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As chatas terminologias evangélicas

Terminologias evangélicas são muito chatas pra mim. Acho que se pensa de forma muito restrita nesse meio e me atrevo a afirmar que já deixei de acreditar em quase tudo dos conceitos convencionais que se apregoam fartamente nos currais eclesiásticos da atualidade.

Temas comuns como “freqüentar a igreja”, “desligar da comunhão”, “estar desviado”, “congregar”, “estar debaixo de cobertura” etc. Confesso que não consigo vê-los como a maioria vê.

Pra começar, muita coisa nisso tudo nem é original, não vem de Deus e tampouco se confirma pela Palavra. Muito disso é resultado do mais puro conceito humano.

O conceito de se freqüentar a igreja, por exemplo, não se encaixa na revelação bíblica do que é de fato “Igreja”.

Não se vai à igreja, se é Igreja, pois ela é o corpo de Cristo e se é um corpo, então é indivisível, inseparável e uns pertencem aos outros.

Como uma mão poderia freqüentar o braço, ou um joelho, freqüentar a perna?

Acho que o maior problema com esse conceito é que ele só confirma uma antiga desconfiança que tenho sobre a igreja do Brasil, de que “muitos vão, mas pouquíssimos são”.

Outro conceito nada a ver é o de desligar alguém da comunhão. Quem pode tirar de você o que Deus fez em você?

Alguém poderia responder: os líderes podem!

Líderes? Eis outro conceito estranho ao Evangelho de Cristo e ao Fundamento dos Apóstolos.

Líderes só podem tirar o que eles mesmos deram. Talvez lhe tirem uma atribuição que tinha dentro de um sistema de culto ou de administração eclesiástica. Ou talvez o direto de participar das decisões, dentro de suas reuniões de cúpula, mas nunca poderão tirar sua identidade em Deus.

Líderes de igreja estão limitados aos seus próprios domínios. São um clero que utilizam os poderes a si mesmos atribuídos por meio de uma instituição na qual são presidentes por força de Estatuto. Podem ser donos de uma denominação cristã, talvez, mas não são donos da Igreja.

Nós “não nascemos da vontade da carne, nem dos homens, mas da vontade de Deus”, portanto, foi Deus quem gerou a mim e a você, crente.

Essa tal liderança, que se fosse de fato cristã, nem aceitaria ser chamada de liderança e sim de servos – ou seja, escravos. Seus poderes são legitimados civilmente por causa dos domínios que atingiram em suas igrejas/instituições. Os tais, de tão babilônicos que se tornaram, como grandes empreendedores, se colocaram sobre o povo como donos de um rebanho que deveria pertencer somente a Cristo, baseados num modelo mundano de pirâmide.

Isso é qualquer coisa, menos Igreja!

Eu até respeito esses homens, da mesma maneira como respeito um sacerdote espiritualista de qualquer outra religião, mas o fato é que sob meu modo de ver, ou seja, ao meu conceito, muitos desses que são denominados pastores, bispos e apóstolos não passam de anticristos.

Admito o quanto é difícil ir de encontro e bater de frente com o que pensa e determina uma liderança “santificada” e revestida com o manto do ungido, mas também sei que na jornada da fé, muitas vezes, somos impelidos a seguir em frente.

“Esquecer das coisas que ficaram pra trás, olhar para as que diante de nós estão e rumar para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação em Cristo”, foi a orientação dada por Paulo.

Tem horas que devemos esquecer o passado, mudar o disco, tocar a vida em frente, reavaliar os conceitos, dar um restart, um reboot, reiniciar a máquina da vida que vivemos, remodelar os pensamentos antigos, olhar com fé e firmeza para um futuro que Deus pode estar querendo nos apresentar e proporcionar, para que nos tornemos uma verdadeira Igreja.

Libertos de falsos modelos humanizados, ou pior, bestificados, revestindo-nos de uma renovação mental que transforme nossas linhas de pensamento e nos torne capazes de ter uma relação saudável com Deus, através de seu Filho e com sua Igreja.

Uma relação de respeito mútuo e de tolerância diante das diferenças, com os braços abertos ao mundo em transformação, adaptando-nos ao moderno, sem nunca perder de vista o Verdadeiro. Resgatando o genuíno Espírito de comunidade e fraternidade que pairava e atuava fortemente sobre a vida da Igreja dos primeiros dias, jogando fora terminologias e conceitos discriminatórios, jargões que têm a aparência de piedade, mas que são ineficazes para a concretização do princípio do amor.

Eu abro mão dessa religião evangélica que perdeu sua essência.

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