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Tem gosto pra tudo…

Tem gosto pra tudo… Tem gente que gosta de Tom Jobim e tem gente que gosta de Restart. Tem gente que gosta de MPB e tem gente que gosta de Funk. Tem gente que gosta de futebol e tem quem gosta de basquete.

Os nossos gostos normalmente são uma mistura daquilo que já vivemos, experimentamos e também do local onde nascemos. Por exemplo, eu torço para o Cruzeiro-MG. Muito provavelmente porque nasci me Minas, se tivesse nascido em São Paulo, talvez torceria para algum time paulista.

Conheci vários árabes na França. Todos eles muçulmanos e nascidos na Arábia Saudita. E eu cristão. Se eu tivesse nascido na Arábia, provavelmente seria muçulmano como eles. Porém quem garante qual é a “melhor” religião?

Nasci no Brasil mas já li algumas partes do Alcorão e já estudei sobre o Islamismo, assim como outras religiões. Posso dizer que sou cristão por uma escolha e não por nascimento.

Quando vim morar em São Paulo não gostava de comida japonesa pois em Minas não estava acostumado a comer. Depois de algum tempo aqui, passei a apreciar todas as culinárias de todo o mundo.

Ouço muita gente dizendo que gosta disso, que não gosta daquilo, que não tem paciência com isto, ou prefere aquilo. Conheço gente que só gosta de comer arroz, feijão e carne. Será que só gostam disto porque é a melhor comida do mundo, ou porque estão acostumados apenas a comer isto?

Tem quem goste de sorvete, mas há uma diferença muito grande entre uma marca premium e uma marca caseira.

Infelizmente, no mundo cristão tem muita gente gostando de coisa ruim porque está acostumada com isto. Nunca experimentaram nada além da mistura que comem todo dia. Na teologia, muitos seminários se fecham apenas a uma linha de pensamento (veja bem, nenhuma linha de pensamento está completamente certa, nem mesmo a minha) e qualquer coisa fora disso para eles é anátema. Muitas igrejas se fecham a um estilo musical (muitas vezes chamado de Louvor e Adoração, extravagante ou não) e pensam ser aquilo a melhor coisa do mundo. Muitos gostam de apenas um estilo de pregação (às vezes na gritaria tentando arrancar um glória a Deus e mostrar que Deus está agindo, quando na verdade é apenas criação de um microclima meramente humano) e pensam que quem não prega naquele estilo não tem “unção”.

O problema dos nossos gostos é que na maioria das vezes eles mudam, aprimoram, crescem. Sempre experimentando mais, crescendo mais… Assim é o cristianismo, quando nos fechamos para o mundo, para a cultura, para a sociedade, para o conhecimento, então muito provavelmente estaremos fadados a comer uma comida ruim (às vezes até comida de porco) pensando estar em um banquete.

Quais são seus gostos? Você já experimentou algo diferente? Já tentou ouvir algo novo? Já abriu a mente para analisar tudo que está a sua volta? Já provou novas comidas?

Não estou dizendo que tudo que está disponível é bom… Na jornada de conhecer nem sempre precisaremos experimentar. Conhecendo, já podemos saber se vale a pena ou não experimentar. Tudo aquilo que trouxer destruição para nós não vale a pena ser experimentado. Podemos saber o que são as drogas justamente para nos manter completamente longe delas. Isso se chama prudência. A ingenuidade não serve para nada. Por isso, até mesmo naquilo que é ruim, devemos ter conhecimento para nos esquivar.

Já visitei 12 países até hoje. Já li centenas de livros. Já experimentei culinárias de dezenas de países. Tudo isso formou o Daniel atual. Posso dizer que o Daniel atual de 28 anos é muito melhor do que o Daniel de 18 anos. Porém, sinceramente, de todo coração, não espero estar na melhor forma. Quero muito mudar de opinião, quero muito conhecer novos gostos e mudar os atuais, quero conhecer mais e ampliar a visão, de maneira que daqui a 10 anos, esteja muito melhor do que hoje, mais experiência, mais gostos, mais cores, mais sabores, mais conhecimento.

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