campanha da chapa de José Wellington focou quase que exclusivamente na publicidade interna priorizando mais o presidente (até o nome da chapa destaca principalmente ele). A publicidade é a principal arma para quem quer ser conhecido e divulgado, mas ela só funciona se for bem usada.

O grande retrato da 41ª AGO na mídia foi o grande assédio recebido pelo popular pastor Marco Feliciano, assim como foi na 39ª AGO com o pastor Silas Malafaia. No breve momento em que esteve presente no evento, Feliciano conseguiu roubar a atenção não só dos apoiadores de Samuel Câmara, quanto dos de José Wellington também, e ainda recebeu uma moção de apoio de forma unânime dos pastores da CGADB. Talvez uma estratégia a ser explorada em 2017 seja esta: assim como Silas Malafaia ajudou muito na penúltima eleição na chapa de Samuel Câmara, pastores midiáticos podem ser o diferencial dos candidatos nas próximas eleições.

A disputa para 2017 está entre os bons contatos políticos da chapa CGADB para Todos e a força do já tradicional nome do pastor José Wellington. Quem quiser ser o próximo a ser chamado pela mídia de “presidente das Assembléia de Deus” vai ter que começar desde já a fazer campanhas, alianças, contatos e estratégias, porque se o cenário de 2013 foi ao menos emocionante, o de 2017 promete ser divisor de águas.

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