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A “Teologia Feliciana” em Perspectiva

“A Política é suja”. Quem dentre nós nunca ouviu esta afirmação? Infelizmente, a realidade tem provado tal conotação verdadeira.  E poucos dentre nós, conseguiriam suportar os verdadeiros nuances do jogo político.

Na política, a democracia se contrai e se distorce num processo que caminha a partir de alianças formadas por interesses (que não os do povo), votos vendidos e trocados, apoio por 1 preço combinado e convicções prostituídas. Políticos tem ainda a capacidade de chamar como ninguém, a verdade de mentira e a guerra de paz. A retórica que possuem é realmente incomparável.

Há pouco tempo nos manifestamos contra a corrupção, mas a corrupção tem se revelado cada vez maior em nosso meio. Poucos conseguem enxergar ou suportar. Outros se negam a ver, pois afinal, há muito dinheiro envolvido na Indústria dita Evangélica.

Houve um tempo em que ser evangélico e político no Brasil era inaceitável. Hoje muita coisa mudou e são “nossos” pastores que usam o lugar da Palavra para nos dizer em quem votar. Não somente isto, mas nos urgem ás passeatas, às demonstrações de força, de poder, de direitos adquiridos, de lutar diante da sociedade, de “mandar chumbo” nos pecadores e outras coisas mais. A agressividade é arma de discurso e do jeito que está, falta pouco para que se torne física. E pensar que a história começou porque queríamos ter o direito de discordar. Hoje, porém, quem discorda de “nós” torna-se “nosso” alvo.

É assustador pensar como Jesus tem sido esquecido no meio desse jogo. Apesar do Seu nome ser muito citado, ninguém parece estar preocupado em seguir Seu exemplo ou Suas palavras. Ele, que viveu numa época de verdadeira perseguição, foi condenado por religiosos. Ainda vivendo sob a dominação política romana, não chamou seus seguidores para passeatas ou conquistas de direitos. Ao contrário, ofereceu a outra face. Não, não era rico, não possuía roupas de marca e nem o “jumento” do ano. Simples, tinha um rosto comum, sem ao menos um lugar para reclinar a cabeça. Aos seus discípulos deu ordens:

“…de graça recebestes, de graça dai. Não possuais ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos, nem alforges para o caminho, nem duas túnicas, nem alparcas, nem bordões; porque digno é o operário do seu alimento”. Mateus 10:8-10

Parece que hoje, quem escolhe viver de acordo com as palavras de Jesus é que é perseguido pela Igreja. Falta graça, falta tolerância (para o pecador não para o pecado), falta amor.

E como disse Paul Freston, sociólogo inglês naturalizado brasileiro, sobre o momento da Igreja Brasileira na política: “O estilo corporativista pentecostal de fazer política vai durar…mas não vai durar para sempre…e fenômenos como Feliciano terão seu lugar ao sol, para a alegria de alguns evangélicos e o desespero de muitos”. (In “Feliciano em Perspectiva, histórica, global, contemporânea e futura”. Revista Ultimato. Edição Setembro-Outubro, 2013. Pág. 54-55)

 

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