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VanDyke e a influência religiosa na sociedade

A notícia de que uma menina de 12 anos, Vanessa VanDyke, está sob ameaça de expulsão da escola Faith Christian Academy, de Orlando, Flórida, EUA, devido seus cabelos serem uma “distração” para os demais alunos – são crespos e volumosos -, serve de gancho para a análise dos aspectos da influência religiosa na sociedade. Embora particular, a Faith Christian Academy recebe verbas publicas e deveria atender à população de forma diferenciada, observando os direitos do cidadão, particularmente pensando em um país que, em tese, preza pela “democracia”, pelos “direitos humanos”, pelo “direito de escolha” ou “opção social”.

Mesmo que baseada em regras internas, a decisão tomada pela escola cristã de Orlando choca-se com questionamentos da validade legal, dos direitos da pessoa. O caso gerou uma série de debates nos EUA sobre a influência da religião, da educação confessional sobre os direitos sociais, do indivíduo enquanto cidadão. A discussão ocorre em um país cujo histórico de oposição aos negros – particularmente por igrejas protestantes históricas que, indevidamente, se envolveram na polêmica racial –, continua sendo um tema delicado, que encontra restrições em alguns setores.

Assim como nos EUA, a Religião ainda exerce forte influência no Brasil, embora a laicidade do Estado, as políticas de igualdade social, tenham seu papel na coibição de possíveis abusos cometidos por indivíduos ou organizações jurídicas. Em recente análise, intitulada “Até que ponto uma religião pode interferir na vida de um adepto” (leia aqui), levantamos alguns aspectos dos limites entre a vida espiritual, religiosa, de um adepto, e sua realidade social, secular. Analisamos que questões associadas à vestimenta, à alimentação, ao entretenimento são temas discutíveis.

O objetivo da análise é: como preservar aspectos doutrinários, estatutários, de uma entidade religiosa ou escolar, sem esbarrar nos direitos garantidos pela Constituição? Evidentemente que, no caso de a escola Faith Christian Academy, há uma orientação interna quanto ao tipo de cabelo e postura que os ingressos devem acatar, mas é legal? Como situar uma educação confessional ou não em uma sociedade diversificada, em que os indivíduos têm suas preferências quanto ao tipo de cabelo que querem adotar? E nos casos de cabelos naturais – como é o caso da jovem VanDyke -, qual deve ser o procedimento? E quanto aos usos e costumes de uma religião? Há mudança?

 

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